Dia das Crianças: conheça a história de bebês que nasceram em meio à pandemia em Brusque

Mulheres contam os desafios da maternidade causados pelo surgimento da Covid-19

Dia das Crianças: conheça a história de bebês que nasceram em meio à pandemia em Brusque

Mulheres contam os desafios da maternidade causados pelo surgimento da Covid-19

Neste Dia das Crianças o jornal O Município conta a história de crianças que nasceram em meio à pandemia da Covid-19. Mulheres de Brusque contam na reportagem os desafios da maternidade neste período e quais cuidados têm com seus filhos devido ao risco do novo coronavírus.

Mãe de primeira viagem em meio à pandemia

Arthur nasceu dia 28 de maio, um mês antes do que o médico havia previsto para a mãe, Gabriele Melo Boos, 30 anos, moradora do bairro Souza Cruz, em Brusque. A brusquense conta que no dia 18 de março já se isolou e começou a trabalhar de casa.

Gabriele, o marido e o filho, Arthur | Foto: Arquivo Pessoal

No início da pandemia ela não saía de casa, nem para visitar os pais. Era o marido quem ia ao mercado. Depois de um tempo, passou a visitar a mãe e ia ao médico, porque como estava no fim da gravidez tinha consultas mais frequentes.

A previsão era de que Arthur nascesse no fim de junho. No entanto, um mês antes Gabriele começou a sentir contrações. Ela foi para o hospital, onde ficou internada por dois dias. Foi medicada para tentar atrasar o nascimento, mas o parto aconteceu na 36ª semana de gestação.

O marido dela pôde acompanhar o nascimento do filho e ficar junto com ela no hospital. Por conta das normas sanitárias devido à pandemia, o sonho de filmar e registrar o parto não foi realizado.

Gabriele conta que ficou preocupada por conta do novo coronavírus. Após o nascimento do filho, ela recebeu visita dos avós e padrinhos, mas todos utilizaram máscara. “A gente cuidou bastante”. Ela orientava que pegassem o bebê somente usando máscara e que cuidassem com as mãos, porque é comum que a criança coloque a mão na boca.

Quando Arthur completou um mês, os familiares foram diagnosticados com coronavírus. “Ficamos totalmente sozinhos”, lembra Gabriele. Como as únicas pessoas que estavam visitando a família ficaram doentes, ela e o filho ficaram isolados. O marido saía para trabalhar e ia ao mercado, mas só entrava em contato com o bebê após tomar banho.

Como o pediatra orientou que seria bom o bebê visitar novos lugares para olhar coisas diferentes, a família começou a passear com Arthur, tomando os cuidados necessários e indo a lugares abertos. Gabriele conta que o leva para a praça e também viajaram para Governador Celso Ramos, para reproduzir fotos no mesmo local onde fez um ensaio quando estava grávida.

A mãe de primeira viagem diz que agora está mais tranquila. “Ele veio para alegrar a nossa pandemia, que com toda certeza seria muito mais triste e sem graça sem a chegada dele”, finaliza.

Bebê nasce enquanto mãe estava com Covid-19

Alline Oliveira dos Santos Garcia, 24 anos, teve a filha Maria em agosto deste ano, em Brusque, pouco tempo depois de ser diagnosticada com a Covid-19. Ela diz que foi a primeira mulher no município a ter o bebê enquanto ainda estava com a doença. 

No início da pandemia, em março, Aline estava grávida de quatro meses. Ela ficou bastante preocupada porque não sabia o que era verdade e o que era mentira. Como tem outra filha, de três anos, ficou com medo. Por isso, tentava ficar em casa para se proteger.

Aline e a filha, Maria | Foto: Arquivo Pessoal

Apesar de todos os cuidados, o marido dela contraiu a doença em uma viagem a trabalho para São Paulo. Ele voltou com sintomas e ficou isolado em uma casa no bairro Dom Joaquim. Depois de uma semana Aline começou a ter dor de cabeça, cansaço e perda de olfato.

Ela foi diagnosticada no fim de julho e no dia 13 de agosto a Maria nasceu no Hospital Azambuja. O parto foi natural, como ela queria, e aconteceu na ala da Covid-19 da instituição. Como o marido já tinha contraído a doença, pôde participar do momento.

Aline relata que sentiu bastante medo por ter contraído a doença ainda grávida. Felizmente, a doença não prejudicou a gestação e a saúde da filha. Depois de um dia no hospital, mãe e filha foram para casa.

As visitas eram limitadas, ela recebia somente os pais e os irmãos, e evitava que as pessoas pegassem a menina no colo. Todos sempre com máscara e usando álcool em gel. Como forma de prevenção, ela ainda utiliza um purificador de ar.

Atualmente ela está mais tranquila e sai com a filha, mas continua tomando as devidas precauções.

Mulher tem filho dias após se recuperar da Covid-19

Bernardo Zanon nasceu em Brusque no dia 21 de julho, poucos dias depois de a mãe, Ana Paula Barreiros da Silva Zanon, de 37 anos, receber o resultado de que havia se curado da Covid-19.

Ana conta que estava trabalhando de casa desde o início da pandemia em março. Quando estava com 37 semanas, começou a sentir sintomas de gripe como dor de garganta. No terceiro dia perdeu o olfato e o paladar e desconfiou que fosse o novo coronavírus. Depois disso, o marido teve febre. Eles procuraram atendimento e fizeram o teste. O outro filho dela, Felipe, de três anos, foi assintomático.

Ana Paula e o filho, Bernardo | Foto: Arquivo Pessoal

Quando ela estava com 38 anos recebeu o resultado positivo para Covid-19. Devido à gravidez o médico proibiu alguns medicamentos, mas permitiu que ela fizesse o tratamento com hidroxicloroquina e azitromicina.

Ela ficou 14 dias isolada e refez o teste. Quando completou 40 semanas de gestação recebeu o resultado do teste indicando que estava recuperada da doença. Três dias depois, Bernardo nasceu no Imigrantes Hospital e Maternidade.

O marido dela participou do parto. Como ela estava de quarenta semanas, optou pela cesárea. “E assim foi a reta final, com muita adrenalina, muito isolamento e contando os dias para conhecer o nosso pequeno guerreiro que aguentou firme até o vírus ir embora”, diz Ana.

Depois que o menino nasceu, ela não recebia visitas para não expor a criança. Nos primeiros 15 dias os avós viam Bernardo pelo vidro.

A falta de contato foi o que mais fez falta para Ana. Na primeira gravidez recebeu visitas no hospital e em casa e desta vez, por conta da pandemia, não teve a presença dos conhecidos após o nascimento. “O que eu mais senti falta foi do próprio calor humano. Em casa era aquela tranquilidade toda, eu nunca fui acostumada”.

Com o passar do tempo, a mãe foi permitindo visitas com o uso de máscaras e álcool em gel. Agora, ela vai na casa da mãe, recebe os avós e padrinhos.

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