Covid-19: secretário de Saúde explica por que paciente de Brusque foi transferida para Timbó
Humberto Fornari falou sobre o plano de contingência formulado pelo estado que determinou os hospitais de referência em cada região
Durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira, 12, o secretário de Saúde de Brusque, Humberto Fornari, explicou por que a paciente moradora do bairro Santa Terezinha infectada com o novo coronavírus foi transferida para UTI do Hospital Oase, de Timbó.
Segundo o secretário, esse foi o hospital definido pelo governo do estado como a referência para o tratamento da Covid-19 na região da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi).
Como Brusque não tem leitos de UTI exclusivos para o tratamento do novo coronavírus credenciados pelo governo do estado, o Hospital Azambuja continua atendendo normalmente pacientes graves de outras doenças.
No sábado, quando a paciente precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva devido ao agravamento da doença, todos os nove leitos disponíveis no Hospital Azambuja já estavam ocupados por outros pacientes, por isso, a solução foi encaminhá-la ao hospital de referência para o tratamento da Covid-19 na região.
“O Hospital Azambuja tem nove leitos de UTI. Todos servem para atender a Covid-19, mas não exclusivamente a Covid-19. No sábado, a UTI estava lotada inclusive com pacientes de outros municípios”.
O secretário explica que por não ter leitos credenciados destinados exclusivamente para a Covid-19, a transferência é necessária. “Esses leitos não podem ficar vagos esperando pacientes só da Covid-19. A diferença é simples. Os leitos servem para covid, mas também servem para traumatismos, infarto, outras doenças”.
De acordo com o secretário, os hospitais da região que estão credenciados com leitos de UTI exclusivos para coronavírus são os hospitais Santa Isabel e Santo Antônio, de Blumenau, o Oase, de Timbó e o Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Gaspar.
O nível de ocupação dos leitos da região com pacientes infectados com coronavírus é de 18%. Outros 66% estão ocupados com pacientes de outras doenças. “Temos 68 leitos de UTI adulto na nossa região e sete de UTI pediátricos exclusivos para Covid-19”.
Fornari lembra que o primeiro atendimento aos pacientes de Brusque infectados com a Covid-19 será sempre feito no Hospital Azambuja. De acordo com ele, o hospital tem 71 leitos clínicos exclusivos para Covid-19, sendo 10 desses, leitos pediátricos. “A nossa intenção é que o paciente de Brusque seja tratado em Brusque. A internação em enfermaria vai ser feita no Azambuja, apenas a internação em UTI que vai depender da disponibilidade dos leitos”.
Falta de diálogo
O secretário lembra que a negociação de leitos de UTI exclusivos para o coronavírus na cidade iniciou ainda em março. Segundo ele, o Secretaria de Estado da Saúde dividiu o estado em macrorregiões e determinou que cada macrorregião teria um hospital de referência. Para a macrorregião de Brusque ficou definido que a referência é Timbó.
“Nos chegou agora recentemente que o critério para a escolha do Hospital Oase é que eles se disponibilizaram a fechar o hospital e deixar exclusivo para coronavírus. Não poderíamos fazer isso em Brusque porque o Azambuja precisa funcionar com outros atendimentos”.
De acordo com Fornari, o Hospital Azambuja informou ao governo que gostaria de ter leitos exclusivos para a Covid-19, mas o governo precisaria montar toda a estrutura, desde cama até respiradores.
Na visão do secretário, foi por este motivo que Brusque não foi contemplada, pois o estado deu preferência aos hospitais que já tinham uma estrutura para serem credenciados.
Fornari afirma que o único auxílio que o município recebeu do governo do estado até o momento foram as 29 caixas com os testes rápidos para diagnóstico da doença.
“Consideramos que o estado foi autoritário, sem abrir para discussão com as macrorregiões”.
Doação de equipamentos
Nesta semana, a secretaria de Saúde de Brusque teve conhecimento do ofício 340/2020 emitido pelo governo estadual solicitando aos municípios que têm respiradores, monitores cardíacos e outros equipamentos disponíveis, que façam o empréstimo para o estado, assim como de profissionais da saúde habilitados.
“Com esse ofício, entendemos que os leitos não virão para Brusque tão cedo devido a essa falta de equipamentos”.