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Dia da Inclusão Social: Funcionário da Irmãos Fischer, Luiz Carlos aguarda a colocação de uma prótese na perna

Em 2011, quando assistia a um evento de rally, Luiz Carlos Rodrigues Junior sofreu um acidente que o fez, anos mais tarde, optar por amputar parte da perna direita. Antes de amputar, em 2013, foram dois anos que ele passou quase que o tempo todo de cama, dependendo da esposa para tudo. “O mundo ia […]

Em 2011, quando assistia a um evento de rally, Luiz Carlos Rodrigues Junior sofreu um acidente que o fez, anos mais tarde, optar por amputar parte da perna direita. Antes de amputar, em 2013, foram dois anos que ele passou quase que o tempo todo de cama, dependendo da esposa para tudo. “O mundo ia girando e eu não podia fazer nada”, lembra ele, que encontrou nisso a motivação para retornar ao trabalho. “Tem uma frase que eu ouvi e que sempre levo comigo, que é que a gente às vezes ‘precisa perder para poder ganhar’.”

Ele mesmo optou pela cirurgia de amputação, que era uma operação de risco, o que preocupou muito a família devido às infecções que poderiam avançar e piorar o caso de Luiz. Porém, com a vontade de se reabilitar, ele seguiu em frente na decisão. Ficou quatro anos internado. Hoje, ele está em processo para a obtenção da prótese.

“Para minha filha, que tinha nove meses quando aconteceu o acidente, foi uma alegria quando voltei para casa. Durante o tempo em que fiquei internado, ela só me visitou uma vez”, conta. Ele diz que a menina, que hoje tem dois anos, está ansiosa para que ele coloque a prótese.

Dia a dia
Na Irmãos Fischer, Luiz trabalha no setor de conformação de peças para a construção civil. De segunda à sexta, seu turno é das cinco horas da manhã até as duas da tarde, com uma hora de intervalo. Antes do acidente, trabalhava no ramo de segurança e, ao decidir voltar ao mercado de trabalho, encontrou na empresa as portas abertas: além dele, há cerca de outros 30 funcionários que são deficientes, e mais dois em processo admissional.

Para se locomover, ele usa muletas, e diz que o ambiente da empresa é adaptado e fácil para a mobilidade. “Pra subir e descer temos elevador, mas às vezes opto pela escada, pra fazer um exercício.” Morador do bairro Campeche, em Itajaí, ele dirige para o trabalho e tem uma vaga de estacionamento especial, mais próxima da entrada.

Dentro da fábrica, ele conta que os colegas são bastante prestativos e estão sempre de prontidão para ajudar caso precise, mas Luiz procura ser sempre independente e se virar sozinho. “De vez em quando, se o chão estiver liso, acabo escorregando”, ri, mas, no geral, não depende do auxílio de ninguém. Para se servir no refeitório, por exemplo, costuma ir sozinho, usando apenas uma muleta.

Luiz utiliza muletas para locomoção | Natália Huf

O que o motivou a retornar ao trabalho foi, principalmente, o apoio da família, em especial dos filhos. “Mas eu queria também sair da mesmice, ficava só em casa, recebia o auxílio, que não era muito. Queria ter mais independência e também dar o retorno para a ‘patroa’, que foi o braço forte esse tempo todo.”

Dentre os empecilhos na volta ao mercado, Luiz se deparou com alguns momentos em que sofreu preconceito no ambiente de trabalho, num emprego que teve antes. “Acabei saindo do emprego por conta de uma situação de preconceito, mas foi a única ocasião.” Além disso, a escolaridade era um fator que poderia fazer com que os empregadores o recusassem, mas, na Irmãos Fischer, recebeu o apoio necessário e está cursando o Ensino Médio através de uma parceria que a empresa tem com o Sesi.

Para Luiz, o acidente foi um divisor de águas em sua vida. “Mudei em todos os aspectos depois, e continua sendo um aprendizado constante. Perdi cinco anos da minha vida de cama”, diz. “Aqui, sempre me trataram com respeito e igualdade. Quando somos tratados como iguais, continuamos querendo nos superar.”