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Dedicação que resiste: relojoeiro atua na área há 25 anos e torce para que neto siga na profissão

Cláudio Nilton trabalha para uma ótica de Brusque e aposta no neto para quando deixar a função

Tida como uma das profissões mais antigas do mundo, a de relojoeiro, é uma função que desde sempre exigiu muito cuidado e perfeccionismo nas ações. Hoje raros de se encontrar, os profissionais se modernizaram e atuam em várias funções.

Essa mobilidade necessária é um dos diferenciais de Cláudio Nilton, de 52 anos. Ele atua na área há 25 anos e atualmente trabalha na Ótica e Relojoaria Kohler, em Brusque.

Relojoeiro realizando a manutenção geral de um relógio. Otávio Timm/O Município

Um dos poucos relojoeiros ainda em atuação no município, ele acredita que a extinção da função está longe de acontecer, mas a carência de profissionais no mercado é uma realidade.

“Se estão falando que nossa profissão está acabando e não dou conta, imagina se não estivéssemos sendo colocados nessa posição. Para mim, mesmo os relógios vendendo menos que anos atrás, eles ainda são peças que possuem valor sentimental, de estilo e de moda” destaca Cláudio.

Os processos

Apaixonado pelo que faz, o relojoeiro explica que o processo de manutenção é o mais divertido do conserto. De acordo com ele, a maioria das pessoas não imagina a dificuldade que é, além de não terem ideia das diferenças dos maquinários.

“Os relógios podem ser muito diferentes entre si. Um chinês é muito diferente de um suíço e isso altera o valor. Quando me falam que um Rolex pode custar mais de R$ 100 mil e eu não me surpreendo, as pessoas ficam surpresas. Se elas abrissem um relógio, entenderiam o que eu falo”, diz o relojoeiro.

Processo de manutenção com equipamentos. Otávio Timm/O Município

Segundo o profissional, para que uma manutenção seja feita da forma correta, existem alguns passos que devem ser seguidos. Primeiro deve-se conversar com o cliente, procurar entender que tipo de relógio se trata e qual problema pode existir. Depois, é preciso executar a tarefa com atenção, habilidade e calma.

“Vamos verificar se o problema é pilha, se é água dentro do mecanismo, engrenagem solta ou alguma outra coisa. O maior problema que recebemos é a falta de manutenção. Tem clientes que não realizam a troca de peças há 15, 20 anos. O ideal é de dois a cada três anos realizar a manutenção”, relata.

Sucessor

Embora hoje exista o celular para conferir a hora, muitas pessoas ainda não deixaram de utilizar o relógio. A opção pelo uso do acessório vai além da funcionalidade. Com o mercado globalizado, a entrada de produtos diferentes e com bom preço no Brasil passou a ser realidade.

Cláudio acredita que, por mais que existam falsificações, uma parte do público ainda procura produtos originais e que tenham valor, visto que um relógio é um presente pessoal e que pode marcar certas épocas da vida.

“Eu entendo que o relógio é um item que você se apaixona e procura evoluir, comprar um melhor. É como um vinho ou um carro, você sempre quer beber ou comprar um melhor. O relógio é assim, é estilo, moda, sentimentalismo, apego e exclusividade”, diz o profissional.

Olhando para o futuro, Cláudio diz que quer se aposentar na profissão e que está muito feliz onde está hoje. Pergunta se procura um sucessor o profissional aposta no neto de três anos.

“Ele ainda é muito novo, mas tenho a esperança de que ele goste um dia, assim como aconteceu comigo. A profissão é linda, mas também é preciso um pouco do talento. Espero deixar isso para ele e torço para que um dia possamos brincar de mexer no tempo juntos”, conta, emocionado.

Otávio Timm/O Município

Começo na infância

Desde pequeno, o interesse por desmontar e montar objetos e brinquedos faz parte da vida de Cláudio. O que no início era uma diversão, acabou se tornando um vício quando quis descobrir como um despertador funcionava. A partir deste momento, os brinquedos ficaram em segundo plano e ele sentiu que havia encontrado o seu ofício de vida.

“Quando abri a estrutura vi que me encontrei. Já na adolescência desmontava relógios e despertadores. Aos 17 anos fui registrado pela primeira vez em uma joalheria e ótica de Blumenau. Comecei fazendo de tudo, entregas, pagamentos, tudo que uma ótica precisava, mas isso consome muito tempo. Quando fiquei somente nos relógios [18 anos depois] me apaixonei, era o que eu queria”, conta.

Cláudio com a carteira de trabalho assinada pela primeira vez em 1987. Otávio Timm/O Município

Cláudio ainda destaca fez um curso em 1986 na Technos [fábrica de relógios], em Curitiba, e que trabalhou como relojoeiro oficial após o profissional fixo do local onde trabalhava, em Blumenau, deixar o emprego.

Dessa forma, o profissional foi ensinado pelo dono da ótica e assim aprendeu muitas técnicas que foram importantes para sua formação profissional.

Certificado do curso da Technos e um relógio recém montado. Otávio Timm/O Município

“Tudo que aprendi foi importante e faz parte de mim. Cada profissional com quem eu trabalhei e cada relógio que realizei a abertura faz parte da minha história. Tenho orgulho de tudo isso”, conclui o profissional.


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