Covid-19: Mesmo em atividade, setor de transporte de cargas acumula queda de 38%

Empresários relatam redução do volume de entregas e atraso em pagamentos

Covid-19: Mesmo em atividade, setor de transporte de cargas acumula queda de 38%

Empresários relatam redução do volume de entregas e atraso em pagamentos

Apesar de permanecer funcionando como atividade essencial durante a pandemia da Covid-19, o setor de transporte de cargas teve uma redução média de volume de 38% a nível nacional, segundo empresários do setor.

O percentual varia em cada segmento. Para as cargas fracionadas, a retração é maior nas demandas de shoppings centers (-66%), pessoas físicas (-57%), e lojas de rua (-36%). Para cargas completas, a redução é liderada pelo comércio em geral (-58%), indústria automotiva (-56%), e indústria química e agroquímica (-54%).

Os menores percentuais são de mercados, supermercados, e embalagens que ainda assim registraram diminuição acima de 10%.

Os dados foram compilados pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) com com informações de cerca de 600 empresários do setor e avalia apenas as duas primeiras semanas de paralisação. A expectativa é de que os dados piorem na análise das semanas seguintes, já que a retração foi aprofundada.

Para o assessor técnico da NTC, Lauro Valdívia, o percentual de encolhimento não mostra o real prejuízo sobre o setor. Isso porque os custos não caem em igual proporção ao volume: muitos caminhões rodam com carga reduzida, mas mantém desgaste de pneus, consumo de combustível, mão de obra etc.

“O veículo tende a rodar menos, mas nem sempre é proporcional porque o caminhão vai ter que ir de qualquer forma. Por exemplo, antes ia com dez toneladas, agora vai com seis, cinco. Vai ter que ir do mesmo jeito”, exemplificou.

Segundo o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística de SC (Fetrancesc), Ari Rabaiolli, o cenário é ainda pior na questão do faturamento. Muitas empresas, diz ele, fizeram entregas antes da quarentena e não receberam pagamento devido à crise do comércio. A queda de receita pode chegar a 50%.

“É muito pior do que a greve dos caminhoneiros porque vamos ficar mais tempo parados”, diz.

Para piorar, existe um descompasso com outras unidades da Federação. “Santa Catarina foi um dos primeiros estados que fechou o comércio. Por conta disso nós estamos sofrendo muito. Estamos com os terminais lotados e não tem como entregar. […] São Paulo fechou o comércio uma semana depois. Se Santa Catarina voltar, São Paulo ainda poderá estar fechada”, acrescentou. Sem o mercado paulista, o principal do país, a economia dos outros estados também esfria.

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