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Crise prejudica negociações salariais entre sindicatos em Brusque

Rodadas para decidir reajuste estão mais complicadas do que o normal

O cenário de crise econômica representa um desafio para os sindicatos dos patrões e dos trabalhadores. Em 2016, as negociações coletivas em Brusque foram, em diversos casos, mais truncadas, e, em certas ocasiões, precisaram de criatividade para atender os interesses de todas as partes.

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O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Brusque (Sintimmmeb), José Isaías Vechi, diz que a negociação salarial deste ano foi a mais complicada de que já participou. A data-base da categoria é 1º de maio, como a da maioria. Geralmente, o percentual de reajuste já é acertado na primeira reunião com o sindicato patronal.

“Neste ano, foram quatro rodadas de negociação”, afirma Vechi. “Não foi uma negociação fácil, foi o menor aumento real de todos os tempos”, completa o sindicalista. A justificativa apresentada pelo sindicato dos empresários foi a crise financeira, por isso aceitaram dar somente o Índice Nacional dos Preços do Consumidor (INPC), a inflação, acumulado de 12 meses, que foi 9,83%, mais 0,17% de ganho real, somando 10%.

No Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sintricomb), a situação foi um pouco diferente. O presidente Izaías Otaviano diz que a entidade mantém um bom relacionamento com o Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sinduscon), que cuida dos interesses empresariais, durante o ano interino.

Isto se refletiu na campanha salarial de 2016. “Fechamos em uma única rodada. Temos este entendimento muito bom”, afirma Otaviano. O reajuste foi um dos maiores de Santa Catarina, entre 12,5% e 16% para os trabalhadores que recebem apenas o piso. São quatro pisos, para mestres de obras, profissionais, meios-oficiais e serventes. Já para aqueles que ganhavam mais do que o mínimo o acréscimo foi de 9,83%, o INPC.

Para o presidente do Sintricomb, ter alcançado valores tão altos deve-se ao fato de que os sindicatos trabalham juntos durante o ano inteiro, inclusive existe uma comissão de conciliação.

Dificuldade para todos

Se para o trabalhador o reajuste da inflação sem ganho real é ruim, para o patrão este é o meio encontrado para não desequilibrar o caixa. O presidente do Sinduscon, Fernando José de Oliveira, diz que o cenário da construção civil na região está bastante difícil. Isso faz com que as empresas tenham menos margem de manobra.

Oliveira conta que, a princípio, os patrões estavam relutantes em conceder o reajuste, contudo, resolveram aumentar os salário na base do INPC para quem ganha mais do que o piso, e dar um acréscimo ainda maior para aqueles que recebem só o salário-mínimo da categoria.

O empresário afirma que represar o reajuste salarial ou mesmo parcelá-lo simplesmente postergaria o impacto nos caixas. O aumento acima do INPC deve-se à uma adequação à realidade regional. Oliveira explica que o salário médio na construção civil local é maior do que o piso, porém, isto não era refletido no piso salarial. Isto fazia com que algumas pessoas apelassem à informalidade, pagando menos na folha e outro tanto por “fora”.

Criatividade na negociação e preocupação

O presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Vestuário de Brusque (Sintrivest), José Gilson Cardoso, diz que o cenário não é animador. A data-base para a negociação salarial da categoria é 1º de setembro.

Cardoso afirma que a dificuldade é semelhante em todo o país. “O que mais me deixa apreensivo é o resultado final dos outros sindicatos, que atravessam um período difícil”. Ele torce para que as vendas de inverno aqueçam a indústria de confecção e assim os empresários possam ceder mais.

A presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário (Sindivest), Rita Conti, afirma que a situação econômica ruim está prejudicando os empresários, que, com isso, não podem conceder grandes percentuais. Ainda falta tempo para a data-base, mas uma das alternativas aventadas é o parcelamento do reajuste, como muitas categorias fizeram em Santa Catarina.