Delegado detalha investigação que resultou em condenação de assaltantes do Banco do Brasil, em São João Batista
Crime ocorreu em 11 de fevereiro de 2017, quando criminosos trocaram tiros com policiais e três foram mortos no confronto
Jolvane Azeredo Oliveira, 40 anos, conhecido por Burro, último criminoso que atuou na tentativa de roubo frustrado à agência do Banco do Brasil, em São João Batista, foi condenado a pena de 29 anos de reclusão.
O crime, que ocorreu em 11 de fevereiro de 2017, foi considerado uma das ações mais violentas no Estado.
O juiz Alexandre Murilo Schramm, titular da 2ª Vara da comarca de São João Batista, fixou a sentença em regime inicial fechado.
O delegado Anselmo Cruz, titular da Divisão de Roubos e Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic-SC), foi o responsável pela investigação que iniciou cerca de três meses antes do crime.
“Não tínhamos a certeza de que eles agiriam em São João Batista, por isso, tínhamos policiais espalhados por outras cidades da região, caso a quadrilha mudasse o destino de atuação”, informa.
Ao todo, 15 criminosos estiveram envolvidos na ação, sendo que alguns estavam em frente à agência do Banco do Brasil e outros trabalharam na logística do crime e da fuga.
A ação criminosa, segundo a sentença, demonstrou a ousadia dos integrantes que, fortemente armados, renderam e fizeram vítimas como escudo humano para repelir à aproximação da polícia.
Houve confronto direto e troca de tiros contra às forças de segurança, sendo que o delegado Anselmo e um agente policial foram também baleados e precisaram de cuidados médicos.
Na ocasião, três assaltantes foram mortos e um ficou bastante ferido. Em 3 de março do mesmo ano, dois homens identificados como líderes do grupo foram mortos em novo confronto com a polícia na cidade de Taquara, no Rio Grande do Sul. “A quadrilha era praticamente toda do Rio Grande do Sul e foi indiciada por diversos crimes dessa mesma natureza”, conta Cruz.
No dia da ação, os policiais apreenderam um verdadeiro arsenal de armas de fogo, e ainda munições, explosivos, coletes balísticos e apetrechos utilizados pela quadrilha.
Os demais integrantes do grupo foram presos em momentos diferentes, havendo sucessivos desmembramentos.
Prisão do último integrante
A prisão de Oliveira ocorreu em 8 de maio do ano passado, em Canoas, no Rio Grande do Sul. A ação mobilizou os policiais civis catarinenses e gaúchos de ambas as Deic.
O delegado Anselmo Cruz conta que o homem foi surpreendido quando saía de casa. “O que chamou a atenção foi que ele usava uma bolsa de colostomia no corpo, o que faz com que acreditasse que ele tenha sido ferido também no assalto em São João Batista, mas mesmo assim conseguiu fugir”.
Coroação do trabalho
O delegado da Deic diz que saber que o último integrante foi condenado com uma pena proporcional ao crime praticado, traz a sensação de coroação do trabalho da Polícia Civil. “Além do confronto que tivemos, o trabalho investigativo que acontece nos bastidores foi muito importante e trouxe resultados, como a identificação e o alcance de todos os responsáveis pelo crime”.
Cruz ressalta que após esta ação da polícia, que ganhou destaque em todo o estado, os assaltos em agências bancárias tiveram grande redução. “A medida pedagógica adotada pela polícia demonstra aos demais criminosos que é uma ação muito arriscada, pois pode até haver a tentativa de afrontar a polícia, mas a nossa capacidade e técnica é muito mais avançada. Neste tipo de ação, os criminosos sempre levarão a pior”, frisa.
Como ainda há pendências de julgamentos em segundo grau de alguns criminosos, o delegado acrescenta que aguarda também por esses resultados e que sejam positivos para toda a comunidade.