De Lebon Régis ao Carlos Renaux, volante de 18 anos luta para fazer teste em Goiás
Lucão deixou o Meio-Oeste catarinense para disputar competição pelo Vovô em 2019 e seguir sonho de se tornar profissional
Lucão deixou o Meio-Oeste catarinense para disputar competição pelo Vovô em 2019 e seguir sonho de se tornar profissional
Lucas Gabriel Pires saiu de Lebon Régis, município de 12 mil habitantes no Meio-Oeste catarinense, para chegar a Brusque e lutar pelo sonho de ser jogador de futebol no Carlos Renaux. Sem desistir do sonho, segue a luta até mesmo em Goianésia (GO), a mais de 1,5 mil quilômetros de casa, onde conseguiu um teste pela equipe local, podendo viajar graças às ajudas da família e de diversos amigos e conhecidos que tem pelo caminho.
Aos 18 anos, busca se espelhar em Cafu, capitão do pentacampeonato da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, que mal pôde ver jogar: se aposentou quando o garoto tinha seis anos.
O lebonregense também conhecido como Lucão é um primeiro volante que tem, como principais características, a saída de bola, o desarme e a raça em campo. “É aquela coisa, pode não ter talento, raça é obrigação”, comenta, com muita simpatia. Em 2019, chegou a fazer testes no Avaí e no Brusque, mas foi nas categorias do Carlos Renaux que a chance foi conquistada.
Sua história coincide com a de milhões de garotos com sonhos semelhantes. Na cidade natal, a rotina era puxadíssima, alternando trabalho na roça, escola e treinos pelos times locais.
Em épocas sem o trabalho agrícola, o dia começava com estudos pela manhã e terminava com seu terceiro treino do dia, com a equipe adulta de futsal do município, perto da meia-noite. Entre o começo e o final, havia muitos treinamentos, academia e longas caminhadas para ir de um lugar a outro.
Depois de uma semana e meia de testes no Brusque, Lucão foi indicado ao Carlos Renaux pelo técnico Agenor Cipriano. “Ele disse que até queria que eu ficasse, mas já tinha cinco volantes no time”, relata o rapaz.
Pelo Vovô, Lucão disputou a Copa da Associação Catarinense de Escolinhas de Futebol, incluindo uma vitória no clássico sobre o Paysandú por 4 a 2. Um dos jogos mais marcantes foi em Mafra, vencido por 2 a 1. Trabalhou no restaurante da família do amigo que o hospedava até 00h30, e precisava acordar às 3h30.
“Eu morava na Guabiruba, tinha que chegar às 4h, o jogo foi às 10h. Fui titular, e ainda participei do segundo gol. Acho que foi o jogo mais marcante”, conta.
Ainda sem saber se volta a Brusque, Lucão guarda boas lembranças de Brusque. “Fui muito bem recebido pelo meu amigo na cidade, e também pelo Carlos Renaux. Trabalhando em restaurante, atendia clientes e conheci muita gente.”
Até o fechamento desta matéria, anterior ao teste de Lucão, o volante estava sendo hospedado de favor na casa de amigos que conheceu, literalmente, durante a viagem. Deixou Brusque com o apoio financeiro de treinadores, amigos e patrocinadores que conquistou. Arrecadou dinheiro suficiente para se virar, incluindo a venda de sua bicicleta e de outros pertences.
O lebonregense de 18 anos ainda não sabe se conseguiria voltar ao Carlos Renaux imediatamente, por ainda não ter dinheiro para a volta. Mas já está ciente que deve fazer. “Outros clubes foram avisados que eu estou aqui. Senão der certo no Goianésia, talvez dê em outro de Goiás”, palpita.
Independente do resultado do teste, Lucão segue correndo atrás do sonho. Seja no Goianésia ou no Carlos Renaux, em outro time de Goiás ou até mesmo em Lebon Régis, o garoto busca inspiração em Cafu, que depois de nove peneiras sem sucesso, conquistou sua chance pra se tornar um jogador reconhecido no Brasil e no mundo. “Se tem um exemplo que eu sigo é o Cafu. O cara estava sempre acreditando, na vontade, imagina a dificuldade, mas lutou e conseguiu. É pura superação.”
O Goianésia está no Grupo A5 da Série D do Campeonato Brasileiro, com Águia Negra (MS), Aparecidense (GO), CEOV (MT), Goiânia, União Rondonópolis (MT), Vitória (ES) e o vencedor de Real Noroeste (ES) e Aquidauanense (MS).