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Cultura do diálogo

Na semana passada, escrevi, neste mesmo espaço jornalístico, a respeito da Cultura da Violência. Isto para dar chance aos meus caros leitores e estimadas leitoras terem, também aqui, a oportunidade de se conectar com a mensagem da CF20018 que oferece uma reflexão a respeito da “Fraternidade e superação da violência”. Não é segredo para ninguém […]

Na semana passada, escrevi, neste mesmo espaço jornalístico, a respeito da Cultura da Violência. Isto para dar chance aos meus caros leitores e estimadas leitoras terem, também aqui, a oportunidade de se conectar com a mensagem da CF20018 que oferece uma reflexão a respeito da “Fraternidade e superação da violência”. Não é segredo para ninguém que a violência, no momento histórico atual, é um problema social generalizado.

A busca de uma superação não é tarefa exclusiva do governo. Embora ele tenha uma parcela significativa a desempenhar. Todavia, ninguém pode se eximir dessa responsabilidade de contribuir para minorar a violência. Pois, temos consciência que acabá-la de vez é uma utopia. Mas, há margem para superar, ao menos, em grande parte, a situação calamitosa atual.

Para tal intento, se faz necessária a educação para a Cultura do Diálogo. Mais ainda, para aquela pessoa que se diz seguidora do Cristo. Evidente que o cristão e a cristã não são os que detêm o monopólio da questão. Contudo, herdeiros desde o batismo da Proposta da Boa Nova do Reino, trazida por Jesus, são os primeiros a ter a responsabilidade de fazer com que esse estilo de vida não seja estéril, em nossos dias. Com efeito, a Proposta do Reino é, antes e sobretudo, implantar, na Sociedade e na Cultura, a fraternidade, a solidariedade, o amor, a justiça, a paz. Portanto, não há espaço para qualquer tipo de violência. Principalmente, a violência contra categorias de pessoas indefesas, frágeis, desprotegidas.

Não é de hoje que a Igreja Católica se interessa por essa educação para o diálogo. Já o extraordinário e simpático Papa João XXIII, em 11 de abril de 1963, escrevia em sua admirável Encíclica Pacem in terris, nº 161: “A violência só e sempre destrói, nada constrói; só excita paixões, nunca as aplaca; só acumula ódio e ruínas e não a fraternidade e a reconciliação”.

Parece até que o papa esteja descrevendo a realidade sociocultural atual de nosso país. E o papa indica um caminho que, certamente, ainda não perdeu a sua validade. E, penso que é necessário tentar percorrê-lo com coragem e empenho. Por isso o papa continua afirmando: “A todos os homens de boa vontade incumbe a imensa tarefa de restaurar as relações de convivência humana na base da verdade, justiça, amor e liberdade: relações das pessoas entre si, as relações das pessoas com as suas respectivas comunidades políticas, e as dessas comunidades entre si, bem como o relacionamento de pessoas, famílias, organismos intermédios e comunidades políticas com a comunidade mundial”.

Como logo se nota, tudo isso é possível se houver um esforço enorme de criar condições para que aconteça a educação para a acolhida do outro e para o diálogo. Em outras palavras, se faz necessária a atitude permanente de nos educar-nos, nós: crianças, jovens e adultos, para o diálogo. Acreditar que é possível, gradativamente, pôr as bases para a construção da Cultura do Diálogo. Evidente que essa tarefa não pode ser delegada ao Estado, à Escola, à Sociedade, às Religiões ou Igrejas. Sem dúvida, tem que necessariamente iniciar e se firmar no ambiente da família. Pois, é justamente aí, a maior ocorrência da violência, principalmente contra as mulheres, crianças e pessoas idosas. A escola e as demais instituições sociais podem e devem corroborar nessa árdua tarefa.

Essa é uma das grandes propostas da CF2018 de superação da violência. Sobretudo, na família que cultiva os valores do Reino de Deus. Sem esses valores, a família perde seu fundamento e consistência, com frequência, instala-se, nela, o germe da violência.