Criança pode ter dedo amputado após acidente em creche de Brusque
Acidente aconteceu na segunda-feira e família acusa CEI Hilda Anna Eccel II de negligência
Uma criança sofreu uma fratura exposta após prender o dedo em porta da creche que frequentava. O acidente aconteceu na tarde de segunda-feira, 26, no Centro de Educação Infantil (CEI) Hilda Anna Eccel II, no Jardim Maluche.
O menino de 1 ano e 3 meses estava em fase de adaptação no CEI e ia à creche há duas semanas. Ele ainda não retornou às atividades, e os pais estão inseguros sobre levá-lo de volta à mesma escola.
Luis Isvaldo Altino de França Júnior teve alta do Hospital Azambuja nesta quarta-feira, 28, pela manhã. De acordo com a mãe, Danielle de Souza Campos, o médico responsável pelo menino “não receitou remédios, só mandou a enfermeira dar alta, não nos deu nem o atestado”. Os pais da criança marcaram uma consulta com um médico particular para saber o estado do ferimento.
Os pais contam que receberam ligações da escola por volta das 16h da última segunda-feira. Segundo eles, a diretora informou que o menino tinha “prendido o dedo numa porta e estava chorando muito”. Como o pai Luis Isvaldo Altino de França estava trabalhando, a mãe Danielle e seu irmão Rafael foram até a escola para saber mais sobre o acidente sofrido pela criança.
Danielle afirma que estava muito calma na conversa com a diretora. Ela conta que encontrou o filho no colo da professora, com a cabeça num cobertor e um pano enrolado no dedo, com muito sangue. “Aí ela desenrolou o pano e eu vi o dedo do meu filho pendurado.”
“A professora disse que ele chegou a dormir depois de se machucar, então eu acho que aconteceu por volta das 15h, 15h30. Chamamos os bombeiros e eles chegaram em 15 minutos. Eles disseram que ele não dormiu, mas desmaiou de tanta dor que estava sentindo”, diz a mãe.
“A escola não sabe precisar quando aconteceu o acidente. A diretora só quer se explicar. Tudo bem, acidentes acontecem. Eu só não sei como eles tiveram coragem de não chamar socorro para o meu filho”, diz o pai da criança.
Ele avalia que a escola se ausentou da responsabilidade sobre o atendimento: “Disseram que não são responsáveis dessa forma, que o dever deles é apenas comunicar os pais, que vão ou não autorizar que seja acionada a emergência”.
Segundo os pais, os médicos que realizaram o atendimento alertaram para a importância do socorro o mais rápido possível. “Eles disseram que, se tivessem chamado os bombeiros, o Samu e levado para o hospital na hora do acidente, teria sido possível salvar o dedo dele. O médico nos disse que já estava quase necrosando. Como não houve atendimento imediato, precisamos esperar até ontem [terça-feira] de manhã para fazer a cirurgia. Agora, tem 50% de chance de recuperação, e 50% de chance de precisar amputar.”
Desde que saiu do hospital, Luis Isvaldo Júnior parece estar bem, não teve febre e não parece sentir dor. Os médicos passaram um gel anestésico no braço da criança, “mas tenho medo de quando passar o efeito”, diz Danielle.
Escolas não podem prestar socorro
De acordo com a norma municipal, as escolas não têm autorização para prestar socorro às crianças sem a presença e o aval dos pais.
Em um áudio gravado no WhatsApp, a secretária de Educação, Eliani Buemo, informou que “a criança trancou o dedo, estava acompanhada da professora regente, da monitora, que estava fazendo a troca de uma outra criança. A escola entrou em contato com os pais, a mãe foi quem atendeu, e os bombeiros, através do 193, também foram chamados. A criança foi socorrida, foi levada ao hospital, passou por cirurgia, e até onde tomamos conhecimento, passa bem”. Esse áudio é a única resposta que a secretaria vai fornecer sobre o assunto. Será instaurado um processo administrativo para apurar os fatos.
O capitão do Corpo de Bombeiros Militar de Brusque, Hugo Manfrin Dallossi, recomenda que, em qualquer situação de trauma ou necessidade de atendimento médico, deve ser acionado o serviço de emergência o mais rápido possível. “A saúde é o mais importante e deve ser feito socorro imediato.”
O casal já fez o boletim de ocorrência e levará Luis para realizar o exame de corpo de delito. Os pais procuraram também a Secretaria da Educação e o prefeito, mas ainda não conseguiram contato.