X
X

Buscar

Dermatologistas de Brusque falam sobre queda de cabelo causada pela Covid-19

Queda é um dos efeitos da Covid-19 e pode durar até seis meses

Cerca de dois a quatro meses após serem infectados pelo coronavírus, muitos pacientes têm observado um aumento acentuado da queda de cabelo. Este é um sintoma da chamada covid-19 persistente e, de acordo com estudo feito por pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, México e Suécia, pode afetar cerca de 25% dos pacientes.

O dermatologista Vinícius Berticelli Tomazzoni, da Tag Klinik, afirma que tem recebido muitos pacientes com essa queixa em seu consultório. 

O mesmo acontece com a dermatologista da Techy Medicina Integrada, Cintia Masson. “A procura de pacientes com queda de cabelo está bem frequente. Tenho muitas pacientes com esta queixa após se recuperarem da Covid-19. Não tem preferência por sexo, o fato é que as mulheres se preocupam mais com a queda e procuram mais o dermatologista por essa queixa”, afirma.

De acordo com ela, a Covid-19, assim como várias doenças febris, pode ocasionar uma alteração capilar, chamada de eflúvio telógeno, que causa um aumento da quantidade de fios na fase telógena do ciclo capilar, que é a fase de queda.

O dermatologista da Tag Klinik explica que quando o paciente tem sintomas mais severos da Covid-19, como febre alta, mal-estar geral e dificuldade para respirar, pode desenvolver posteriormente o eflúvio telógeno.

“O eflúvio telógeno é uma doença capilar que tem várias causas, várias situações podem desencadear. Desde uma infecção pelo coronavírus, ou qualquer outra infecção como pneumonia, uma cirurgia grande, internação em UTI ou até mesmo doenças mais leves, como anemia, podem ser causadoras”.

Tomazzoni explica que, com a Covid-19, os pacientes sofrem um estresse grande no organismo que em alguns casos debilitam a raiz do cabelo, gerando a queda acentuada. Isso pode ocorrer, principalmente, em pacientes com deficiências de vitaminas e ferro, por exemplo.

A queda de cabelo pode surgir de dois a quatro meses após a infecção pela Covid-19 e durar até seis meses. “Essa perda de cabelo do eflúvio telógeno é totalmente reversível. Tem duração de seis meses e os cabelos voltam a crescer normalmente”, destaca Cintia.

De acordo com ela, é normal a queda de 100 fios ao dia, porém, quando a pessoa começa a encontrar muito cabelo no travesseiro, no chão e no ralo do banheiro quer dizer que a queda está fora do padrão normal. Pessoas com eflúgio telógeno costumam perder cerca de 300 fios por dia.

Tratamento

Tomazzoni ressalta que o diagnóstico correto do eflúvio telógeno é que vai determinar a forma de tratamento para esse sintoma.

“É muito importante que o dermatologista faça o exame do couro cabeludo para saber se realmente se trata do eflúvio telógeno. Feito o diagnóstico, se for um caso leve, o recomendado é o paciente aguardar esses meses, em que é esperado que o couro cabeludo volte ao normal. Já casos mais graves, geralmente é recomendado um complexo vitamínico para o cabelo”.

O médico afirma que o acompanhamento nutricional, principalmente de pacientes que ficaram muito tempo em UTI, e a retomada da prática de exercícios físicos pode ajudar a acelerar o retorno do couro cabeludo ao seu estágio normal.

A dermatologista da Techy observa ainda que existem tratamentos para abreviar a duração da queda, mas também é possível tratar outros componentes que estão associados a Covid-19 e podem favorecer a queda de cabelo, como é o caso da deficiência de ferro e vitamina D ou outras deficiências nutricionais.

Gatilho para outras doenças capilares

Tomazzoni observa que a queda de cabelo pós-Covid-19 está originando o diagnóstico de outras doenças capilares pré-existentes, mas que não eram percebidas pelos pacientes antes, como a alopécia – popular calvície.

“Muitas vezes, esse aumento da queda diária de cabelo acaba sendo gatilho para doenças capilares que já estavam acontecendo, mas não de forma aparente. O eflúvio telógeno faz com que as pessoas prestem mais atenção e então é possível diagnosticar. Se após quatro meses, o cabelo não volta ao que era antes, é provável que se tenha outra doença capilar anterior, que a Covid-19 acentuou”.