Curta-metragem feito em Brusque estreará no Cine Gracher
Filme do Coletivo Hiato aborda a relação entre mãe e filho em época difícil
Filme do Coletivo Hiato aborda a relação entre mãe e filho em época difícil
A estreia do curta Carmen, nesta sexta-feira, 2, no Cine Gracher, representa mais um marco na história artística de Brusque. O filme foi escrito e filmado pelo Coletivo Hiato e tem em seu elenco moradores do município que, cada vez mais, são conhecidos do público. A Griô Filmes foi parceria e fez a produção.
Talita Garcia e Luís Henrique Petermann, por exemplo, já estrelam a peça teatral Ao Som dos Teares, que atraiu grande público quando foi exibida. Carmen, no entanto, ganha notoriedade porque é a primeira produção cinematográfica do grupo de 14 atores do Coletivo Hiato.
A produção foi o trabalho de conclusão de um curso que os integrantes do Coletivo fizeram durante 2016, ministrado por Ricardo Weschenfelder. Por um ano, eles estudaram questões técnicas do cinema e, ao final, puseram os seus conhecimentos em prática no curta-metragem.
Weschenfelder diz que a estreia do filme é motivo de orgulho. “É um grande orgulho, é um grande feito, um belo trabalho”, afirma. Ele, que também fez a direção de produção de Carmen, ressalta que o fato de um trabalho de conclusão de curso estrear no cinema é importante também para a cidade, pois é produção independente, com foco mais artístico e menos comercial.
Criação
Todo o processo de criação de Carmen foi colaborativo. No papel, há o roteirista, o diretor e outros cargos, porém, tudo isso ficou misturado e cada integrante do Coletivo contribuiu de alguma forma para o resultado final.
Carmen tem duração de 20 minutos e foi filmado durante um final de semana, em uma casa na rua Gustavo Schlösser, no Centro 2
“Toda a experiência foi bastante coletiva, de tal maneira que a direção também é coletiva”, afirma José Luiz Day, diretor do curta-metragem. Ele conta que foram cerca de dois meses de pré-produção e outros dois meses de pós-produção.
Carmen tem duração de 20 minutos e foi filmado durante um final de semana, em uma casa na rua Gustavo Schlösser, no Centro 2. Foram 29 horas de filmagens, com vários “momentos intensos”, como conta o elenco.
“Foi bem imersivo, filmamos nos cantos da casa”, diz o diretor. Ele conta que os atores encerraram os trabalhos de madrugada e foram embora exaustos após dois dias de filmagens.
Luís Henrique Petermann, roteirista e ator no filme, também ressalta o caráter colaborativo. “Por se tratar de um produção coletiva, a criação também foi muito coletiva”, afirma. Ele faz o papel de Joaquim, ator principal, e contracena com Talita, que faz a mãe de Joaquim, a Carmen.
“Como o filme tem duração curta, todas as cenas foram bastante intensas”
Talita, a atriz principal, é conhecida do público por ter atuado em Ao Som dos Teares. No entanto, no cinema, ela havia participado apenas de um curta durante a universidade, uma produção independente e depois foi figurante em um filme nos Estados Unidos.
“Esse convite para interpretar a Carmen foi muito especial para mim, pois demonstrou que a direção e produção tinham confiança no meu trabalho como atriz”, afirma Talita, que também é jornalista.
“Como o filme tem duração curta, todas as cenas foram bastante intensas. Se eu tivesse que selecionar uma que tenha sido mais difícil, eu diria que foi a cena do jantar, onde a Carmen e seu filho Joaquim (Luís Henrique) discutem por causa do pai que foi embora”, afirma Talita.
A atriz e jornalista conta que, quando foram embora, os atores já estavam exaustos devido à intensidade das cenas. A proximidade entre os integrantes do elenco e da equipe de produção também ajudou no processo de produção, pois o filme exigiu uma “sintonia fina” entre os atores, para que as cenas ficassem factíveis.
História
O curta conta a história de Carmen, que é deixada pelo marido com o filho Joaquim. Os dois têm de lidar com o vazio deixado pelo homem e, nisso, desenvolve-se um jogo psicológico. O filme ocorre todo dentro de uma casa.
O roteirista e ator Petermann diz que é um filme bastante psicológico e pesado. Aos poucos, Joaquim se vê na obrigação de assumir o papel paternal com relação a mãe e isso gera a tensão psicológica.
Os integrantes do Coletivo Hiato são unânimes em enfatizar a importância que Carmen tem para o meio artístico da cidade. Centros maiores em Santa Catarina não contam com produção em cinema, nem têm uma peça que atraiu público para os teatros.
“Acho legal destacar o quão importante tem sido essas oportunidades acontecerem aqui em Brusque – cursos de cinema, teatro, edição de videos etc – possibilitando que a gente busque esse conhecimento aqui mesmo em nosso município, com profissionais qualificados e dispostos a fazer o melhor e transmitir o que sabem”, afirma Talita.
A pujança artística brusquense também é importante para os projetos pessoais dos autores. José Luiz Day, por exemplo, pretende trabalhar com cinema autoral – um desafio no Brasil. Poder participar de uma produção como Carmen é motivo de comemoração para ele.
Luís Henrique Peterman diz que aprendeu muito fazendo o filme. Para ele, Carmen representa um passo adiante na sua carreira. “Foi um desafio por ser a primeira experiência cinematográfica dos envolvidos”.
Carmen
Duração: 20 minutos
Estreia: 2 de junho, às 18h25, no Cine Gracher Havan
Exibição: entre 2 e 8 de junho, às 18h25, no Cine Gracher Havan