Desabastecimento começa a afetar indústrias da região de Brusque
Sem condições de transportar entregas e nem receber matérias-primas, empresas já interrompem trabalhos
Sem condições de transportar entregas e nem receber matérias-primas, empresas já interrompem trabalhos
A produção industrial da região de Brusque foi afetada pelo desabastecimento gerado pela paralisação dos caminhoneiros que completou cinco dias nesta sexta-feira, 25.
Algumas empresas, principalmente do setor têxtil, já paralisaram suas atividades por falta de matéria-prima e também por não ter como escoar a produção.
Na Favo Malhas, por exemplo, o setor de produção está parado desde as 22h de quinta-feira, 24. O gerente financeiro da empresa, Valter Francisco Schmitt, destaca que o principal problema é a falta de insumos. “Recebemos insumos quase que diariamente, não temos em estoque, por isso, estamos sem”.
Segundo ele, não há previsão de retorno das atividades na empresa, que aproveitou a paralisação para fazer a manutenção das máquinas.
A Toalhas Groh, no Rio Branco, paralisou a produção no segundo turno de quinta-feira. A intenção, segundo um dos diretores da empresa, Jonas Groh, é retornar as atividades na segunda-feira, 28, entretanto, não há garantias.
Groh, que é coordenador do Núcleo dos Fabricantes de Toalhas da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), afirma que 50% das empresas integrantes do núcleo estão sofrendo com o desabastecimento e paralisaram a produção.
“Até hoje, 50% das empresas estão sofrendo com o desabastecimento. Se a greve continuar durante o fim de semana, até segunda-feira, mais 30% das empresas começarão a paralisar. Podemos chegar até a 100% se ao longo da próxima semana a situação não se resolver”.
O empresário afirma que a maioria das empresas recebe algodão do Mato Grosso do Sul e da Bahia, por isso, não tem como o insumo chegar até o município. Outras empresas estão com o algodão nas fiações de Botuverá, um dos pontos de bloqueio no estado.
Groh destaca que muitas empresas estão pensando em dar férias a parte dos funcionários até que a situação se normalize. “Mesmo se a greve acabar amanhã, até voltar à normalidade vai um certo tempo”.
O coordenador do núcleo diz que além da paralisação dos caminhoneiros, os empresários do setor têxtil estão sentindo dificuldades por conta do preço do algodão. “Estamos vivendo o maior preço do algodão nos últimos 100 anos. Com o algodão caro, não conseguimos repassar o preço ao consumidor, por isso, ficar este tempo parado é até uma vantagem”.
A HJ Tinturaria também têm enfrentado problemas com a paralisação. O gerente da empresa, Marcos Staack, afirma que desde terça-feira, 22, a tinturaria não tem recebido malhas para realizar o tingimento.
“Os clientes não estão conseguindo trazer a mercadoria. Temos muitos em São Paulo que não tem como chegar aqui. O mesmo acontece com as empresas da região”, diz.
Ele afirma que quanto aos insumos, a empresa ainda tem estoque até terça-feira, 29. “A partir daí começamos a entrar em uma situação mais preocupante”.
O gerente também afirma que têm produtos prontos para serem entregues aos clientes, porém, não é possível transportar. “O faturamento cai drasticamente porque nosso depósito está cheio de mercadoria pronta, mas não conseguimos faturar porque não tem transporte”.
Construção civil
Na construção civil, o presidente do Sinduscon, Fernando José de Oliveira, afirma que o setor não está sofrendo grandes problemas com deslocamento, pelo fato de as obras serem próximas. Entretanto, algumas empresas já estão com problemas para receber matéria-prima, como tijolos e cimentos. “Quem não tem reserva desses materiais, serão afetados, com certeza”.
Oliveira afirma que sua própria empresa, a Walpa Instaladora Elétrica, está sofrendo com a paralisação. “Temos distribuição de material elétrico parado nas estradas, não está chegando aos clientes e não tem previsão de chegar”.
O presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Halisson Habitzreuter, afirma que a classe empresarial é afetada como um todo pela paralisação, porém, apesar dos transtornos, a maioria dos empresários é solidário com a causa.
“O sentimento é que a greve está representando o que a população está sentindo. O impacto na economia é grande, mas ainda não surgiu aquele grau de revolta. Não existe um sentimento contra”, avalia.