“Deixou cicatrizes na cidade”, diz ex-prefeito Paulo Eccel após dez anos da cassação

Brusque passou por período de instabilidade política com interrupção do mandato de Paulo Eccel e Farinha

“Deixou cicatrizes na cidade”, diz ex-prefeito Paulo Eccel após dez anos da cassação

Brusque passou por período de instabilidade política com interrupção do mandato de Paulo Eccel e Farinha

O afastamento do ex-prefeito Paulo Eccel após cassação de mandato na Prefeitura de Brusque completa dez anos nesta segunda-feira, 31. A interrupção da gestão decidida pela Justiça iniciou um período de incertezas no município, com três grupos políticos diferentes na prefeitura em dois anos.

O então presidente da Câmara de Brusque, Roberto Prudêncio, assumiu a prefeitura de forma interina, até uma nova eleição. Ele exerceu o cargo provisoriamente por pouco mais de um ano. Uma eleição indireta entre vereadores ocorreu em junho de 2016 e elegeu prefeito o ex-deputado estadual José Luiz Cunha, o Bóca.

Bóca chefiou o Executivo por meses. Nas eleições municipais daquele ano, Jonas Paegle foi eleito prefeito e encerrou o período de incertezas com trocas no comando da prefeitura.

A cassação de Paulo Eccel envolve o uso de verbas para fins institucionais, em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entendeu que houve irregularidade. Em 2017, ele foi absolvido em decisão do então ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida do magistrado retomou a condição de elegibilidade e os direitos políticos do ex-prefeito.

Aliados de Prudêncio (esq.) subiram rampa da prefeitura para posse do então presidente da Câmara como prefeito, em 31 de março de 2015. Foto: Marcelo Reis/Arquivo O Município

Paulo relembra governo

Paulo Eccel considera que o caso ficou marcado na história de Brusque. Na época em que foi cassado, o ex-prefeito dizia entender que houve armação para removê-lo do cargo. Atualmente, ele reforça o entendimento de que adversários políticos se movimentaram nos bastidores para influenciar a cassação.

“Aquela ação deixou cicatrizes na cidade. Estávamos respirando democracia. A democracia não é só uma palavra bonita para uma poesia. A democracia acontecia na prática. Existia um sistema de participação social”, considera.

Atualmente, Paulo é superintendente do Ministério do Trabalho em Santa Catarina. Ele disputou quatro eleições desde que recuperou os direitos políticos, duas para deputado estadual e duas para prefeito.

“Eu não poderia finalizar a minha vida política, o meu sonho e o meu projeto de sociedade a partir de uma armação. Se eu de fato tivesse paralisado minha carreira naquele instante [da cassação], faria aquilo que uma parcela dos responsáveis queriam. O sonho é muito maior do que a dor vivida”.

O ex-prefeito cita duas obras do governo que foram paralisadas e, até hoje, não tiveram desfecho: macrodrenagem da avenida Primeiro de Maio e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas. “O PAC da Primeiro de Maio continua se arrastando”, opina.

O prédio que receberia a UPA no bairro Santa Terezinha foi inaugurado em julho de 2024 como Pronto Atendimento (PA). Agora, a atual administração busca modificar a habilitação do espaço para que possa atender como UPA 24 horas, projeto do governo federal.

“Quando saímos, a primeira atitude do governo interino [de Roberto Prudêncio] foi encaminhar um documento ao Ministério da Saúde abrindo mão do projeto UPA 24 horas. Recentemente, a atual secretária de Saúde esteve em Brasília para buscar reverter aquela decisão”.

Prédio em que atualmente está o PA do Santa Terezinha em 2017; inicialmente, imóvel seria UPA 24 horas. Foto: Marcos Borges/Arquivo O Município

Cassação na memória de Farinha

O ex-vice-prefeito Evandro de Farias, o Farinha, teve o mandato cassado junto com Paulo Eccel. Ele não apareceu mais na prefeitura após a decisão da Justiça e concedeu poucas entrevistas sobre o assunto. Farinha, que hoje vive em Balneário Camboriú, lamenta a perda do mandato, pois entende que o projeto político foi interrompido.

“O tempo passa muito rápido. Olhamos para trás com uma sensação de que não terminamos o que começamos. É uma história que foi cortada pela metade”, afirma.

Paulo e Farinha foram eleitos prefeito e vice em 2008 e continuaram a parceria para o segundo mandato, que iniciou em 2013. No entanto, pouco tempo depois da reeleição, a dupla rompeu.

“A parceria política não existe mais. Mas, hoje, quando nos encontramos, conversamos. Temos outra linha política, mas não existem inimigos. A amizade continua”, afirma. Ele não pretende retornar à política.

Paulo Eccel (esq.) e Farinha (dir) no gabinete do prefeito. Foto: Prefeitura de Brusque/Divulgação

História se repete

Aproximadamente oito anos após a cassação de Paulo Eccel, Brusque passou por um processo semelhante com outro prefeito. Ari Vequi e o então vice-prefeito Gilmar Doerner foram afastados do cargo por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Então presidente da Câmara, André Vechi assumiu a prefeitura interinamente, até ser eleito em pleito fora de época em setembro de 2023 e reeleito em 2024.

Em dez anos, Brusque teve seis prefeitos: Paulo Eccel (até março de 2015), Roberto Prudêncio (2015-2016), Bóca Cunha (2016), Jonas Paegle (2017-2020), Ari Vequi (2021-2023) e André Vechi (a partir de 2023). Desde o primeiro mandato de Paulo, somente Jonas completou quatro anos como chefe do Executivo.


Assista agora mesmo!

Kai-Fáh: Luciano Hang foi dono de bar em Brusque, onde conheceu sua esposa:


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