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Cuidador de idosos está entre as profissões mais em alta em Brusque

Com o índice elevado de idosos na cidade, a procura pela área tende a aumentar no decorrer dos anos

Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que a expectativa de vida dos brusquenses aumentou de 70,46 para 78,64 anos entre 1990 e 2010, alçando Brusque ao posto de município com a maior longevidade da população no Brasil, ao lado de Blumenau. A expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que até 2050, 30% dos moradores do país serão idosos. Ambos os números impulsionam profissões destinadas ao zelo de pessoas acima dos 60 anos de idade. Entre as mais importantes está a de cuidador de idosos.

Na área há 12 anos, a cuidadora Marta Ventura, de 49, desenvolveu a paixão pelos idosos no decorrer do tempo. Ele começou a trabalhar na Casa de Assistência aos Idosos Dilony como auxiliar de serviços gerais, porém, com o crescimento do local e das exigências, ela foi conduzida à cuidadora.

“Eu amo trabalhar com idosos. Aprende-se de tudo um pouco”, diz. “Para desenvolver bem o trabalho é necessário ter muita paciência e muito amor, porque grande parte deles depende de você pra tudo. Também é necessário conversar com eles e entrar na brincadeira de alguns. Além disso, há os que são mais bravos e é preciso saber lidar”, completa.

Cursando o 2º semestre de Enfermagem na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), a cuidadora Amanda Neuci da Silva ingressou na área há apenas um ano. Sem experiência semelhante quando foi contratada, Amanda conta que decidiu trabalhar para colocar em prática o aprendizado da faculdade.

“Eu gosto dos idosos. Quem trabalha tem que gostar porque há várias situações que podem ser incômodas. Alguns deles são como crianças, então é preciso paciência, dedicação e carinho”, afirma.

Assim como Marta e Amanda, Ivanete Alves Costa, de 43 anos, também é apaixonada pelos cuidados aos idosos. Entretanto, ao contrário das duas, Ivanete não atua na área desde a chegada a Brusque, em fevereiro deste ano. Maranhense, ela morou 30 anos no Rio de Janeiro antes de desembarcar no município. Durante a estadia na cidade maravilhosa, cuidou por três anos de uma idosa e por um ano de um idoso.

“Cheguei em Brusque e precisava logo de emprego, então mandei currículos para as empresas, e me chamaram. Não pude esperar pra trabalhar em alguma casa de família ou em algum lar de idosos”, conta.

Se pudesse, Ivanete trocaria o atual emprego para trabalhar com algum idoso. De acordo com ela, cuidar de pessoas acima dos 60 anos exige, acima de tudo, carinho. Ivanete diz também que os idosos precisam do dobro da atenção dedicada às crianças e que apenas pessoas que gostam muito da área deveriam atuar nela.
Dificuldades

Embora existam no mercado profissionais como Ivanete – dispostos a atuar como cuidadores de idosos -, o Lar dos Idosos Lions Clube de Brusque enfrenta dificuldade para contratar. O motivo, explica a diretora do local, Ursula Riegert, está na localização do lar – próximo à Usina Municipal de Asfalto, no bairro Cedrinho.

“Nós ficamos muito retirados e as pessoas têm dificuldades pra se deslocar até aqui, principalmente se moram em bairros mais distantes. Então sempre é difícil contratar profissionais”, diz.

Para cuidar dos 63 idosos do Lions, além das enfermeiras e dos outros profissionais, atuam 15 cuidadores. No entanto, o quadro apenas estaria completo se o lar contratasse mais três. No Lions, os cuidadores dividem-se em três turnos de seis horas e precisam desempenhar funções como dar banho, trocar fralda e alimentar os idosos.

“O serviço é pesado. E dos 63 idosos, temos 20 que precisam de ajuda total. Quem continua trabalhando é porque gosta mesmo”, diz. “Quando contratamos os cuidadores, nós os ensinamos e orientamos, porque geralmente são pessoas que não tiveram experiência. Muitos vêm pela necessidade de trabalhar e acabam se adaptando com o tempo”, esclarece.
Dois a cada dia

Na contramão do Lions, que tem dificuldades para contratar, a Casa de Assistência aos Idosos Dilony é procurada diariamente por pelo menos duas pessoas que pedem emprego como cuidador de idosos. Atuando na administração do espaço, Lourdes Dalago diz que entre cuidadores, enfermeiras e demais profissionais, a Dilony tem mais de 20 pessoas para prestar assistência a 35 idosos.

“Em janeiro e fevereiro foi muito difícil encontrar pessoas, mas agora todos os dias elas aparecem. Mas como já fechamos nosso quadro não podemos contratá-las. Acho que o motivo de tanta procura é a crise de emprego no país todo”, analisa.

O administrador da Dilony, Josemir Perin, trabalha com idosos há 18 anos. Durante o período, ele diz que pôde perceber que, em relação aos cuidadores, pessoas com mais de 30 anos correspondem melhor às expectativas do que pessoas abaixo desta idade.

“As pessoas com mais de 30 estão mais maduras, já sabem o que querem e vêm com determinação e vontade. Com a experiência de vida, elas adquirem também mais paciência para lidar com os idosos”, diz.
Sem regulamentação

Mesmo com projetos em tramitação no Congresso, ainda não há, no país, regulamentação específica para a atuação como cuidador de idosos. Por isto, os cuidadores são contratados seguindo as regras dos trabalhadores domésticos.