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Desfile de São Nicolau mantém viva a tradição trazida pelos imigrantes alemães

Pelznickels e Christkindl também integraram o evento por bairros de Guabiruba

De chapéu pontudo e roupa azul com detalhes brancos, ao lado de uma moça totalmente de branco, São Nicolau e Christkindl cruzaram diversos bairros de Guabiruba na noite desta quarta-feira, 6. O desfile encantou uma vez mais as crianças e os idosos, que relembraram a tradição centenária que ainda hoje persiste.

Dionísio Kohler, sentado em sua cadeira na frente de casa na rua Brusque, no Centro, assistiu à passagem de São Nicolau, Christkindl e os Pelznickels, o Papai Noel do Mato. Ele conta que, ao ver os personagens passarem, lembrou da infância no Aymoré.

“Quando o Pelznickel, o São Nicolau e a Christkindl passavam era uma diversão porque era raro ter chocolate naquela época”, diz o senhor. Para Kohler, a manutenção da tradição é fundamental para que mais crianças conheçam as tradições de Guabiruba.

Do outro lado da rua, Lídia Schweigert foi ávida em busca dos doces jogados por São Nicolau. Gervasio Schweigert, o Gervasio Pupa, que cuida de Lídia, deficiente intelectual, conta que os personagens são muito queridos por ela.

Pupa é outro que viveu na pele a tradição dos Pelznickels e de São Nicolau. Com 64 anos, e morador da rua Brusque desde o nascimento, ele lembra que acompanhava as passagens dos Pelznickels desde criança.

Gervasio Pupa assistiu encantado à passagem da comitiva. Morador próximo à prefeitura, ele conta que nos últimos anos “está tudo muito bonito em Guabiruba”.

Ele se refere ao resgate das tradições germânicas feito pela Sociedade do Pelznickel, entidade responsável pelo desfilo e pela Pelznickelplatz, que abre neste fim de semana no bairro Imigrantes.

Pupa é conhecido por fazer doces de Natal e cucas. Dentro de casa, guarda vários enfeites e decoração natalina.

Tradição
Fabiano Siegel, vice-presidente da Sociedade, é um dos entusiastas dos Pelznickels, de São Nicolau e da Christkindl. O guabirubense também vivenciou a tradição quando criança.

“Temos essa tradição de São Nicolau há muitos anos, quando recebíamos os chocolatinhos. Geralmente, nós entregávamos a cartinha para São Nicolau ou para os Pelznickels, que andam junto com ele”, diz Siegel.

Segundo Siegel, a tradição de São Nicolau foi trazida pelos imigrantes na década de 1860, quando desembarcaram na região. Ainda hoje, países de cultura germânica na Europa celebram o dia 6 de dezembro como o Dia de São Nicolau.

Assim como antigamente, hoje em dia as crianças entregam cartinhas ao São Nicolau ou para o velho Nicolau. Os pedidos são entregues aos pais ou são armazenados pela Sociedade.

Prazer
Osnildo Fischer, o Nilo, atua como São Nicolau há oito anos. Nesta quarta-feira, ele desfilou ao lado de Aline Siegel, a Christkindl.

“Quando me convidaram, fiquei ‘meio assim’. Mas aí topei e quando olhei no espelho, vi que essa é a minha cara minha mesmo. Estamos alegrando as crianças e todo mundo, é muito bacana”, afirma Nilo.

Aline é, literalmente, herdeira da cultura guabirubense de fim de ano. Hoje com 23 anos, ela é Christkindl há exatamente uma década.

Os Pelznickels e a Christkindl passavam na casa dela quando era criança. O tio de Aline figurava e a convidou, quando ela fez 13 anos, para ser Christkindl – o que ela aceitou de pronto.

“É um sentimento muito gratificante ver a alegria das crianças e dos idosos. As senhoras contam que também foram Christkindl”, diz Aline.