Dia do Médico: profissionais relembram momentos no combate ao coronavírus
No dia 18 de outubro é comemorado o Dia do Médico
Foram 37 dias internado em Unidade de Terapia Intensiva, sendo 27 deles em coma induzido, e uma certeza: a de ter vencido a Covid-19 graças aos médicos e suas equipes. Essa história é do ex-professor universitário Rogério Santos Pedroso, que não cansa de agradecer aos médicos, como fez nas suas redes sociais, ao publicar uma linda carta.
“Um dos momentos mais importantes da minha vida, além da recuperação, foi testemunhar de perto o trabalho heroico e anônimo de um médico intensivista que dedicava todo o seu tempo e conhecimento em ajudar os pacientes a recuperar a plena saúde, a ensinar uma equipe de jovens médicos e a comandar as ações de uma equipe de enfermeiras no trabalho de medicar e cuidar dos pacientes. A você que é médico o meu respeito e minha gratidão”, declarou.
Assim como o Rogério, todos os dias, nestes 19 meses de pandemia, um pai, uma mãe, um avô, uma avó, passou pelos cuidados de um médico que, apesar dos dias exaustivos, de preocupação com o cenário que se vivia e com a própria família em casa, tinha a responsabilidade de cuidar de um paciente, de uma pessoa que estava ali, em um leito de hospital, isolado, com uma doença até então desconhecida no mundo.
“Os primeiros meses foram bastante difíceis. Nós nos preocupamos em proteger a equipe, pois nosso maior medo era que os profissionais adoecessem junto, que se afastassem e a gente não conseguisse atender a população. O aumento dos casos graves foi muito grande, depois da chegada efetiva da onda e o nosso maior receio era a escassez de recursos, de vagas”, relembra o médico Luccas Vieira de Magalhães, que atua na UTI Covid-19 do Hospital Azambuja.
Ações de combate à Covid-19
Quanto às vacinas, o presidente da associação Brusquense de Medicina, Gustavo Gumz Correia, lembra da importância da ciência na produção de vacinas para uma doença desta extensão e em tempo “relativamente” curto.
“É sempre importante que a gente dê ouvidos para a ciência e para o que as várias equipes de pesquisadores em todo o mundo estão produzindo”, destaca.
O secretário de Saúde, Osvaldo Quirino, diz, ainda, que estuda-se a possibilidade de que, quando ao atingir de 80% a 85% da população com as duas doses da vacina, possa ser retirado o uso de máscaras em ambientes públicos e ao ar livre, deixando as mesmas para os ambientes confinados onde existam aglomerações de pessoas, além de reduzir o distanciamento social. A expectativa é de que isso aconteça em dezembro.
Os profissionais
Segundo dados da Associação Catarinense de Medicina, desde o início da pandemia, foram registrados mais de 40 óbitos de médicos em todo o estado de Santa Catarina, além das perdas de profissionais de saúde que atuavam junto no atendimento aos pacientes contaminados pelo coronavírus, mas que eram fundamentais de linha de frente no combate a pandemia.
“Infelizmente, nós médicos também tivemos a perda de colegas aqui na cidade e na nossa região, em decorrência da Covid-19. O Dr. André Karnikowski, ortopedista, faleceu no primeiro ano de pandemia, e mais recentemente nós tivemos a perda do Dr. Gelson, que é um colega da cidade de Nova Trento”, lembrou o presidente da Associação Brusquense de Medicina, Gustavo Gumz Correia.
Por outro lado, estão os novos médicos que também enfrentaram uma pandemia pela primeira vez, como foi o caso do Daniel Duarte Ferreira. Aos 28 anos de idade, o mineiro chegou a Brusque em março deste ano, para fazer sua Residência Médica no Hospital Azambuja e realizar um sonho, em plena pandemia.
“Eu sabia que trabalharia de frente com a Covid-19, mas nunca, durante a graduação esperava passar por um escala pandêmica tão grande. Foi um sentimento que esbarra em apreensão, tendo em vista que vários casos não evoluíram bem, mas pensamentos também com a minha família, que está em Minas. Minha avó foi internada recentemente, mas passou bem. Mesmo de lá meu avô ouve rádio de Brusque para saber como está aqui. Ele sempre me abençoa com bons conselhos, todos os dias, praticamente, e sempre me fala: muito cuidado, meu filho”, conta o Daniel. Ele completa dizendo que, espera “de coração que estejamos chegando ao fim desta pandemia que modificou tanto a vida de todos, mas o sentimento em relação a medicina é de que (…) devemos tentar ser mais completos como médicos e trazer a humanidade que nos falta nestes dias tão incertos”.
E para quem ainda estava no primeiro ano da faculdade de medicina e se deparou com a pandemia? Foi o caso do brusquense Bruno Arnon Bittencourt. Hoje, aos 31 anos de idade, lembra do ano passado, quando durante uma prova, o professor comunicou que não haveria mais aula presencial e que iniciaria ali um período de isolamento, pois estávamos em uma pandemia.
Bruno conta que naquele momento começaram as preocupações com os parentes, principalmente com os avós que moram na mesma casa e com os amigos, pois ninguém sabia como seriam os próximos dias. Após as medidas que foram sendo tomadas, com os treinamentos que haviam recebido durante o curso de medicina e, com a chegada das vacinas que, segundo o estudante, são a “peça chave” para salvar vidas, o cenário foi mudando e a certeza pela profissão ficou ainda mais clara.
“Nunca tive tanta certeza de uma profissão na minha vida e o fato de poder ajudar e saber que é uma profissão tão necessária, só me dá certeza de alegrias. Em tempo de incertezas como agora, a gente tem a esperança de fazer o nosso melhor como aluno para, lá na frente, vir a ser tão corajoso, tão útil e tão dedicado como nossos colegas que vem enfrentando tamanha peleja. Sairemos vitoriosos, fazendo o melhor para todos, o melhor para nossa sociedade”, descreveu o futuro médico.
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