Saldo de demissões em julho foi o pior registrado nos últimos sete anos
Brusque fecha o cadastro de empregados com saldo negativo pelo terceiro mês consecutivo
Brusque teve queda brusca na geração de empregos em julho, segundo dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE). No mês passado, houve 2328 contratações e 2622 demissões no município, o que gerou um saldo negativo de 294 empregos. Esse é o pior resultado em um mês de julho desde 2007, ano em que o Caged passou a divulgar estatísticas.
Esse é o terceiro mês consecutivo em que o município fecha o cadastro de empregados com saldo negativo. Em junho, entre admissões e demissões, o saldo negativo ficou em 81; já em maio, a cidade gerou 2427 empregos formais, mas 2449 pessoas foram demitidas, originando um saldo negativo de 22. Ainda segundo o Caged, desde 2007, foi a primeira vez que Brusque não conseguiu fechar o mês de julho com saldo positivo.
Os números registrados no município se repetem em âmbito estadual e nacional: no Brasil, foram criados 11.796 novos empregos formais. Esta marca é a mais baixa para o mês desde 1999, e representa uma queda de 71,5% na comparado ao mesmo mês de 2013, quando foram criadas 41.463 vagas. No estado, a indústria catarinense registrou forte fechamento de vagas no último mês: foram 2008 postos.
A exemplo de Santa Catarina, a indústria também puxou o aumento do desemprego no município. Com exceção de auxiliar de conservação de vias, a lista dos três cargos mais demitidos em julho traz dois ligados ao setor industrial: operador de máquinas fixas e alimentador de linha de produção.
Sem crise, diz presidente da Acibr
Apesar do número de demissões, os empresários sustentam que não há crise econômica, mas uma reestruturação da mão de obra. Edemar Fischer, presidente da Associação Comercial e Industrial de Brusque (Acibr), garante que as empresas retomarão as contratações a partir do fim de agosto.
“O que está ocorrendo é um ajuste dentro das indústrias, no quadro de funcionários, na questão da mão de obra especializada. Isso é que gerou esse aumento de demissões”, diz Fischer. Ele acrescenta que, somente na empresa a qual dirige, por exemplo, em torno de 75 contratações devem ocorrer no início de setembro, em busca de mão de obra com maior qualificação.
O presidente da Acibr, contudo, não nega que o atual cenário econômico, sobretudo por ser ano eleitoral, tem trazido um pouco de receio às empresas, na hora de aumentar seu investimento. Mas, diz ele, “daqui para frente as coisas deverão se normalizar”.
Para economista, é tempo de recessão
O economista Wagner Dantas, contudo, afirma que a economia brasileira está, oficialmente, entrando em recessão. Na sua avaliação, a queda brusca na empregabilidade em julho é reflexo de queda na produção do país.
“Se não há crescimento na produção, automaticamente aumenta o desemprego. Isso está acontecendo no Brasil e Brusque sofre, por ser uma cidade bastante industrial. Se analisar a composição do PIB do município, 50% é originado na indústria”, diz o economista.
Dantas avalia que há uma “queda constante” na atividade econômica do país e, para ele, é só questão de tempo até o governo admitir uma recessão. “Quando há três trimestres consecutivos de queda, pode-se afirmar que o país entrou em recessão, e isso está pra acontecer este mês”.
Ele é prudente ao comentar a influência da copa do mundo, que terminou no mês de julho, nessa desaceleração da economia. “Ainda é cedo para avaliarmos o impacto da copa. Ainda não se tem dados para avaliar se ela ajudou ou prejudicou”.
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