Deficientes auditivos encontram dificuldades em atendimento nos órgãos de segurança

Polícias Civil e Militar de Brusque não possuem agentes especializados em Libras

Deficientes auditivos encontram dificuldades em atendimento nos órgãos de segurança

Polícias Civil e Militar de Brusque não possuem agentes especializados em Libras

Uma pessoa surda-muda que precisar de atendimento policial em Brusque vai encontrar dificuldade. Recentemente, uma moradora de Brusque entrou em contato com O Muniicípio pois não sabia o motivo de um familiar ter sido detido, e não conseguia contato com a polícia porque era surda e não havia ninguém que entendesse a linguagem de sinais.

Atualmente, as polícias Civil e Militar não possuem agente com especialização em Libras. Porém, iniciativas dos orgãos de segurança do estado tentam mudar esse panorama. 

O delegado regional da Polícia Civil de Brusque, Fernando de Faveri, afirma que são bem raros os atendimentos do caso no setor de CNH, mas que eles já foram necessários e, na época, os atendimentos foram feitos por uma estagiária com conhecimento de Libras, a linguagem brasileira de sinais. Hoje ela não trabalha mais no local. 

“Hoje, se for necessário esse tipo de atendimento a pessoal vai ter que auxiliar escrevendo em uma folha ou adotando outra medida paliativa”, diz o delegado. Ele recorda que no último atendimento do tipo, o deficiente auditivo estava acompanhado de uma pessoa que pôde auxiliar na comunicação

A dificuldade é a mesma na delegacia da comarca. “Alguma [pessoa] tem conhecimento de leitura labial, às vezes conseguimos até atender”, conta a delegada Flávia Gonçalves Cordeiro.

Os delegados, porém, frisam que a Delegacia Geral da Polícia Civil, em Florianópolis, firmou neste mês uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para capacitar policiais com conhecimento básico em Libras a partir do próximo ano. A expectativa do delegado Faveri é que pelo menos um agente brusquense participe do curso.

Situação na PM

A Polícia Militar de Santa Catarina tem apostado na tecnologia para superar esse tipo de barreira.

O comandante do 18º Batalhão da PM de Brusque, tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, diz que na sede do batalhão não há nenhum atendimento específico para este público, mas que os pedidos de atendimento de emergência (190) podem ser feitos pelo site da corporação (www.pm.sc.gov.br/). 

Na última sexta-feira, a Polícia Militar também fez o lançamento oficial do PMSC Cidadão, aplicativo voltado para celulares Android e iOS, que poderá auxiliar no atendimento dos cidadãos com deficiente auditiva.

Mais avançado

O Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, por sua vez, está mais avançado nesta questão. É o primeiro do país a contar com um sistema de atendimento para surdos. O aplicativo SOSurdo foi lançado no dia 26 de setembro, em comemoração aos 93 anos da corporação.

O presidente da Associação de Surdos de Brusque (Asbru) Rafael Mafra, diz que há muitas dificuldades de comunicação no município. Ele ainda não está cadastrado no sistema, mas gostou da iniciativa principalmente por ser uma forma de inclusão e também uma ferramenta que permite mais uma autonomia.

“Eu acho muito necessário e interessante ter um aplicativo para os deficientes auditivos, que possa ajudar e facilitar o contato com o Corpo de Bombeiros em caso de um acidente ou outro problema”, comenta Mafra.

No estado, os bombeiros militares e comunitários passaram por treinamentos de Libras, para atender com qualidade a comunidade surda.

No entanto, conforme explica o 2º sargento Carlos da Silva, do setor de Comunicação Social da 3ª Companhia de Bombeiros Militar, nenhum bombeiro do batalhão de Brusque participou do curso por conta da falta de efetivo. Como as atividades aconteceram em Florianópolis, não foi possível deslocar pessoal. “Estamos aguardando o curso que tem previsão de ocorrer no batalhão, onde enviaremos alguns bombeiros”, afirma.

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