Desabamentos em ruas do Souza Cruz deixam moradores em alerta
O problema existe desde 2008, mas ainda não foi resolvido
O problema existe desde 2008, mas ainda não foi resolvido
Um problema antigo coloca em risco a segurança de cerca de 20 famílias que moram no loteamento Dona Ana, próximo ao cemitério Parque da Saudade, no bairro Souza Cruz.
Com as chuvas intensas das últimas semanas, a água que cai na rua Catarina Izabel Knihs Kormann não consegue escoar e infiltra-se no solo. Com isso, um buraco de aproximadamente três metros se abriu na pavimentação da rua, à beira do barranco. O asfalto e a terra estão tão instáveis que os moradores temem que tudo desabe para a rua debaixo: a Andrino Bento Amorim, que já apresenta rachaduras na pista. O local fica em uma Área de Preservação Permanente (APP). Ambas as ruas estão com a passagem de trânsito impedido, como medida de segurança.
A Defesa Civil de Brusque interditou a Catarina Kormann no fim da tarde de quinta-feira, 22, e a Andrino Amorim na sexta-feira, 23. Porém, até hoje, ainda não foi apresentada uma solução, e pelas informações dos setores da prefeitura que estão vistoriando as ruas, deve demorar para que algo seja feito para resolver definitivamente o problema que existe desde 2008, segundo relatam os moradores.
Antônio Raulino Petri, morador da rua Catarina Kormann, conta que há sete anos a via cedeu um pouco, em 2011 foi mais e, em 2013, a situação se repetiu. Neste ano foram mais de três metros de cratera que se abriu. Ele diz que vem muita água pela mata, que infiltra, pois não tem vazão e nem canalização. Em 2011 foram colocados eucaliptos para fechar o buraco. No ano de 2013 despejou-se areia, no entanto, foram medida paliativas. “Nunca fizeram alguma coisa para acabar com o problema. O buraco está abrindo cada vez mais. Se abrir mais três metros, não consigo entrar em casa. A gente está desesperado. Ficam tapando o sol com a peneira”, afirma.
Petri diz que neste ano diversos órgãos estiveram vistoriando a via, mas não apresentaram o que poderá ser feito. “Não adiante resolver a situação no momento, porque senão a cada cheia vai acontecer a mesma coisa. Se não sustentar lá embaixo (na rua Andrino Amorim) não vai adiantar fazer um trabalho aqui (rua Catarina Kormann), porque vai continuar descendo”.
O morador diz ainda que mesmo sem ter conhecimento técnico, acredita que uma canalização na água da mata minimizaria o problema. “Espero que façam algo por mim e pelos outros moradores. Para onde vou ir se só tenho essa casa?”, diz, angustiado.
O que também preocupa um morador da rua Andrino Amorim, que não quis se identificar, é a falta de respeito dos motoristas, que mesmo sabendo do risco de deslizamento continuam passando pela via. Ele conta que essas pessoas chegam a tirar a sinalização para passar com os veículos. “A rua está interditada, a qualquer momento pode cair uma árvore e eles insistem em fazer o percurso por aqui”. A rua é secundária e o trecho interditado é de cerca de um quilômetro. A via dá acesso aos bairros Dom Joaquim e Azambuja e está situada a menos de 700 metros do cemitério municipal.
“O buraco está abrindo cada vez mais. Se abrir mais três metros, não consigo entrar em casa. A gente tá desesperado” – Antônio Raulino Petri, morador da rua Catarina Kormann
Solução está distante
A Defesa Civil, Secretaria de Obras, de Trânsito, e o Departamento Geral de Infraestrutura (DGI) estiveram no local nos últimos dias e acompanham a situação. No entanto, questionados pelo Município Dia a Dia sobre o problema e como resolvê-lo, as opiniões se divergem
[accordion][acc title=”Infraestrutura”]O diretor geral do DGI, Rúbio Steingräber, diz que fez a vistoria, porém, é a Defesa Civil que dará o parecer final sobre o local. Ele afirma que desmoronamentos em terrenos localizados em encostas são frequentes, mas ressalta que não deve afetar a casa dos moradores de cima (rua Catarina Kormann). “O tempo está dando uma firmada. A probabilidade é que vai diminuir o risco de deslizamento”.
Ele diz que hoje, junto aos outros órgãos, serão feitas vistorias em vários locais atingidos pelas chuvas em Brusque, inclusive nas ruas citadas nesta reportagem. [/acc][/accordion]
[accordion][acc title=”Obras”]Já o secretário de Obras, Miguel Comandoli, afirma que é preciso esperar o tempo melhorar para mexer no espaço. Ele diz que é necessário realizar um levantamento topográfico e elaborar um projeto para saber qual o melhor procedimento a se fazer. Porém, o secretário acredita que um muro de contenção na rua Andrino Amorim, onde escoa o barro, seria uma alternativa. “Pra mim era um fato desconhecido. Só sabemos quando acontece, mas temos noção que é um problema sério, ainda mais se continuar chovendo, porque aumenta o risco de desmoronamento”.[/acc][/accordion]
[accordion][acc title=”Trânsito”]O secretário de Trânsito e Mobilidade (Setram), Bruno Knihs, afirma saber que o problema existe nas vias desde 2008, por meio de moradores. Ele diz que tem consciência que pode acontecer um desmoronamento a qualquer momento e que, por isso, como precaução, a Setram interditou a via assim que observou o perigo. “Em outras épocas foi feito estaqueamento, só que não resolveu por completo. Foi feito algo paliativo, mas o perigo continua iminente e qualquer um pode ser soterrado”.
Knihs ainda afirma que o engenheiro e diretor geral do DGI, Rúbio Steingräber, fez uma análise criteriosa do local, e que todas as entidades juntas tomarão uma atitude para solucionar definitivamente o problema. “Depois precisaremos mandar um relatório para o governo federal, e isso não depende somente de nós. Pode ser uma ou duas semanas, ou até um mês”. [/acc][/accordion]
[accordion][acc title=”Defesa Civil”]A diretora da Defesa Civil, Renate Klein, diz que tomou conhecimento da situação destas ruas somente neste ano, e que a partir do laudo, que foi finalizado ontem, poderá se saber o que fazer no local. Ela afirma que sabe do risco e por isso o espaço está interditado e que não será liberado até que se resolva o problema. A reportagem não teve acesso ao laudo. [/acc][/accordion]
Sem registros
Desde a sexta-feira, 23, não foram registradas ocorrências relacionadas às cheias. No entanto, a diretora ainda alerta para o risco de deslizamentos. “Como choveu muito e continua garoando, o solo está encharcado e por isso a atenção precisa continuar”.