Dia da Inclusão Social: Sidnei Pavesi utiliza aplicativos e recursos do aparelho celular que facilitam suas atividades

Dia da Inclusão Social: Sidnei Pavesi utiliza aplicativos e recursos do aparelho celular que facilitam suas atividades

Fisioterapeuta e também funcionário da prefeitura desde 2002, Sidnei Pavesi é deficiente visual e trabalha hoje na Central de Atendimento à Pessoa com Deficiência (Ceped). Para desempenhar suas atividades profissionais, encontrou na tecnologia um auxílio que permite que ele lide com papéis, os laudos médicos e formulários com os quais trabalha diariamente.

O principal recurso que ele emprega é o leitor de tela, recurso de acessibilidade disponível no telefone celular, tablet e também no relógio utilizados por Sidnei. “Eu usava o sistema Braille, mas, como os papeis precisam ser lidos por mais pessoas além de mim, tem que ser algo que todo mundo saiba usar.”

“A prefeitura disponibilizou um computador com acessibilidade, mas o que eu uso são aparelhos próprios. Quem quer se destacar precisa usar suas próprias tecnologias”, diz. Para a leitura, ele usa um aplicativo desenvolvido pela Microsoft chamado “Seeing AI”, que consiste numa câmera que faz a leitura de tudo o que estiver escrito no papel. Ele utiliza aplicativos que fazem reconhecimento facial, de objetos e até mesmo de cédulas.

No trabalho como fisioterapeuta, os aparelhos da clínica precisaram de algumas adaptações simples: ele usa marcações táteis que permitem que ele se guie. “Fazemos pontinhos com cola quente para criar um alto relevo e fazer as indicações.”

Sidnei nasceu com uma condição rara chamada glaucoma congênito. Até os 14 anos, conta que tinha cerca de 10% da visão, ou seja, possuía percepção de claridade e conseguia distinguir alguns vultos. Porém, depois dessa idade, perdeu a visão completamente. Mas isso nunca foi um impedimento para ele, que afirma que sua maior dificuldade é a mobilidade.

“Não no sentido de andar pela cidade, isso é fácil, tenho o Braille [cão guia] e as tecnologias que me ajudam. Mas o fato de não poder ter um carro próprio, e a mobilidade urbana aqui ser escassa.”

O cão guia Braille acompanha Sidnei desde 2015 | Natália Huf

Busca por direitos
Na Ceped, algumas das principais linhas de atendimento são na busca pelos direitos das pessoas com deficiência, como a obtenção do passe livre, a compra dos veículos com isenção de imposto e inserção no mercado de trabalho. A atuação do órgão começou em 2013, ainda como uma coordenadoria virtual.

Além da Central, Sidnei ressalta também as atividades do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiênci (COMDEF), criado em 2013 e que teve como uma de suas realizações a institucionalização da própria Ceped. “Foi uma conquista do movimento e das associações de pessoas com deficiência.”

Para Sidnei, a necessidade de levar as reivindicações das entidades ao campo político foi para que o assunto fosse debatido na esfera pública. “O estado, município e União precisam oferecer esse atendimento em sua integralidade, infelizmente, isso não acontece. Por isso precisamos da Central. Meu trabalho é lutar por esse atendimento integral por parte da prefeitura, trazer essa responsabilidade pra dentro de casa. A pessoa com deficiência é um cidadão, precisa ser atendido pela prefeitura.”

Ele acredita que, no que diz respeito ao atendimento e inclusão da pessoa com deficiência, o serviço público precisa ser um exemplo, para que possa cobrar a mesma postura dos empresários.

“O que acontece é que muitas vezes os funcionários da prefeitura, das secretarias, não sabem se comunicar com os deficientes. Tem que se quebrar essa barreira.” Ele comenta que não é incomum a pessoa com deficiência buscar atendimento em algum serviço público e ser “ignorada” pelo funcionário, que se dirige apenas ao acompanhante, que não possui deficiência. “Isso é uma falta de respeito”, pontua.

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