Com uma história familiar, de tradição e honestidade, a panificadora e confeitaria Panissa comemora 30 anos neste mês de outubro, em Brusque. Situada no bairro Primeiro de Maio, a padaria foi aberta por Altamir Panissa, em 15 de outubro de 1993. Contudo, a história de uma das mais tradicionais padarias brusquenses começa muitos anos antes.
Desde adolescente, Altamir trabalha com a panificação. No início da década de 1960, começou a trabalhar na Padaria da Tarde, onde atuou por três anos.
Após isso, aos 16 anos de idade, começou a trabalhar como auxiliar de padeiro na panificadora Wegner, onde atuou entre 1964 e 1977.
Por lá, Altamir trabalhava à noite e, pelas manhãs, vendia pão e sacos de biscoitos em uma carroça. Mais para frente, ela deu lugar a uma Kombi.
Ao recordar dos 13 anos na Wegner, Altamir recorda que ele e outros funcionários ainda não conheciam o mar. Então, uma das experiências mais marcantes foi quando Ricardo Wegner colocou todos dentro da Kombi e os levou até a praia.
Na Wegner, Altamir também encontrou o amor: foi onde conheceu Marlene, que nos natais ajudava a pintar os doces. Em 1971, eles se casaram, e, em 1972, nasceu Patrícia Panissa Kruger, a filha mais velha do casal. “O pai teve a base de tudo na Wegner, foi onde aprendeu a ser um bom padeiro. Têm receitas que ele aprendeu lá, que até hoje ele faz aqui”, comenta a filha.
“Eu lembro que quando eu era bem jovenzinha, entre os 10 e 12 anos, o pai comprou um forninho e colocou na garagem. Fechou as laterais e ele fazia cuca aos sábados. Ele saía para vender de Fiat Panorama”, continua
Entretanto, o turno noturno começou a ficar puxado, o que fez Altamir mudar para a padaria da dona Zita Imhof. Na década de 1980, ele também trabalhou na padaria do Archer. Em 1990, criou uma sociedade com Vilmar Klann: a Panisklan. “Quando montamos a sociedade, a ideia era essa: quando tivéssemos pernas para andarmos sozinhos, abriríamos”, explica Altamir.
Foi quando, em 1993, surgiu a Panissa. Inicialmente, a padaria foi aberta em uma sala comercial alugada, na rua Florianópolis. Em apenas dois anos, a família comprou o terreno ao lado e construiu a sede atual.
Na época, trabalhavam no local Altamir e a esposa, a filha Patrícia e o padeiro Giovani Servino Leite, que foi colaborador da Panissa durante 29 anos.
Antes de começar a trabalhar no negócio da família, Patrícia, que tinha 21 anos na época, era digitadora e atuava no faturamento da Indústria Schlösser. Já os irmãos ainda eram crianças: Poliana Panissa Rocha tinha 6 anos, Priscila Panissa Coelho tinha 8 e João Paulo Panissa, 11.
Persistência, fé e honestidade
Durante muito tempo, o faturamento da Panissa foi sustentado pelo abastecimento de mercados, que ainda não faziam pão. A família recorda que uma vez foram feitos 8 mil pães em apenas um dia.
“A padaria no balcão foi persistência, pois não tínhamos movimento. A palavra desistir não teve local aqui. Eu cheguei a chorar em cima de saco de trigo, pensando ‘o que eu fiz?’, mas tive que tocar para frente sem deixar a peteca cair. Se não persistimos, o negócio não vai”, conta Altamir.
A família destaca a atuação do primeiro padeiro da Panissa, Giovani, que se aposentou recentemente. “Ele ajudou a criar a Panissa”, diz Altamir.
“Ele foi nosso esteio, o pai buscava ele em casa às 2h para eles prepararem massa de pão. Aí saíamos para as entregas aos mercados, e ele ficava fazendo os docinhos. À tarde minha mãe vinha e me ajudava a embalar e a limpar. Era tudo só nós. Não tínhamos muita rotatividade no balcão, mas vendíamos muito fora”, explica Patrícia.
Toda a persistência começou a surtir efeito. O negócio cresceu e o movimento também. Com isso, a sede começou a ser ampliada e, hoje, apresenta um espaço aconchegante e espaçoso, ideal para um cafezinho delicioso de manhã ou da tarde.
Grande família
Após três décadas, a empresa conta com um legado familiar. Hoje, todos os filhos trabalham no negócio. Para eles, Altamir, hoje com 74 anos, sempre deu exemplo de fé e honestidade. “É a marca registrada dele”, pontua Patrícia.
Além disso, a Panissa conta com uma equipe dedicada, que cresceu com os anos. Atualmente, são oito padeiros, sendo no total 24 funcionários.
Os aprendizados na trajetória refletem no tratamento dos funcionários. Também, a panificadora investe em cursos de aperfeiçoamento.
Hoje, a Panissa é aberta de segunda-feira a sábado. O local oferece uma grande variedade de doces e salgados, tudo de fabricação própria, em fornos a lenha.
“A Panissa é o nosso orgulho. Se formos olhar para tudo o que a gente passou, é só gratidão”, diz Patrícia emocionada. “Foi muito trabalho, persistência, honestidade e família”, completa Altamir.