No último final de semana, presenciamos diversas manifestações Brasil afora. Durante os protestos, vimos a insatisfação popular contra a corrupção e pedidos de impeachment para a Presidente. Quando querem, as “ruas” conseguem se mobilizar e se manifestar. É a voz das ruas, voz que se materializa nas eleições. Mas por que, apesar das manifestações que já vimos presenciando desde 2013, continuamos votando nos partidos fortes? Em 2013, tivemos manifestações nas ruas. Em 2014, novamente os votos foram para os partidos fortes. Em 2015, já presenciamos as manifestações de março e agosto. A pergunta é: em quem votaremos em 2016?
É sabido que aproximadamente 2/3 dos brasileiros não tem partido, e vivemos uma crise de representação. Hoje, se o PT sair e vier um outro nome que atenda satisfatoriamente, o povo se acalma e há acordo. A cotação do dólar baixa e a economia se acomoda. A crise de representatividade que vivemos não é exclusiva do Brasil e tampouco é algo novo. É possível que muitos de nós não tenhamos nos dado conta, mas a crise de representatividade é nossa velha conhecida. As mobilizações – não necessariamente nas ruas – deveriam ser uma constante. Nos calamos demais e fazemos de menos.
A título de exemplo, os jovens, em especial, costumam ser bem “ativos” quando querem se contrapor à autoridade de pais e professores, mas são “passivos” quando chamados à participação e à responsabilidade coletiva. Um exemplo concreto é a baixa participação dos alunos nos Centros Acadêmicos e nos Diretórios Centrais dos Estudantes nas Universidades. Não raro estas entidades estão “acéfalas”, sem organização, estrutura e mobilização mínima. Líderes de classe? Comissão de Formatura? Normalmente são sempre os mesmos acadêmicos a assumir as responsabilidades. E outros – que não querem se envolver – sabem reclamar. Afinal, é muito mais confortável reclamar do que colocar a mão na massa, dar a cara para bater, honrar com as conseqüências e estar apto a receber as críticas – que muitas vezes são negativas. O que se vê no universo educacional reflete claramente o que se passa na vida pública. Sempre o mesmo do mesmo.
As movimentações para as eleições municipais de 2016 já começaram e quantos nomes novos teremos? Quantos jovens estarão concorrendo? E quanto a participação das mulheres, o que dizer? Segundo o IBGE, elas representam mais de 51% da população brasileira e mais de 52% dos eleitores. Apesar desta representatividade, quantas mulheres serão candidatas a um cargo eletivo em 2016? No pleito de 2014, o quantitativo de mulheres candidatas representou parcela inferior à exigida pela legislação brasileira, que assegura 30% das vagas de candidatos para mulheres.
Quanto dinheiro um candidato terá de desembolsar para uma campanha para prefeito ou para vereador? Quantos eleitores vão querer negociar o seu voto, o voto da família? Será que um candidato conseguirá se eleger de forma diferente, inovadora, sem se submete à corrupção tão arraigada na cultura brasileira?
O que o eleitor vai analisar antes de ir às urnas? Conseguiremos fazer uma análise pregressa, avaliar os pontos positivos, os pontos negativos, as oportunidades e as ameaças que o candidato oferece para o município no curto, médio e longo prazo? Qual a formação acadêmica é necessária para que o candidato nos represente bem? Ele entende de leis o suficiente para ser capaz de propor, cumprir e fazer cumprir? Sabe o que é um projeto, como construí-lo e como captar recursos para o município? É ético, moral, pessoa digna que tem condições de realmente representar os interesses do povo?
E, para fechar: com quem anda esse candidato? Quem está ao seu lado, ou atrás dele, quem é a “eminência parda” que está com ele? Tudo precisa ser avaliado, pois basta uma maçã podre para contaminar o cesto inteiro. Vale a velha sabedoria: diga-me com quem andas e te direi quem és. Como já disse, o futuro começa agora…