Crescimento com qualidade na produção
RVB Malhas, comandada por Euclides Benvenutti, começou pequena e ganhou clientes em todo o país
Fundada em 1991, a RVB Malhas é uma indústria têxtil especializada em malharia circular, a qual conta com dois parques fabris que, juntos, somam mais de 30 mil metros quadrados de área construída.
Atua hoje nos principais mercados brasileiros, com 32 escritórios de representação, além de atender a América do Sul e a América Central.
Mas na década de 1990, o presidente e fundador da empresa, Euclides Germano Benvenuti, hoje com 79 anos, jamais imaginaria que a RVB chegasse ao tamanho atual.
“A perspectiva na época era ter 12 ou 15 máquinas, hoje a gente está com 82. Tínhamos na época seis funcionários, hoje temos 446 funcionários. A gente está vendo que a evolução foi grande, em torno de muito trabalho”, afirma o empresário.
Durante toda a vida, desde os 27 anos, ele dirigiu uma transportadora, negócio do qual se desfez para financiar a abertura da RVB.
À época, um galpão estava sendo construído para ser uma oficina para os caminhões da transportadora. Euclides, porém, em conversa com amigos, passou a alimentar um novo sonho: empreender na indústria têxtil.
Veio, então, o primeiro tear, que foi instalado no galpão que receberia a oficina dos caminhões. Aos poucos, o empresário passou a aprender melhor o ofício, o qual começou com serviços terceirizados – somente em 2010, por exemplo, que a RVB passou a ter tinturaria própria.
O empresário passou então a vender os caminhões para investir no novo negócio, gradativamente: para cada veículo vendido, uma máquina nova era comprada.
Porém, veio o governo Fernando Collor e a instabilidade por ele trazida quase inviabilizou os negócios de seu Euclides.
“A gente começou e aí os juros foram tão altos, chegaram a 80% ao mês, que tive que cancelar a compra de uma máquina, mas colocamos para funcionar”, explica.
Logo, ele percebeu que precisaria aumentar a produção, comprou mais duas máquinas e a empresa passou a funcionar 24 horas.
Parceria com fornecedores e ética nas relações
À época da fundação da empresa, com a crise econômica do início dos anos 90 se aprofundando, Euclides pensou em devolver produtos a fornecedores, por impossibilidade de pagamento, mas eles não aceitaram, e fizeram propostas para que os pagamentos fossem feitos de forma parcelada.
“A gente foi meio que aos trancos e barrancos. É trabalho, trabalho e trabalho, sempre respeitando o lado do outro, com muito respeito com os nossos parceiros e concorrentes”.
Para a empresa, a ética no trato com os fornecedores foi fundamental para o crescimento, uma vez que, como a RVB começou pequena, precisou de parceiros de qualidade para chegar onde chegou.
“Esse crescimento dependeu muito das empresas parceiras, que nos ajudaram a estar no mercado”, afirma Vitor Cesar Benevenuti, filho de Euclides, que atua como diretor de produção e tecnologia da informação da empresa.
Segundo ele, uma das grandes marcas da RVB para manter sua clientela fiel é entregar rigorosamente o que promete.
“A gente vê muito disso hoje no mercado, as pessoas prometendo algo e tentando tirar vantagem da situação. Temos a questão da ética muito forte na nossa empresa, cumprir aquilo que é prometido”.
Isso motiva a empresa a buscar, portanto, também fornecedores que são fiéis a tudo que prometem, caso contrário, a cadeia produtiva da qual a RVB faz parte não irá funcionar.
Na empresa, além de Vitor, trabalham também os outros dois filhos de Euclides: Renato, que é vice-presidente; e Ana Júlia, diretora de estilo e marketing.
Produção sustentável e enfrentamento da crise
A RVB Malhas conta hoje com dois parques fabris em Brusque, e não tem planos de expansão a curto prazo. Para os administradores, há muita instabilidade política e econômica e o objetivo, por ora, é manter tudo funcionamento corretamente.
Sua infraestrutura e tecnologia atendem hoje às maiores e mais importantes marcas do ramo têxtil, com capacidade produtiva de até 700 toneladas de malhas por mês.
No atual momento, a avaliação deles é de que as coisas começam a melhorar na economia, entretanto, ainda não é hora de colocar o pé no acelerador.
“Na crise, tem que trabalhar o dobro para empatar e manter, não ganhar dinheiro”, diz Euclides. “A gente hoje tem uma esperança, parece que está clareando um pouco mais, acendendo uma luz no fim do túnel”.
Para o empresário, não se deve esperar nada do governo, em relação a auxílio para que as empresas cresçam.
“Os empresários têm que se mexer, não adianta esperar nada do governo, de lá não vem nada que ajude”, opina.
“Não pensamos em crescer em outras unidades. Se tornar muito grande acaba ficando muito difícil de lidar, nesta situação de instabilidade financeira”, afirma Vitor.
Fidelização de clientes exige criatividade
Manter a produção e a base de clientes que a RVB tem exige criatividade e flexibilidade para atender as necessidades do mercado, e suas diversas situações.
Há casos, por exemplo, em que o cliente da empresa aparece desesperado em busca de uma matéria-prima vital para que ele feche um grande negócio. A missão da RVB, neste caso, é criar o produto para o cliente no tempo em que ele precisa.
“Aí a gente consegue criar laços comerciais. Têm muitos clientes que são fiéis a nós, mesmo tendo às vezes uma situação de preço melhor em outro lugar”, explica Vitor. “Porque tem essa fidelidade, esse compromisso de atender o cliente dentro daquilo que ele precisa”.
O foco da empresa é, portanto, compreender as necessidades dos clientes, o que permite produzir artigos que se ajustam aos variados perfis, além da possibilidade de desenvolver artigos exclusivos, feitos sob demanda.
A empresa fundada por Euclides Benvenuti também ressalta sua preocupação ambiental. Por se tratar de uma indústria que utiliza matérias-primas naturais e sintéticas, e as transforma em produtos para outras indústrias, a RVB sabe que é preciso ter responsabilidade.
Segundo seus administradores, a empresa segue todas as rigorosas normas de produção, assim como realiza corretamente o tratamento de efluentes e a destinação de resíduos.
“A gente sabe que tem que fazer bom uso e respeitar a natureza”, diz Vitor.