Cristovam Buarque faz reflexão sobre a importância da educação para o desenvolvimento do país
Senador reuniu grande público na noite desta segunda-feira, 18, para a segunda conferência em comemoração ao bicentenário da independência
Senador reuniu grande público na noite desta segunda-feira, 18, para a segunda conferência em comemoração ao bicentenário da independência
O senador e professor Cristovam Buarque ministrou na noite desta segunda-feira, 18, no teatro do Centro Empresarial de Brusque, a segunda conferência do Ciclo Brusquense de Conferências Magnas Temáticas, realizadas para marcar o Bicentenário da Independência do Brasil.
Com o tema “Educação, Prioridade Nacional: Um Imperativo!”, o senador fez uma reflexão sobre os problemas da Educação no Brasil, e sugeriu soluções para que a área seja mais valorizada e motivo de orgulho para todos os brasileiros.
“Ou nos educamos, fazemos da Educação um imperativo para o próximo século, ou ficamos para trás, como uma nação secundária no mundo, menor”.
O senador também destacou a iniciativa de se comemorar o bicentenário da independência do Brasil em Brusque. “Pouco está se falando sobre os 200 anos da independência. Lembro que em 1976 estive nos Estados Unidos, e lá o bicentenário da independência deles foi muito discutido e comemorado. E isso foi o que me atraiu a aceitar a participação neste evento”.
Mais cedo, durante coletiva de imprensa, realizada no Hotel Gracher, o senador também falou amplamente sobre educação e seu ponto de vista sobre o tema.
Indignação como impulso para Educação de qualidade
“Temos que convencer a opinião pública, o povo, de que a Educação é prioridade. Se disser que vamos deixar de fazer uma estrada para fazer uma escola, o povo vai dizer não. Se tivéssemos dito há alguns anos atrás que não queremos Copa, nem Olimpíadas, vamos colocar o dinheiro em Educação, eu tenho dúvidas se o povo apoiaria. Se o povo não apoia, elege pessoas que não tem a Educação como prioridade. O povo brasileiro não põe a área como um valor, não é um orgulho nacional ser campeão de Educação, o orgulho é ser de futebol. Quando o Brasil perdeu de 7 a 1 para a Alemanha foi uma tragédia, mas o Brasil perde todo dia de 100 a 1 para a Alemanha na Educação. É preciso criar um espírito de indignação nacional para que o povo queira investir”.
Federalização das escolas
“Primeiro, todas as 200 mil escolas do Brasil devem ser da máxima qualidade, com professores bem preparados, avaliados e muito bem remunerados para que quando os meninos entrem na universidade, os melhores queiram ser professores. Segundo, é preciso ter as ferramentas, as escolas precisam ser equipadas. Aula com quadro negro hoje é inadmissível, é como fazer uma viagem de carroça, e o mundo está na nave espacial. Terceiro, horário integral, coisa que o Brasil não se acostumou ainda a fazer. Toda criança tem que estar na escola o dia inteiro, não só para ficar na escola, mas para sair da rua. Só tem um jeito de fazer: é se o governo brasileiro, ao longo de 40 anos, assumir as escolas, federalizar. Enquanto a educação for municipal ela não será boa como deveria ser e nem será igual a todos os brasileiros. Isso eu chamo de federalização da Educação, obviamente na cidade que quiser, mas eu acho que vai ser difícil as cidades não quererem federalizar. É necessário liberdade pedagógica e tornar o magistério uma carreira nacional. Professor é uma carreira municipal e o município que quer e tem dinheiro, paga bem, quem não quer ou não tem dinheiro, paga mal. Leva 30 anos para a federalização chegar ao Brasil inteiro. Mas em dois, se faz uma revolução em uma cidade”.
Reforma do Ensino Médio
“Essa reforma tem quase nada a ver com o que eu estou sonhando, mas ela é positiva. É um passo pequeno, mas é positiva. Primeiro, porque dá liberdade ao aluno para escolher disciplinas, isso é importante, tem que liberar a criança de estudar o que não quer, salvo algumas coisas, como falar português direito, conhecer algumas regras básicas de matemática, mas em princípio tem que ser livre, até para fazer o professor ser sedutor para atrair o aluno. Segundo, ela coloca o ensino integral, que ainda temos muito pouco e, terceiro, coloca o ensino profissionalizante dentro da escola tradicional. Eu sou defensor das escolas técnicas profissionalizantes. O aluno tem que sair do Ensino Médio com um ofício, para isso eu defendo quatro anos do Ensino Médio e não três, dentro de uma reforma mais ampla. Noções simples, que faz ele sair da escola com alguma noção para o mercado de trabalho. Esta reforma é positiva, mas é muito pouco. Eu apoio a reforma, mas não me contento com ela”.
O evento
A conferência magna inaugural foi ministrada por Dom Bertrand de Orleans e Bragança, sob o tema “A Monarquia na construção do Brasil independente”, em novembro de 2016. Os temas para os próximos anos já estão definidos: “Fé e Cultura” (2018), “Desenvolvimento Sustentável” (2019), “A Arte da Política e da Administração” (2020), “Aldeia Global”, “Nossa Casa Comum!” (2021) e “Desafios e Perspectivas para o Brasil”(2022).