Covid persistente: entenda quadro de sintomas prolongado que atinge pacientes

Neurologista destaca que pesquisas apontam para complicações prolongadas da doença no organismo

Covid persistente: entenda quadro de sintomas prolongado que atinge pacientes

Neurologista destaca que pesquisas apontam para complicações prolongadas da doença no organismo

A doença causada pelo novo coronavírus ainda é muito recente, e estudos vêm avançando aos poucos para entender melhor todos os efeitos causados pela Covid-19. Novas pesquisas apontam para sintomas prolongados da doença, no que está sendo chamado preliminarmente de “Covid persistente”.

O neurologista José Sion Cantos, que atua em Brusque, explica que esse quadro acontece dias, semanas ou até meses depois que o paciente apresente sintomas iniciais da doença.

O que mostram as pesquisas

Em pesquisas realizadas até agora, como da fisioterapeuta Livia Pimenta Bonifácio da  Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, na maioria dos casos, esse panorama de Covid persistente acomete pacientes que evoluíram para casos moderados ou graves da doença, mas mesmo pessoas que sentiram sintomas leves carregaram problemas por um período maior.

Já estudo publicado no Jornal da Associação Médica Americana (Jama), calcula que 10% das pessoas que foram infectadas pelo novo coronavírus desenvolveram sintomas persistentes da doença. Outra pesquisa, do Hospital St. James de Dublin, da Irlanda, aponta que metade dos pacientes recuperados da Covid-19 continuaram com problemas de fadiga ou cansaço.

Segundo Cantos, o estudo do hospital irlandês chama a atenção para uma recaída de sintomas ansiosos e depressivos nas pessoas que já tinham histórico desses transtornos antes de ter Covid-19.

Trabalho mais detalhado desenvolvido epidemiologista de Nova York, Sandra López-Leon, analisou 15 outros estudos já publicados de Covid persistente e listou quais são as queixas mais frequentes de pacientes que desenvolveram o quadro.

Orientação é buscar unidades de saúde

O médico incentiva pacientes que desenvolverem o quadro a procurem atendimento médico.

“Este tipo de queixa de pacientes tem aumentado significativamente nos postos de saúde e nos consultórios particulares. O quadro clínico em geral é muito parecido com outra entidade bem conhecida pelos médicos, a Síndrome da Fadiga Crônica, que já tinha sido associado a doenças virais prévias (do Epstein-Barr, herpes, enterovírus, retrovírus)”, afirma.

Ele acrescenta que há uma associação muito frequente entre Síndrome de Fadiga Crônica e sintomas depressivos, e que quase 80% dos pacientes acaba tendo depressão. Por isso, é essencial consultar um médico para o diagnóstico.

“Ainda desconhecemos se a frequência de depressão na Covid Persistente seja tão alta. No trabalho antes relatado é de 12%, mas na nossa pequena experiência pessoal parece ser um pouco mais alta”.

O neurologista alerta que as unidades de saúde podem ser sobrecarregadas com esses pacientes, mas também destaca que os médicos estejam atentos para não fornecerem diagnósticos precipitados.

Em Brusque, o hospital Dom Joaquim iniciou um projeto para abrir um Centro de Tratamento para Recuperados da Covid, mas questões burocráticas e financeiras travaram o avanço da ideia.


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