Dentista de Brusque é credenciado para fazer retirada de células-tronco de dentes de leite
William Cesar Caldas Lopes é o primeiro profissional autorizado a realizar este tipo de procedimento em Santa Catarina
O cirurgião-dentista William Cesar Caldas Lopes, da Clínica Odonto Sharing, de Brusque, é o primeiro profissional de Santa Catarina credenciado a um Centro de Tecnologia Celular (CTC). Com isso, ele está habilitado para fazer a coleta de células-tronco encontradas na polpa do dente de leite das crianças.
Credenciado há cerca de seis meses, Lopes realiza a coleta em Brusque e depois encaminha o material para o Curityba Biotech, laboratório que é responsável por fazer o tratamento, multiplicação e armazenamento dessas células.
Para se credenciar, Lopes precisou realizar um curso e enviar toda a documentação junto com laudos de seu consultório para a análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que depois de toda a avaliação o autorizou a realizar este tipo de procedimento.
Lopes afirma que decidiu se credenciar porque as células extraídas do dente de leite têm inúmeros benefícios. “A extração de células-tronco do dente de leite, do siso, da pontinha de uma raiz que está nascendo, pode servir para reconstrução de ossos, pele, e outros órgãos. Não é restrito somente ao sangue”.
O profissional ressalta que a grande vantagem da célula-tronco capturada de um dente de leite é que toda a família poderá fazer uso do material, se necessário. “Se as células são retiradas do dente de um neto, o avô poderá utilizá-la. Não há rejeição, basta que tenha algum parentesco sanguíneo”.
O procedimento
Lopes explica que quando o dente de leite da criança começa a amolecer, os pais podem levá-lo ao consultório para uma avaliação. São solicitados vários exames, o histórico familiar e então é feito um protocolo.
Se estiver tudo certo, é feita a coleta, que é remoção cirúrgica simples do dente. Logo em seguida, o material é encaminhado para o laboratório em Curitiba. “Não é só levar a criança com o dente mole e retirar, tem todo um processo minucioso por trás”.
Para fazer o armazenamento, é fundamental que o paciente esteja saudável, o que garante que, no futuro, quando for usá-las, ele não vá readquirir vírus ou bactérias que estavam nele mesmo quando a coleta foi feita. Não é permitido coletar material de pacientes que estejam com cáries ou placa bacteriana, por exemplo.
A época de coleta desse material é entre os 6 e 12 anos, que corresponde ao período de troca dos dentes de leite. Estudos sugerem que a obtenção da polpa do dente de leite nessa idade possui maior concentração e viabilidade celular por ser mais jovem quando comparada às células-tronco obtidas a partir da dentição permanente.
Quanto custa?
Os valores para realizar o armazenamento das células-tronco no laboratório a qual o profissional de Brusque é credenciado, giram em torno de R$ 3 mil pelo processamento do material e R$ 700 para a primeira amostra. Isso significa que uma pessoa que vá armazenar seu material vai gastar por volta de R$ 3,7 mil se quiser manter apenas uma amostra no banco.
Cada amostra adicional custa aproximadamente R$ 400. Depois de feito o processamento, paga-se uma taxa anual de mais ou menos R$ 700 pela primeira amostra e R$ 400 por cada uma das demais. Fora isso, também é preciso considerar o custo da coleta, que deve ser negociado com o dentista responsável por ela. O material pode ficar armazenado por mais de 50 anos.
Sobre as células-tronco
As células-tronco são células com a capacidade de se transformar (diferenciar) em qualquer célula especializada do corpo, ou seja, células características de uma mesma linhagem. Elas são capazes de se renovar por meio da divisão celular mesmo após longos períodos de inatividade e induzidas a formar células de tecidos e órgãos com funções especiais.
Diferente de outras células do corpo, como as células musculares, do sangue ou do cérebro, que normalmente não se reproduzem, células-tronco podem se replicar várias vezes. Isso significa que a partir de uma cultura de células-tronco é possível produzir milhares.