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Dedicação que resiste: Alfaiate guabirubense atende há seis décadas e tem prefeito como cliente

Valdemiro Kormann trabalhou por anos em duas das maiores confecções da história da região

Há mais de 63 anos na profissão, Valdemiro Kormann, 75 anos, ainda atua no conserto e na produção de roupas sob medida em Guabiruba. Ele trabalhou por décadas em confecções da região e ainda presta consultoria para várias empresas.

Além da experiência, o alfaiate também é famoso por costurar para pessoas conhecidas. Entre elas estão o arcebispo Dom Murilo Krieger; Emil Assad Rached, falecido jogador de basquete que interpretava o “gigante” do grupo Os Trapalhões e o atual prefeito de Guabiruba, Valmir Zirke.

Talento de berço

Atuando na área desde os 12 anos, Valdemiro começou quando se interessou em aprender a costurar. Ao assistir a mãe na função, veio o desejo de descobrir se tinha talento. E foi na alfaiataria do Ivo Fischer, já falecido, em Guabiruba, que Valdemiro deu os primeiros passos. Na empresa de Ivo, o guabirubense trabalhou por 14 anos.

“A vontade partiu por interesse próprio. Meu pai era carpinteiro e minha mãe costurava, mas era pouco. Eu fiz o primário, saí da escola e precisava trabalhar. Me apaixonei pela área desde o início”, recorda.

Valdemiro fazendo reparos em uma calça jeans. Otávio Timm/O Município

Trabalho manual

Na época em que começou, o alfaiate explica que todo o trabalho era feito manualmente. Quando se fala de maquinário, por exemplo, só existia uma máquina de costura reta – uma das mais comuns.

“Tudo era feito de ponta em ponta pois não se encontrava moldes de camisa com facilidade. O que mais me deixava orgulhoso era fazer um smoking ou terno, com seda. Fazíamos tudo com agulhinha, com muito cuidado e perfeccionismo. Isso é motivo de orgulho”, afirma Kormann.

Após trabalhar com Ivo e ter aprendido muitas técnicas, o guabirubense começou uma nova jornada na alfaiataria Krieger, por onde trabalhou por 22 anos. Na época, a empresa era uma confecção de roupas sociais de prestígio, o que ajudou no crescimento profissional de Valdemiro.

“Fazíamos ternos e gravatas em série, grandes quantidades. Lá aprendi a trabalhar com maquinários e modelos mais industriais, era muito diferente”, relembra.

Mode de costura atual e Valdemiro tirando as medidas do jogador de basquete Emil Rached. Otávio Timm/O Município

No término da sua jornada na fábrica, a empresa fechou e Valdemiro se viu mais uma vez de volta às origens, em casa. Trabalhou então por quatro anos na sua sala de costura até ser chamado para a Sly, empresa de confecção de Brusque onde o profissional presta consultoria.

“Nos anos 70 e 80 a alfaiataria viveu o seu auge, depois entrou a era do jeans, que tomou conta do espaço. Hoje em dia a roupa pronta é mais fácil e barata de conseguir”, revela.

Sala de costura. Otávio Timm/O Município

Esperança e visão

Valdemiro discorda da possibilidade de extinção da profissão, mas admite que está cada vez mais difícil encontrar mão de obra qualificada. Ele diz que para exercer a profissão é preciso conhecimento, o que se mostra raro hoje em dia.

“Ser alfaiate é ter paciência. A roupa não está pronta em uma ou duas horas, é necessário, no mínimo, três dias para fazer um terno perfeito. A costura nunca desaparecerá, mas os alfaiates estão diminuindo. O que ainda restou no cenário são reparos e consertos”, lamenta.

Questionado sobre o futuro, o guabirubense diz estar feliz onde está e que a passagem de conhecimento será seu grande legado na história.

“Dar consultorias e passar meu conhecimento de décadas para alguém que está começando agora não tem preço. Cada peça que consertei, reparei ou costurei é uma história, um momento. Me sinto feliz por ter feito parte da vida de várias pessoas. Estou satisfeito com o meu trabalho pois coloquei meu coração em cada linha e agulha. É assim que quero ser lembrado”, conclui.

Otávio Timm/O Município

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