Sou uma péssima fã. Apaixonada, mas distraída. Amor não
combina com falta de atenção, o que faz com que eu me sinta menos ligada a meu
ídolo. O objeto dos meus arrependimentos, hoje, é Neil Gaiman.

Sou admiradora do trabalho dele desde Sandman. Para mim, do
alto do meu conhecimento limitadíssimo, é a melhor série de quadrinhos de todos
os tempos. As melhores histórias (ou arcos, um termo que não tenho muita
coragem de usar, por me parecer coisa de expert no assunto), as melhores
referências, a mistura perfeita entre o universo pop e diversas mitologias. O tom
exato de narrativa, que nos conduz com familiaridade e surpresa pela trajetória
dos personagens. E que personagens! Sandman e seus irmãos perpétuos são
inesquecíveis. A Morte… bem, é a melhor personificação da morte de todos os
tempos. Se você não leu Sandman, vale a pena preencher essa lacuna cultural já.
Buy, beg, borrow or steal.

 Mesmo com todo esse amor, terminei de ler somente agora Deuses
Americanos
, livro de Gaiman lançado em… 2001. Mais de década. E eu nem sabia
que o livro tinha tanto tempo de vida. Deuses Americanos nasce de uma pergunta:
o que acontece com os deuses quando são levados para outras terras por seus
adoradores imigrantes? Impossível não amar uma pessoa que, de uma questão abstrata,
cria uma história complexa, amarrando, como em Sandman, elementos de várias
culturas.

Neil Gaiman sabe mexer com nossos corações e mentes, dando
pistas que nos permitem descobrir partes da trama – é sempre bom se achar tão
inteligente quanto o autor… mesmo que seja uma impressão permitida – e sabe
fugir das soluções óbvias dos finais felizes. Ou infelizes. Terminei de ler
Deuses Americanos com o mesmo sentimento ambíguo de, digamos assim, esperança
na não finitude
que tive depois de terminar de ler a revista número 75 de
Sandman.

A mistura de deuses antigos e divindades modernas, heróis,
vidas pequenas e tragédias cotidianas chega a lembrar a HQ, mas não soa, em
nenhum momento, como autoplágio.

Li que o livro iria virar filme. Depois, li que seria
transformado em série da
HBO. Se não virarem a história do avesso ou na
hipótese que Gaiman tenha voz ativa na adaptação, vai ter uma série
obrigatória, fundamental e irresistível.

O primeiro a enxergar notícias sobre isso no horizonte, por
favor, faça soar o alarme!

 

Neil Gaiman no Twitter e no Facebook.  Porque fã, pelo menos isso, segue o cara e
curte e página. 🙂