Debate entre os candidatos a prefeito de Guabiruba tem troca de farpas e acusações
Evento foi realizado no domingo, 18, na Câmara de Vereadores do município
O debate entre os candidatos a prefeito de Guabiruba, realizado ontem na Câmara de Vereadores, foi marcado por fortes contrapontos entre Matias Kohler (PP) e Orides Kormann (PMDB), enquanto Osmar Vicentini (PRB) preferiu esquivar-se de polêmicas e ataques. Este foi o primeiro debate entre prefeituráveis no município em 24 anos.
O debate foi promovido pela Associação Empresarial de Brusque (Acibr), através do Núcleo Empresarial de Guabiruba, em parceria com o jornal Município Dia a Dia e com a TV Brusque. O jornalista Rodrigo Santos foi o mediador do encontro, que transcorreu normalmente.
A comissão julgadora de pedidos de resposta não precisou ser acionada. A coordenadora do Núcleo Empresarial de Guabiruba, Luana Schumacher Vaz, diz que a iniciativa foi produtiva.
“Vejo como muito positivo, e que seja o primeiro de muitos. Tivemos muitas perguntas, infelizmente algumas não puderam ser atendidas. Quem sabe, no futuro poderemos estender um pouco o tempo. O debate transcorreu tranquilamente, estamos muito felizes”, afirma.
O diretor da Acibr, Amilton Cardoso, destaca que não houve réplicas muito agressivas. Ele diz que o debate serve para esclarecer as propostas para o município. “Para a Acibr e para o povo de Guabiruba, é muito importante. A união faz a força, os empresários pensaram em que os candidatos têm a oferecer, e organizamos o debate”, diz.
Folha de pagamento
No primeiro bloco, os candidatos responderam uma questão sobre folha de pagamento feita pela organização. A primeira foi relacionada à folha de pagamento, pois a Prefeitura de Guabiruba está com o gasto com pessoal acima do limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Orides Kormann disse que a saída é enxugar a máquina pública, cortando cargos e gastos desnecessários. Já Matias Kohler fez um resgate do mandato. “Manter o equilíbrio [da folha] é um desafio, pois encontramos a situação já defasada quando assumimos a prefeitura”.
Osmar Vicentini também foi na linha de enxugamento. “É preciso reduzir a nossa máquina e extinguir cargos de confiança, se for necessário”, disse o candidato.
Controle de animais
A entidade Protegendo os Animais com Todo o Amor (Pata) também questionou se haveria uma política para os animais de rua, e também controle de zoonoses.”O triste é ver pessoas que abandonam os animais”, afirmou Kormann. “A nossa administração vai olhar com carinho e apoiar a Pata”.
No comentário, Kohler disse que é preciso apoiar a Pata, e talvez procurar uma forma de realizar as castrações na Secretaria de Agricultura.
Segurança pública
Sobre a segurança, Kohler afirmou que é importante promover ações como o programa Vizinho Solidário em toda a cidade. Ele também ressaltou que a prefeitura será parceira das forças de segurança, pois doará um terreno para as sedes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
No comentário, o candidato Vicentini apresentou uma de suas propostas para a segurança: a colocação de guaritas nas entradas da cidade. “Para quando houver ocorrência, um assalto, poder fechar a cidade”, justificou.
Trânsito
Quando questionado sobre as mudanças no trânsito, Vicentini disse que pretende mudar o tráfego no Centro. “Vou tirar a descida na frente dos Bombeiros”, comentou. Ele disse que pretende ouvir o povo sobre as alterações.
Kormann disse que não caberá apenas ao prefeito fazer as mudanças, é preciso ouvir especialistas.
Comércio ambulante
Foi questionado aos candidatos sobre as feiras itinerantes e o comércio ambulante, que são concorrentes dos lojistas fixos e não pagam os mesmo impostos. Kormann afirmou que, se eleito, fiscalizará o comércio ambulante. “Vamos controlar e escutar os lojistas sobre a melhor maneira para diminuir este problema”.
No comentário, Vicentini disse que é preciso ter mais fiscalização. “Temos que dar valor ao que temos aqui”.
Gastos
Novamente, a folha de pagamento voltou ao centro do debate. Foi perguntado o que Matias Kohler fará para diminuir as despesas do município. “O limite [da LRF] não foi extrapolado recentemente; em 2012, já estava extrapolado, em 52,4%”, afirmou, fazendo referência ao governo de Kormann, que foi prefeito até 2012.
O atual prefeito e candidato à reeleição disse que a administração municipal aposta na retomada da economia e no controle de gastos para voltar a gastar menos com pessoal. Ele disse que reduzir pessoal seria retroceder, fechando o hospital e escolas.
Kormann fez o comentário. “Quando o prefeito Matias era candidato, ele chegava e dizia que a folha de pagamento estava inchada, que tinha que varrer a prefeitura. Mas ele criou mais secretarias, inchando a folha”.
“Vamos ter uma postura diferente, não oferecendo cargos, reduzindo algumas secretarias e juntando outras. Reduzindo cargos, para a folha se adequar ao nosso orçamento”, afirmou Kormann.
Matias Kohler rebateu e disse que é “fácil falar em reduzir, mas criar expectativa de aumento em todas as propostas”.
Abastecimento de água
Sobre os problemas com o abastecimento de água da Casan, Vicentini disse que a solução não é necessariamente municipalizar o sistema. Ele afirmou que o mais importante é captar água limpa e “colocar água limpa nos canos”. “No meu governo, você não vai mais precisar comprar água para beber”.
Kohler repetiu que assim que o contrato com a Casan terminar, em 2018, ele irá municipalizar o abastecimento em Guabiruba.
Transparência
No terceiro bloco, os candidato fizeram perguntas entre si, e o clima esquentou. Kohler fez pergunta a Kormann sobre transparência na gestão pública e sobre a quantidade de ações que o peemedebista responde na Justiça. “Como o candidato explica que hoje, com uma inflação acumulada acima de 40%, conseguimos praticar preços com redução de até 50% em relação à sua gestão?”.
Kormann respondeu, em tom mais alto, que o grupo de Kohler passou quatro anos tentando torná-lo inelegível. Completou que nunca foi condenado em nenhum processo. “Denúncia é muito fácil de fazer, tem que esperar ser julgado”, afirmou.
Nepotismo
O candidato do PMDB questionou o adversário do PP sobre a moralidade da nomeação da secretária de Saúde, Patrícia Heiderscheidt. “O senhor acha ético manter a esposa como secretária de Saúde?”
Kohler rebateu dizendo que a escolha se deu pela competência de Patrícia, que já havia sido secretária em outra gestão municipal, e não pelo parentesco. Ele disse que no governo de Orides Kormann nomeava-se “motorista como diretor de áreas importantes”.
Terreno próximo à escola
Osmar Vicentini perguntou a Orides Kormann se ele concorda com um projeto de construir um local para lazer numa área que fica atrás da escola João Boos. “O nosso município precisa de área de lazer sim, mas precisa de recursos também”, respondeu o candidato do PMDB.
Vicentini fez a réplica na qual disse que pretende construir, na mesma área, o hospital municipal e a nova prefeitura.
Reajuste aos servidores
Kormann perguntou a Kohler sobre como ele fará para adequar a folha de pagamento, a fim de conceder aumento ao funcionalismo. Em 2016, não houve reajuste nos salários dos servidores. O atual prefeito disse que já pegou a prefeitura com gasto de 52,4% com pessoal. “E sofremos com com a queda na arrecadação”.
Kormann rebateu. “Em 12 anos, nunca passei do limite da folha”. “Vocês falam tanto o planejamento, onde está o planejamento”, completou. Kohler replicou reafirmando que apostará na retomada do crescimento da economia nacional, consequentemente, da arrecadação.
Recursos
Kohler também indagou Orides Kormann sobre como ele fará para buscar recursos dos governos federal e estadual. Ele afirmou que o seu governo conseguiu R$ 8 milhões com a União e R$ 4 milhões com o estado, enquanto o do adversário teria angariado R$ 1 milhão e R$ 100 mil, respectivamente.
“Se eu recebi tão pouco, então aproveitei muito bem, pois pavimentamos muitas ruas”, rebateu. Ele disse que obras perto da eleição é financiamento, os quais ele terá de pagar, se eleito. A discussão foi acalorada.
O atual prefeito disse que pegou a prefeitura com cerca de R$ 3,5 milhões em financiamento, oriundos da gestão de Kormann.
Escolha de secretários
Osmar Vicentini apresentou a sua proposta de que os secretários sejam eleitos por entidades ou um grupo de pessoas, em vez de serem indicados. “Queremos extinguir a confiança e criar a competência”.
Kohler não entrou no mérito da proposta e limitou-se a dizer que o secretariado dele é baseado na competência e não no cunho político.
Remédios e saúde
Orides Kormann pediu que Vicentini avaliasse um prefeito que prometeu entregar remédios nas casas, mas não o fez. O candidato do PRB manteve-se longe da briga. “Nem tudo é possível porque dependemos do crescimento do país”.
Já Kormann aproveitou para dizer que a entrega de medicamentos deve ser uma prioridade da prefeitura.
Assista ao debate entre os candidatos a prefeito de Guabiruba: