Cresce procura de consultas oftalmológicas para crianças em Brusque

Especialista afirma que pais devem evitar contato de crianças com celulares e tablets antes dos dois anos

Cresce procura de consultas oftalmológicas para crianças em Brusque

Especialista afirma que pais devem evitar contato de crianças com celulares e tablets antes dos dois anos

Mais de 740 crianças e adolescentes tiveram uma consulta agendada com o oftalmologista em Brusque no decorrer de 2022. Os números do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg) contabilizam os pacientes agendados até novembro.

O número já é superior a 2021 e 2020, quando foram registradas 656 e 687 consultas, respectivamente. O oftalmologista do Hospital de Olhos de Brusque, Andre Przysiezny, comenta que é cada vez mais frequente a presença de crianças no consultório após os professores identificarem certa dificuldade do estudante em enxergar durante as aulas.

“Nem sempre a criança terá algum problema, mas existe uma quantidade razoável de crianças que são indicadas para avaliação pelos professores, chegam até nós e se observa alguma alteração, seja de grau ou desvio no olho. Nesse sentido os professores e as direções são fundamentais”, explica.

Ele comenta que pediatras, psicólogos, neurologistas e fonoaudiólogos também orientam a avaliação com o oftalmologista para descartar a possibilidade de dificuldade escolar relacionada à visão.

“É um fator importante, pois existem muitas crianças que são caracterizadas como atrasadas, com dificuldade, entre outros termos e quando vamos ver é por uma questão de miopia que não consegue enxergar no quadro e entender direito. Às vezes a criança é muito esperta, mas tem essa dificuldade e sempre enxergou desse jeito, então não sabe reclamar”, pontua o profissional.

Problemas de visão

O oftalmologista afirma que hoje em dia as crianças têm muitos problemas de visão como, por exemplo, ter um grau diferente de um olho para o outro, sendo que em um lado é registrado três graus de hipermetropia e no outro apenas um grau.

“Essa diferença pode fazer com que a parte correspondente a visão no cérebro não se desenvolva no olho que tem três graus tão bem quanto no olho que tem um grau; além da questão de grau a criança pode ter grau mais alto nos dois olhos, algumas precisam receber a estimulação visual precoce, ou tem fator de risco para doenças que os pais já tem”, pontua.

Ele também cita o caso da filha do jornalista e apresentador Tiago Leifert, que descobriu uma lesão no olho logo cedo e conseguiu realizar o tratamento. Além disso, há casos de crianças que desviam o olho e não fica evidente para os pais. De acordo com o profissional, o ideal é iniciar o tratamento cedo para quando a criança chegar aos 7 ou 8 anos, idade em que ela alcança a maturidade na visão, ela tenha a visão parelha e sem dificuldades.

“Independentemente do uso de tablets e celulares, nós já indicamos a avaliação precoce por conta dessas outras situações”.

Impacto dos eletrônicos

O oftalmologista é categórico ao afirmar que antes dos 2 anos não é recomendado que crianças usem equipamentos eletrônicos com tela, seja celulares, tablets, televisão, entre outros.

De 2 a 6 anos, a recomendação é de no máximo uma hora por dia de tempo de tela, de 7 a 11 anos até duas horas por dia e de 12 a 18 anos o indicado é três horas por dia.

“Lembrando que tempo de tela inclui tudo e eu costumo orientar no consultório para os pais não fornecerem como rotina diária abaixo dos 7 anos o celular e o tablet.

O profissional explica que crianças que assistem televisão ou jogam videogame, por exemplo, e mantêm uma certa distância, costumam ter menos efeito de miopização, ou seja, do olho desenvolver o grau de miopia, do que aquelas que usam celular ou tablet, que são equipamentos de proximidade.

“É muito mais comum em cidades com parte urbana em comparação com área rural ter crianças usando óculos com a necessidade de correção de grau de miopia, pois isso está intimamente relacionado com esses aparelhos”.

Recomendações do especialista

Andre comenta que as doenças oculares mais frequentes nas crianças são as questões de grau, como miopia, hipermetropia, astigmatismo e estrabismo. Na primeira idade também é frequente o lacrimejamento, muitas vezes por alterações na drenagem da lágrima.

“É importantíssimo entender que desvio de olho e grau de óculos devem ser avaliados, pois se a criança tiver alguma alteração ela precisa de um tratamento com óculos ou tampão, se for o caso, para tentar desenvolver a visão, pois até próximo dos 7 e 8 anos é quando a gente tem a maturidade mais importante da visão”, diz.

O oftalmologista explica que antes de sair da maternidade a criança deve passar pelo teste de reflexo e ter o reflexo vermelho bem detectado. “Caso ela não apresente esse reflexo vermelho deve ser imediatamente encaminhada para avaliação com o oftalmologista”, comenta.

As avaliações também são recomendadas aos seis meses, mas as crianças que já tem um ano e nunca foram ao oftalmologista também devem fazer uma visita. De acordo com o profissional, geralmente as consultas subsequentes dependem da idade em que a criança foi na primeira e se foi detectada alguma alteração na visão.

Andre explica que a criança que detecta a miopia cedo tem chances maiores de estabilizar o grau ou pelo menos diminuir a velocidade de progressão.

O profissional também afirma que mesmo que não seja detectado nada nos primeiros exames de visão, no decorrer da vida o paciente deve retornar ao consultório para averiguar se houve alguma alteração ou não. “Pai e mãe que usam óculos é um fator de risco, mas não condiciona a necessidade. Então achar que uma criança, cujos pais não usam óculos, não vai precisar usar também é falso”.

Por fim, Andre recomenda que os pais façam o monitoramento da visão dos filhos, acompanhem o dia a dia para identificar se eles apresentam algum problema e encaminhe a criança para avaliação com o oftalmologista.

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