De férias em Brusque, ex-capitã da Abel fala sobre Estados Unidos, adaptação e sonhos
Cauane Krainski viveu grandes momentos da equipe, conquistando diversos títulos entre 2016 e 2017
Sete anos depois de ter se tornado a primeira atleta da história da Abel e após viver os melhores e os mais difíceis momentos da associação, a levantadora Cauane Krainski, de 19 anos, retorna a Brusque para as longas férias da Trinity Valley Community College, onde joga e estuda atualmente, nos Estados Unidos. Além de matar a saudade da família e dos amigos, ela não deixa o vôlei de lado e participa dos treinos da equipe infantojuvenil da Abel, que disputa em junho o Desafio Internacional de Estrela (RS).
Cauane completará um ano morando fora do Brasil em junho. Após avaliar algumas propostas de universidades americanas, decidiu ir à pequena cidade de Athens, no Texas, que possui cerca de 12 mil habitantes. Fica a pouco mais de uma hora de Dallas e tem boa parte da população envolvida com a universidade comunitária, a Trinity Valley. Apesar de significar literalmente “Atenas”, o nome da cidade texana do condado de Henderson não é inspirado na capital grega, mas sim na homônima localizada no Alabama.
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“Geralmente os atletas vão para alguma universidade melhor e depois buscam transferências para universidades maiores. Gostaria de evitar cidades muito grandes ou que não ofereçam uma qualidade de vida muito legal, mas é o de menos”, explica. A ex-capitã da Abel viveu os melhores momentos da equipe, conquistando diversos títulos entre 2016 e 2017.
Campanha recorde
Em 2018, a Trinity Valley chegou ao quinto lugar nacional da liga universitária, a NJCAA Volleyball Championship Tournament. É a principal do vôlei nos Estados Unidos, que não possui uma liga profissional. De agosto a dezembro, a equipe passou pelas etapas locais e regionais, até chegar à fase nacional. Após perder o segundo jogo, só restava a luta pelo quinto lugar.
O jogo que definiu a classificação foi contra a universidade de Tyler, também do Texas. Após sair perdendo por 2 sets a 0, as “Lady Cardinals”, como é chamada a equipe, conseguiram a virada, fechando o tie-break em 15 a 10. Foi o melhor desempenho da Trinity Valley em nove anos de existência do time de vôlei.
A oportunidade
A baixinha levantadora de 1,69 metro já tinha planos de se mudar para os Estados Unidos, levando em consideração a baixa estatura e a consequente falta de perspectivas para chegar às seleções brasileiras. “Depois de 2017, que foi um ano em que ganhamos tudo, todo aquele time da Abel começou a aparecer. Todas tiveram oportunidades de ir para outros times do Brasil ou para fora. Minha geração, de 2000, conseguiu time, com exceção de uma que fez a opção de parar”, explica.
Assim, as universidades estadunidenses foram rapidamente atraídas pelas atuações de Cauane. Com o auxílio de uma agência, a levantadora escolheu uma entre cinco propostas: a Trinity Valley foi a escolhida.
A adaptação foi fácil. Com a cidade pequena, a qualidade de vida se tornou mais fácil. Tudo é acessível e perto, e, além disso, há a companhia brasileira. Só no elenco do time de vôlei, formado por 18 atletas, Cauane é colega de seis compatriotas.
Na opinião da brusquense, ir aos Estados Unidos acaba causando uma perda de visibilidade em relação à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), o que torna uma vaga nas seleções algo ainda mais difícil de ser conquistada.
“Não conheço nenhuma menina que seja convocada pela seleção estando aqui. E há jogadoras fantásticas. Uma exceção deve ser a Júlia [Bergmann], que jogou comigo e é realmente uma grande promessa, com 1,96 m e 18 anos”, relata.
Pés no chão e planos traçados
Cauane tem como objetivo a transferência para uma universidade de grande porte, por meio de bolsa. Em maio do ano que vem, ela se forma na primeira fase da faculdade, que, diferente do Brasil, não se trata de uma graduação específica. “Para isso, temos que ter uma temporada muito boa novamente, para que universidades maiores façam ofertas. E as notas têm que ser boas, e estão sendo.”
A preferência por cidade, a princípio, não existe. “Não adianta eu ir para uma universidade com nível muito bom e com qualidade de vida ruim. Não faço questão de ir para uma cidade grande. Hoje tenho uma vida muito tranquila, sem depender de ninguém. A ideia é unir isto à qualidade da instituição.”
Depois de se formar, Cauane não permanecerá nos Estados Unidos, pois não há níveis mais altos de ligas de vôlei no país além do universitário. Entre os planos, está o retorno ao Brasil, e talvez uma pós-graduação no exterior. A continuidade da carreira é cogitada se houver a oportunidade de ficar, de alguma forma, próxima de Brusque.
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“Pensar em ir para São Paulo, atuar por Pinheiros, Sesi, não é algo no qual eu me vejo, não. Ainda jogo, amo jogar, tenho condições, mas assim que eu ver que é algo que não é mais positivo para mim, quando for apenas trabalho ou obrigação, não vou continuar.”
Longo prazo
O sonho desde pequena, na verdade, é ser treinadora. E um dos lugares em que Cauane pretende realizá-lo é Brusque. Durante um ou dois anos após a formatura, ela quer adquirir experiência sendo auxiliar da comissão técnica da Abel.
“Sou apaixonada por essa comissão, é a melhor que já tive na vida. Meu sonho é trabalhar com eles. Depois, gostaria de voltar aos Estados Unidos e ser auxiliar ou até técnica lá. Há muitas técnicas por lá, e aqui é difícil. Só tive uma técnica mulher. Não conheço quase nenhuma. Na Superliga, não há. Lá [nos EUA] é comum, muitas brasileiras estão lá.”
Por fim, um dos objetivos é seguir os passos da mãe e assumir a gestão do Colégio Cultura. “Aí, os Jogos Escolares no vôlei seriam nossos todo ano (risos). Seria tudo nosso.”