Covid-19: espera no Centro de Triagem pode chegar a nove horas em Brusque
Número de casos tem crescido significativamente no município nas últimas semanas
Número de casos tem crescido significativamente no município nas últimas semanas
Com os casos de Covid-19 aumentando cada vez mais em Brusque, a estrutura do Centro de Triagem montado no pavilhão de eventos desde março volta a ficar sobrecarregada.
O número de atendimentos no local cresceu muito, sobretudo nas duas últimas semanas.
Com a grande procura pelos médicos do Centro de Triagem, os pacientes têm esperado horas para serem atendidos, gerando ainda mais nervosismo.
Nesta semana, vários pacientes relataram não ter nem lugar para sentar no espaço montado no pavilhão. Muitos tiveram que voltar no outro dia, já que os médicos não conseguiriam atender a toda a demanda.
Foi o que aconteceu com o operador de máquinas Leandro Nunes. Morador do bairro Ponta Russa, ele foi até o Centro de Triagem para levar o filho de três anos que está com alguns sintomas da Covid-19.
Ele conta que chegou ao local na segunda-feira, 16, por volta das 15h30. Ao chegar, ganhou a senha 735. Por volta das 18h10 haviam ainda 120 pessoas na sua frente, mas todos tiveram que voltar no dia seguinte, já que o local funciona até às 19 horas e não haveria tempo de atender a todos.
“No outro dia, eu cheguei 7h30 e saí de lá 11h30 da manhã. Contando os dois dias, fiquei sete horas esperando. O problema é que as pessoas vão chegando, e eles dão a senha e não falam nada. A hora vai passando e as pessoas ficam ali porque acham que vão ser atendidas. Mas aí chega determinada hora e mandam embora. Tinha muita gente que chegou antes do que eu na segunda-feira e não havia sido atendida”, relata.
Nunes conta ainda que na semana passada, a esposa foi até o Centro de Triagem com febre, mas foi atendida rapidamente. Agora, mãe e filho devem voltar nos próximos dias para fazer o teste, já que passaram apenas pela consulta.
“O atendimento do médico não tenho do que reclamar. Foi excelente, mas a espera é muito demorada. Bem complicado”, diz.
A auxiliar de cozinha Rosiane, moradora do bairro Azambuja, também esteve no Centro de Triagem na segunda-feira, 16. Ela chegou ao local às 14h30, mas também não conseguiu ser atendida no dia. “Tinha muita gente mesmo, até sentados lá fora porque não tinha lugar lá dentro”, diz.
Rosiane confirma que por volta das 18 horas foi informado que não seria possível atender a todos que estavam aguardando. “Acho que parou na senha 639. A minha era 703. Se eles sabem que não vai dar tempo, porque continuam fazendo ficha”, questiona.
Ela voltou na terça-feira de manhã e foi atendida por volta das 10h30. “Fui atendida e agora tenho que voltar para fazer o teste”.
Moradora do bairro Santa Terezinha, uma vendedora que prefere não se identificar ficou por quase 10 horas no Centro de Triagem de Brusque na segunda-feira, 16. Ela conta que chegou no local por volta das 9h50. Neste horário, já havia mais de 100 pessoas na sua frente.
“Não tinha lugar para sentar. Fiquei até às 13 horas sentada no chão. Várias pessoas estavam sentadas no chão, até que um senhor trouxe um banco”.
Por volta das 15h30, ela foi chamada para fazer o cadastro e só foi atendida por um médico às 18 horas. “A consulta foi rápida, 10 minutos. Mas depois tem que pegar mais fila para os remédios e para conseguir marcar o exame. Saí de lá às 19 horas”.
Já a auxiliar de sala Carolina Dorssi aguardou atendimento por cerca de oito horas. Ela esteve no Centro de Triagem na terça-feira, 17. “Cheguei lápor volta das 7h30 da manhã. Ganhei a senha 815. Me sentei pra esperar e as horas foram passando. Fui chamada para fazer o cadastro às 14 horas. Fiz o cadastro e aguardei mais um pouco. Fui atendida pelo médico já era quase 15h30”.
Ela destaca que cinco médicos estavam atendendo no local, mas a demora “é absurda”.
O secretário de Saúde, Humberto Fornari, afirma que o segundo surto de Covid-19 deve continuar por mais seis semanas.
“Terça-feira tivemos um número máximo de atendimentos que foi de 1,6 mil pacientes numa semana. O número de pacientes que estão aguardando o resultado já ultrapassa 700 pessoas. Nem por isso, o número de pacientes que necessita de internação hospitalar está se mostrando igual ou próximo daquilo que a gente teve em julho e agosto”.
Sobre as filas e a demora no Centro de Triagem, o secretário informou que a Secretaria de Saúde trabalha em um estudo para averiguar a possibilidade de transformar algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS) em Unidades de Referência na cidade para a Covid-19.
“Na próxima semana, acreditamos que teremos algumas unidades especificamente distribuídas pela cidade para atendimento exclusivo da Covid. Exatamente para que não haja cruzamento entre pacientes sintomáticos respiratórios, com outros pacientes crônicos e idosos. Justamente o que procuramos evitar desde o início da pandemia”.