Você certamente deve conhecer personagens como Dona Benta, Tia Anastácia, Narizinho, Pedrinho, Emília e o Saci, não é mesmo? Antes mesmo deles alegrarem as manhãs de crianças nas telinhas, as aventuras vividas por essas figuras foram contadas nos livros de Monteiro Lobato, homenageado amanhã através do Dia Nacional do Livro Infantil.
Histórias como as do Sítio do Picapau Amarelo, escrita por Monteiro Lobato, do Menino Maluquinho, de Ziraldo, ou O Meu pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos foram e continuam marcantes na vida de muitas gerações, mostrando a potência da literatura infantil do Brasil.
Através das inúmeras histórias contidas nos livros, as crianças podem vivenciar, mesmo que no imaginário, sensações como medo, vergonha, tristeza, amor, e depois, aprender a associar esses sentimentos às situações vividas no mundo real. Tudo isso pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e intelectuais dos pequenos.
A infância na vida adulta
Não há quem discorde sobre o papel fundamental que a literatura infantil exerce na vida das crianças. Mas esses contos podem ser importantes para os adultos também. Existe um dito que se tornou muito popular após o lançamento do livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Sain-Exupéry. A frase é a seguinte: “dentro de cada adulto, habita uma criança”.
A citação tem várias interpretações, a mais comum é a de que, para muitos, a infância foi um período de poucas preocupações e as recordações felizes eram parte da rotina. Só que ao crescer, tudo muda, os pequenos detalhes da vida começam a perder o valor. Mas aquela criança ingênua e descontraída, ainda existe. Por isso, é importante despertar essa criança que estava até então escondida.
Quem concorda com a ideia é o escritor Abel Sidney, que escreve livros infantis desde 2003. “Escrevo, em primeiro plano, para as crianças soterradas, esquecidas, apagadas no fundo de cada adulto. Ao recuperar crianças perdidas, nós temos a oportunidade de criar adultos agentes de leitura em família, em sala de aula”.
Aos 56 anos, o escritor e servidor público que mora em Rondônia já publicou contos, poemas e histórias infantis. Mas a sua relação com a literatura foi um pouco tardia. Dos 4 aos 8 anos, quando morava em Minas Gerais, o autor viveu em situação de rua, período no qual não dominava a leitura e a escrita. A alfabetização veio anos depois, quando uma tia o ensinou essa arte.
Assim que aprendeu, tomou gosto pelos livros. “Assustava-me o sorriso do gato da Alice. E mais ainda as mentiras e trapaças do Pinóquio”, disse. Na adolescência conheceu as obras de Jorge Amado e, quando começou a cursar Ciências Sociais na UFRJ, começou também a estudar a literatura infantil.
Atualmente, além dos livros “Conto ou não conto?” e “A casa de dona Dodó”, o autor criou a Temática Editora, com foco em um programa de leitura.
O Mercado na Literatura Infantil
Não existe uma faculdade própria para isso, mas para os que se interessam pela área, cursos como Letras e Jornalismo podem ajudar a desenvolver essa habilidade.
Para quem deseja seguir a carreira de escritor e até trabalhar com literatura infantil, é preciso ter muita disposição. Quem inicia fazendo as publicações de forma independente pode encontrar muitas adversidades. É que geralmente as editoras conhecidas preferem autores com mais visibilidade.
Essa é uma área que têm crescido e também dado bons rendimentos. O Sindicato Nacional dos Editores de Livros em parceria com a Associação Nacional de Livrarias divulga mensalmente um balanço feito por todas as lojas que realizam a venda de livros. No início do ano, houve um aumento no número de vendas dos livros infantis, quando comparado ao mesmo período do ano passado. A categoria infanto-juvenil teve um aumento de aproximadamente 15%.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil