Criticado em Brusque, paralelepípedo está praticamente extinto de obras públicas
No município, asfalto tem preferência em pavimentações
O paralelepípedo já foi o pavimento predominante nas cidades, mas, com a industrialização, perdeu espaço para a lajota, o paver e o asfalto. De acordo com a Prefeitura de Brusque e com um engenheiro civil ouvido pela reportagem, o alto custo e a burocracia praticamente inviabilizam o paralelepípedo.
O entorno do Hospital e Maternidade de Brusque (HEM) é um dos locais com tráfego mais intenso de veículos que ainda têm pavimento antigo. Quem passa ou trabalha por ali reclama. Daiane Barão, funcionária do Marcos Nascimento Hair Salon, diz que o paralelepípedo causa transtornos aos motoristas. “É estranho ainda ter no Centro”.
Fábio Montibeller, proprietário da Oficina do Computador, diz que o paralelepípedo é ruim, porém, faz uma ressalva. “Mas não adianta de nada a prefeitura asfaltar sem resolver o problema de alagamentos”, afirma. A empresa fica na rua Vereador Guilherme Niebuhr, no Centro, onde o pavimento está afundado e deslocado em vários pontos.
Em frente à loja dele, na esquina com a rua Gustavo Krieger, costuma encher a cada chuva forte. Na última vez, no dia 16, não houve alagamento, segundo Montibeller, mas foi uma exceção.
Ao longo dos últimos meses, o Município Dia a Dia recebeu uma série de reclamações de brusquenses incomodados com os paralelepípedos na região central.
Veículos danificados
Uma das principais reclamações dos leitores são os danos aos veículos. Silvio Fischer, proprietário da Mecânica Aires Fischer, diz que vários clientes reclamam do paralelepípedo. Segundo ele, um carro que transita diariamente num pavimento deste tipo pode ter problemas.
Fischer explica que os carros atuais são mais “sensíveis” do que os antigos. “Os carros antigos têm menos dificuldade porque não têm tanta tecnologia”. Os automóveis modernos se desregulam com o balanço, e isso pode gerar problemas e, consecutivamente, custos aos motoristas.
Muito caro e com danos ambientais
Cristian Fuchs, engenheiro civil, diz que há uma série de fatores que contribuíram para o desaparecimento gradual do paralelepípedo nas cidades. O principal deles é o custo. A pedra é retirada diretamente da jazida, uma a uma, manualmente, gerando uma mão de obra cara.
O engenheiro acrescenta que é cada vez mais difícil conseguir autorização dos órgãos ambientais para a extração das pedras. “O custo é muito alto, enquanto a lajota e o paver são produzidos em escala industrial todos os dias”, afirma Fuchs.
Ele trabalha na empresa Pacopedra, que executa várias obras públicas, no entanto, são raras as que utilizam o pavimento. “Em 17 anos de carreira, fiz duas ou três obras com paralelepípedo”, comenta Fuchs.
Do ponto de vista técnico, o engenheiro diz que o paralelepípedo é mais irregular do que a lajota e o asfalto. Outro ponto de desvantagem é a aderência. O contato entre pavimento e pneu é menor e, com isso, as frenagens são menos eficazes.
Asfalto apenas com a conclusão do PAC
O secretário de Obras, Marcelo Pavan, informa que não existe uma previsão para o asfaltamento da região próxima ao hospital. “Não asfaltamos ainda por causa da obra do PAC da rua João Bauer”.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Macrodrenagem que passará pela via ainda não tem previsão de execução. A obra visa à drenagem e prevenção de cheias.
De acordo com Pavan, não faz sentido asfaltar as ruas no entorno, neste momento, por dois motivos. O primeiro é que o asfalto não permite o escoamento da água. Com isso, diz o secretário, os alagamentos na rua João Bauer ficariam piores.
O segundo motivo é que a obra do PAC é uma questão de tempo. Ou seja, trocar o pavimento agora e quebrar tudo depois seria jogar dinheiro fora.
Sem pedras
A Secretaria de Obras dá prioridade ao asfaltamento das ruas atualmente porque Brusque tem uma Usina de Asfalto, o que barateia o processo. A segunda opção é a lajota, sendo que o paralelepípedo já não é mais utilizado em larga escala.
“Ele é muito caro e é muito difícil conseguir a liberação ambiental”, afirma o secretário de Obras. O asfalto é mais barato e mais rápido de ser aplicado do que a lajota ou o paralelepípedo, justifica Pavan.