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Criação de abelhas sem ferrão tem se popularizado na região nos últimos anos

É possível criar insetos dessas espécies no quintal de casa e até mesmo em apartamento

No quintal de uma casa no bairro Souza Cruz são criadas cerca de 30 espécies de abelhas. À primeira vista, pode-se imaginar que o local é perigoso e que não é possível chegar perto sem todos os equipamentos de proteção comuns para o manuseio de uma criação do inseto.

Entretanto, não é o que acontece na casa do confeccionista Luciano Beppler, 45 anos. A sua criação é das espécies de abelhas sem ferrão, que diferente das africanas – aquelas mais conhecidas – não atacam.

O ferrão dessas abelhas foi atrofiado ao longo da evolução das espécies desse grupo, por isso, não oferece risco à população, permitindo que esses insetos possam ser criados em áreas próximas de pessoas e animais, inclusive em ambientes urbanos.

Em sua criação, Luciano conta com mais de 300 caixas | Foto: Bárbara Sales

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Luciano cria abelhas sem ferrão há 22 anos. Ele conta que sua mãe morava no interior de Nova Trento e sempre falava deste tipo de abelha. Ele se interessou pelo assunto e resolveu ir a fundo no tema. “Tinha pouca pesquisa sobre o assunto, então eu fui no interior perguntando sobre. Eu tinha um cepo em caixa e comprei o primeiro enxame de Jataí e Mandaçaia. Hoje é um vício”, diz.

Nesses 22 anos de criação, ele conseguiu reunir em torno de 30 espécies que são distribuídas em 300 caixas, onde cada espécie forma a sua colmeia e o enxame.

Manuseio dos enxames não necessita de roupas de proteção | Bárbara Sales

Luciano explica que cada espécie pode reunir um grande número de abelhas dentro da caixa. “A Mandaçaia, por exemplo, pode ter de 800 a mil indivíduos dentro de uma caixa. A Jataí de duas a três mil”.

Todas as abelhas sem ferrão produzem mel, que apresenta tipos diferentes de acordo com cada espécie produtora, o que amplia o leque de opções para o mercado e agrega valor ao alimento. Luciano diz que, geralmente, o mel dessas abelhas é mais líquido, suave e não tão adocicado como o das abelhas comuns. A produção também é bem menor, o que aliada à qualidade do produto, torna o preço bem mais alto.

Embora tenha um grande número de abelhas em sua criação, o foco de Luciano não é na produção de mel, mas sim, na produção de enxames. “Meu objetivo nunca foi tirar mel. Hoje eu vendo enxames e dou orientações de como criar as abelhas”.

Ele destaca que a criação de abelhas sem ferrão está crescendo na região, principalmente devido a facilidade. É possível criar abelhas até mesmo em andares não tão altos em apartamentos. “O pessoal que trabalha com isso gosta muito da natureza. A gente quer ver a abelha trabalhar, esse é o meu prazer”.

Além das árvores e plantas que possui no seu terreno, Luciano também arborizou a rua onde mora para que as abelhas tenham opção e consigam alimento facilmente. “A abelha vai num raio de 2 quilômetros buscar o alimento, então plantei algumas flores e árvores aqui por perto para auxiliá-las”, diz.

O tamanho das abelhas sem ferrão varia bastante. Algumas são grandes como as africanas, outras, minúsculas, quase imperceptíveis, e que podem ser confundidas facilmente com um mosquitinho. “Muitas pessoas acabam matando, porque não sabem que existem outras espécies de abelhas além da africana comum”.

Aposta na meliponicultura
Quem também aposta na meliponicultura, que é a criação de abelhas sem ferrão, é o casal Claudinei Fernandes Venâncio, 36 anos, e Jaqueline Matias, 27 anos. Em sua propriedade na localidade da Alsácia, em Guabiruba, eles têm cerca de 200 caixinhas com 25 espécies diferentes.

Jaqueline e Claudinei vivem da criação de abelhas sem ferrão | Foto: Bárbara Sales

O negócio começou há três anos. Claudinei sempre se interessou por abelhas e iniciou com a criação das africanas. Com o passar do tempo ficou sabendo das espécies sem ferrão e decidiu investir. “Trouxe uma isca e comecei a pegar. Essas abelhas você consegue pegar até dentro da cidade. Deixa um litro de refrigerante escuro, coloca feromônio da abelha e deixa que logo consegue pegar”, explica.

Claudinei conta que a ideia inicial não era tornar a criação de abelhas uma profissão. Entretanto, foi tomando gosto pela atividade e decidiu investir. Hoje, a renda do casal vem toda do JC Meliponário.

Além da venda dos enxames, a empresa de Claudinei também comercializa o mel das abelhas sem ferrão. “O mel é muito diferente, tem propriedades medicinais muito superiores ao mel da abelha africana, por exemplo”.

Algumas espécies são tão pequenas que podem ser confundidas facilmente com mosquitinhos | Foto: Bárbara Sales

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Para ter mel, o meliponicultor explica que é necessário em torno de 100 caixas. “A produção de mel é bem menor, por isso, pretendo deixar algumas caixas separadas só para isso, a ideia é colher em torno de 50 quilos por ano”.

Segundo ele, Santa Catarina possui 23 espécies diferentes de abelhas sem ferrão e que a atividade tem se popularizado a cada ano. “De uns cinco anos para cá a meliponicultura tem ganhado mais força, principalmente porque é possível criar em qualquer lugar”.

Curiosidades
Após a entrevista com Luciano, a reportagem teve a oportunidade de conhecer várias espécies, inclusive, provando o mel produzido por cada uma, de canudinho, direto da colmeia. Em nenhum momento as abelhas fizeram menção a um ataque. A entrevista também aconteceu em meio à criação, com as abelhas sobrevoando o espaço, sem nenhum problema.