Dia Mundial do Rim: conheça clínica de Brusque que trata pacientes renais crônicos
Renal Vida participa de campanha nacional que visa orientar e conscientizar a população sobre o tema
Há 50 anos em atuação na área da saúde, a clínica da Renal Vida é o único local da cidade de Brusque que faz o serviço de hemodiálise, além de estar operando há quase 30 anos. A importância do trabalho da clínica será comemorado com ênfase no nesta quinta-feira, 10, o Dia Mundial do Rim.
Além da hemodiálise, o local atende pessoas com insuficiência renal, ofere atendimento multidisciplinar, desde o tratamento de hemodiálise e diálise, até o acompanhamento no pré e pós transplante de rim.
Segundo presidente da Associação dos pacientes renais de Santa Catarina (Apar), Humberto Floriano Mendes, que é um paciente transplantado, hoje em dia são cerca de 150 mil pacientes de hemodiálise no Brasil e o número tem um crescimento de 10% ao ano. Só em fila de espera, são cerca de 40 mil pessoas.
“Muitas dessas pessoas estão em idade avançada e com diagnósticos de outras doenças como diabetes e hipertensão. A soma desses fatores às vezes já impossibilita o transplante”, diz.
Junto da campanha nacional da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a Renal Vida promoverá ação que foca na educação e conscientização sobre a doença renal em diferentes setores do cuidado com a saúde.
“Nunca se falou tanto no paciente renal como nesse período de pandemia. O paciente renal precisa fazer o tratamento no mínimo umas três vezes por semana, logo, não pode ficar em isolamento social. Porém, doações e transplantes não aconteceram pois as UTI’s ficaram lotadas na luta contra a Covid-19”, continua.
Cuidado com a doença
Por se tratar de uma clínica de hemodiálise, os pacientes chegam quando precisam de terapia renal substitutiva. É quando o paciente tem doença renal crônica com um grau de funcionamento renal muito baixo, e precisa de tratamento que substitua a função dos rins.
Esse paciente idealmente deve ter sido preparado e acompanhado sua doença previamente com um Nefrologista.
“Em Brusque, seguimos a tendência mundial de que a maioria dos casos que levam a doença renal crônica é o diabetes e hipertensão arterial. São as duas doenças que se não tratadas corretamente, levam a perda de função renal ao longo dos anos”, conta a doutora Joana Eccel, nefrologista que atua na clínica.
“A doença renal crônica é silenciosa e somente dá sintomas quando o rim está com um grau de funcionamento extremamente baixo. Isso já acontece quando o paciente está necessitando de hemodiálise. Por isso é importante ressaltar, e faz parte da campanha do Dia Mundial do Rim neste ano, a necessidade da avaliação, pelo menos anual, da função renal nos pacientes de risco. A avaliação é feita pela dosagem sanguínea da creatinina e um exame simples de urina”, complementa.
Histórias
Paulo Marques tem 44 anos e começou na hemodiálise há quatro anos. Ele fez o procedimento por dez meses e garante que o tempo já é suficiente para ver o quão triste é a doença. O morador de Brusque já é transplantado há 19 anos.
“Minha maior dificuldade é não poder tomar água. Ficamos presos em uma máquina por quatro horas, três vezes por semana. Após a hemodiálise, fizemos os exames e descobrimos que o rim da minha irmã foi compatível e ela fez a doação”, conta.
Após o transplante, ele lembra com emoção que noivou, casou e teve dois filhos. Atualmente, ele garante que vive uma vida normal e faz um alerta para a população.
“Quem puder se prevenir, tomar bastante água, cuidar da alimentação, fazer exames de glicemia, que faça. Não deixe o seu rim chegar no mesmo patamar que o meu estava. A prevenção da doença renal é tudo”, conclui.
Acompanhamento
Diferente de Paulo, Marcelo Andreoti, 52, também é paciente renal, mas ainda não realizou o transplante. O carioca começou a fazer hemodiálise em 2018 e garante que a doença avançou de forma silenciosa. Portador de uma anemia rara, ele diz que a doença está presente na família e que a irmã também já retirou um dos rins.
“Passei mal e cheguei ao hospital já com falência crônica do órgão detectada. Por isso, acho importante que a família, quando souber que há um paciente renal crônico em casa, tenha um preparamento psicológico. É fundamental que todos entendam que todos nós temos limitações. É por isso que a conscientização traz as informações necessárias para sabermos o que é certo e o que não é certo fazer”, diz Marcelo.
Ele ressalta que, para superar a doença, cercou-se de profissionais da saúde que poderiam ajudá-lo. Ele aproveita para dizer que a clínica Renal Vida, nos dias de hoje, possui um preparo e um atendimento melhor do que antes.
“O atendimento e a ajuda é incrível, muito melhor do que no início, mas acho que ainda falta uma conscientização das famílias dos pacientes. Perdemos muitos pacientes da clínica por essa falta de acompanhamento. Além disso, muitos possuem dificuldades financeiras e sócio-econômicas, o que ficou difícil pois, com a pandemia, as doações diminuíram muito”, conclui.
Doença silenciosa
Edson Roberto Fidelis, 62, afirma que nunca sentiu nenhum sintoma de doença renal. Ele lembra que ao visitar a casa de uma irmã, em 2019, teve falta de ar constante e foi encaminhado ao hospital. Ele ficou 38 dias internado e, desses, ficou nove na UTI.
“Foi colocado o cateter e comecei o tratamento. Sou uma pessoa que não reclama de nada e vou tentar fazer o transplante. O tratamento é dolorido, mas não vou reclamar. Eu vou superar isso”, conclui o brusquense.
Benefício
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), é a garantia de um salário mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade.
“O BPC não é aposentadoria. Para ter direito a ele, também não é preciso ter contribuído para o INSS. Vale dizer que o BPC não paga 13º salário e não deixa pensão por morte”, diz Cristiane Schlindwein, assistente social da unidade de Brusque.
Para mais informações, as Agências da Previdência Social (APS) e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) podem ser consultados.
Conquistas
Há muitos anos a APAR junto da Renal Vida vem lutando pela classificação de pessoas com doenças renais crônicas no grupo de pessoas com deficiência (PCD). No dia 18 de novembro de 2021, a lei foi sancionada pelo governador do estado, Carlos Moisés.
Entre os direitos conquistados estão: lei de cotas para inclusão no mercado de trabalho e para concurso público, transporte intermunicipal e municipal gratuito e estacionamento gratuito utilizando credencial da Secretaria de Trânsito e Mobilidade.
Doações
De acordo com presidente da Apar, Humberto Floriano Mendes, a clínica está de portas abertas para receber doações. Segundo ele, essa participação da população é importante para que a clínica possa fazer reformas e assim melhorar o atendimento.
“Nós gostamos de receber as visitas na clínica para que elas conheçam a atual realidade do cenário em que trabalhamos. Quem tiver interesse em fazer parte desta história pode entrar em contato com a gente pelos canais convencionais”, finaliza Giselle Cristina de Lima Pagani, assistente social que trabalha na Apar.
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