CPI das Oficinas retoma depoimentos
Comissão passa agora a analisar suspeitas de fraude em contratos com a mecânica MG
Comissão passa agora a analisar suspeitas de fraude em contratos com a mecânica MG
Os depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga fraudes em contratos de oficinas mecânicas com a Prefeitura de Brusque foram retomados ontem, quando duas testemunhas foram convocadas a depor. A CPI iniciou uma nova fase, na qual o foco das investigações se concentra nos contratos que envolvem a Auto Mecânica MG. Até o momento, os vereadores se dedicaram a apurar os contratos do município com a NIT Clínica Automotiva.
O primeiro a ser ouvido foi o funcionário público Adalberto Zen, diretor da Guarda de Trânsito de Brusque (GTB). Ele foi questionado pelos vereadores em razão de que era um dos responsáveis pelo relacionamento com a MG, que era a empresa licitada para prestação de serviços que envolvem os veículos da GTB.
Zen negou participação em qualquer ato irregular ou de improbidade administrativa. Ele disse que, quando uma viatura da GTB tinha problemas, ele entrava em contato com a MG, por meio de Karize e Zacarias, mas jamais com o então proprietário da empresa, João Correa Rossato, que era também tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT).
Ele também informou aos vereadores que assinava as requisições de serviço, mas que não tinha acesso aos orçamentos, os quais ficavam a cargo de outra funcionária da Secretaria de Trânsito e Mobilidade.
O diretor também repetiu testemunho já dado por outros agentes públicos: não era realizada fiscalização in loco dos serviços prestados pelas oficinas, nem se as peças trocadas eram originais e estavam em boas condições.
“O que era orientado é que eles [oficinas] tinham que entregar a viatura em boas condições e funcionando perfeitamente, apenas”, explica Adalberto Zen.
Ele também comentou o episódio em que a compra de um pneu, por R$ 60, fora dos padrões estipulados legalmente, lhe rendeu um processo por improbidade administrativa, que tramita no Fórum de Brusque. Zen diz que o fato se deu de forma isolada aos que são investigados pela CPI e pelo Ministério Público.
“Foi uma aquisição de pneu usado para sanar uma falta, foi para beneficiar o município, não houve má fé. Uma viatura da GTB andar com pneu careca é inadmissível. Não acho que foi ilícito”, considera Zen.
Ele também disse que se sente injustiçado em ter sido envolvido nessa investigação. “Isso foi um teste, mas não me abalou, confio no meu trabalho, e mais cedo ou mais tarde vai ser apurado quem realmente teve culpa”, concluiu.
O presidente da comissão, vereador Alessandro Simas (PR), defendeu o depoente, em relação ao caso da compra do pneu. “Aos olhos de alguns, que ficam sentados numa cadeira e fechados numa sala, pode parecer errado. Mas muitas vezes se opta pelo bem do coletivo e se assume riscos”, disse Simas, “tenho certeza que nunca fizeste qualquer ato ilícito ou tiraste algum tipo de vantagem”, concluiu, dirigindo-se a Zen.
Testemunha explica fornecimento de peças
Eduardo Brogni, administrador da Zeno Auto Peças, foi o segundo a ser ouvido na tarde de ontem. Ele foi chamado por ser um dos fornecedores de peças à empresa MG. Na investigação do Ministério Público, há suspeita de que orçamentos de serviços e também de peças tenham sido fraudados. Ele informou aos vereadores que não tinha contato direto com a prefeitura, mas que fornecia peças aos veículos do município indiretamente, por meio da MG, a qual lhe solicitava orçamentos e produtos.
Brogni disse que só tinha a confirmação de que as peças solicitadas pela MG eram destinadas a veículos da prefeitura quando lhe era solicitado orçamento físico, ou seja, no papel, já que a maior parte dos contatos era feita apenas por telefone ou e-mail.
O vereador Ivan Martins (PSD), relator da comissão, questionou Brogni se alguma vez lhe foi solicitado que fizesse um orçamento com preço diferente do usualmente praticado, o que ele negou. Segundo o depoente, a MG não buscava consulta de preços só com sua empresa, mas também com outras.
Ele também informou que nem todas as peças fornecidas eram originais, por estarem em falta no mercado, mas que, na ausência dessas, eram fornecidas “similares de alta qualidade”.
A próxima reunião da comissão está marcada para o dia 27 deste mês, a partir das 14h. Nessa data serão ouvidos Gilmar Cardoso e Lima e Karize Rossato, ambos funcionários da Auto Mecânica MG.
Os vereadores também aprovaram requerimento para que seja cobrado da prefeitura o envio de parecer da auditoria feita nos contratos com oficinas mecânicas, a pedido do Ministério Público. Inicialmente, a informação recebida do Executivo é de que este parecer foi finalizado no dia 28 de abril. No entanto, até o momento, nada chegou ao Legislativo.