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Crise faz preço dos alugueis ficarem praticamente congelados em Brusque

Imobiliárias não conseguem repassar aumento porque clientes sofrem com desemprego e inflação

O valor dos alugueis em Brusque praticamente não aumentou e, em alguns casos, até caiu neste ano. Com o crescimento do desemprego e a inflação em alta, as imobiliárias estão encontrando dificuldades em negociar reajustes com os inquilinos. Para não perder o cliente, muitas delas estão aceitando até cortar o custo mensal.

Antes da retração da economia, as imobiliárias usavam o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) para calcular o reajuste anual dos alugueis. Em julho de 2016, o IGP-M fechou em 11,65%.

Inácio Allein, proprietário da Imobiliária Atual, diz que o desemprego é um dos motivos alegados pelos inquilinos na hora de negociar o reajuste. Ele diz que de janeiro para cá teve de praticar reajustes mais baixos do que o IGP-M. “Eles alegam a situação financeira e o desemprego. Às vezes, eram três pessoas, e uma perdeu o emprego”. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, em julho, foram registradas 99 demissões a mais do que admissões em Brusque.

No caso de imóveis com alugueis acima de R$ 1 mil, Allein comenta que houve casos em que o custo foi reduzido na hora da renovação. O empresário afirma que, em muitas situações, é mais interessante para o locador baixar o preço para não perder o inquilino.

Negociação forçada

Os locadores acabam ficando “numa sinuca de bico”: ou baixam o preço para não perder o cliente, aumentam abaixo do IGP-M ou mantêm o preço e correm o risco de deixa o imóvel desocupado, já que há boa oferta no mercado. O apartamento parado fica sem manutenção, pode perder valor, e o proprietário ainda tem de arcar com o custo do condomínio.

Denis Smaniotto, administrador da Smaniotto Imóveis, diz que também não tem conseguido repassar o IGP-M aos inquilinos. “Se fala em aumento, o inquilino já ameaça sair”. O cenário é de aperto tanto para clientes quanto para imobiliárias.

Quando a situação econômica era mais estável, a mesa de negociações funcionava de forma diferente. Se o cliente pedisse para não ter reajuste, o proprietário costumava dar o aviso de 30 dias para a desocupação. A locação, em seguida, era praticamente certa.


Condomínio alto afasta moradores

Amanda Moresco Zimmermann, sócia-proprietária da Imobiliária Moresco, diz que um dos principais motivos que afugentaram os inquilinos dos imóveis é o reajuste das taxas condominiais. Alguns residenciais praticaram acréscimos de até 30% somente em 2016. Segundo ela, teve condomínio que aumentou de R$ 210 para R$ 340.

Com condomínio muito alto, parte dos clientes resolveu ir para bairros mais afastados da área central, onde o aluguel é mais em conta. Segundo Amanda, eles preferiram casas geminadas ou residências padrão, pois não há a cobrança da taxa condominial. Também buscaram apartamentos mais baratos, com menos áreas de lazer.

Avaliação parecida é feita por Smaniotto, que afirma que os clientes passaram a procurar imóveis cada vez mais baratos. “Se ele estava num imóvel de R$ 1,8 mil, hoje ele procura um de R$ 1 mil”.

Além daqueles que buscaram imóveis mais baratos e afastados, há aqueles que foram embora da cidade. Segundo Amanda, parte dos encerramentos de contratos ocorreram porque inquilinos perderam o emprego e voltaram para a sua cidade natal.

A Moresco também não repassou o IGP-M em boa parte dos contratos. Os piores meses para a negociação foram março, abril e maio – quando a inadimplência foi mais alta e os clientes reclamaram mais da situação econômica.

Amanda comenta que imóveis que poderiam ser locados por R$ 1,2 mil estão sendo ocupados por R$ 800 ao mês, devido a estas negociações.