Diferença entre tipos de parto é discutida com alunos
Palestra contou com relatos de mães e com informações de especialista em parto humanizado
Os estudantes dos nonos anos da Escola de Ensino Fundamental Paquetá participaram de uma conversa com mães e com especialista sobre as diferenças entre os partos normal, humanizado e cesárea. O evento integra um projeto do Instituto Federal Catarinense (IFC) e da Secretaria de Educação de Brusque que tem como tema, no colégio, “Parto natural X Parto cesariano – Por que a Organização Mundial da Saúde quer mudar a atual situação do Brasil?”.
Ao longo da palestra, mães que deram à luz por meio de algum dos três tipos de partos contaram suas experiências aos estudantes. Uma delas foi a diretora do colégio, Ligia Dalmarco. Dois dos seus três filhos nasceram através do parto normal e um por meio de cesárea. Ela conta que recuperou-se bem tanto do normal quanto da cesárea, apesar da episiotomia – corte cirúrgico na vagina durante o parto – e da cirurgia – no caso da cesárea.
“Eu sempre fui muito saudável. Então não tive problemas com nenhuma das recuperações. Mas, após os partos, mesmo me recuperando bem, dói mais para se recuperar da episiotomia do que da cesárea”, conta. A diretora diz também que apenas fez o parto normal porque naquela época não tinha conhecimento a respeito do parto humanizado. “Minha filha mais velha tem 45 anos, então acho que naquela época não existia o parto humanizado, do contrário, teria feito”, diz.
Em relação à palestra aos estudantes do nono ano que, em grande parte, têm entre 14 e 16 anos, a diretora considera importante o conhecimento pois, através dele, as escolhas no futuro poderão ser pensadas com calma. Ela destaca ainda que, durante toda a palestra, os alunos prestaram atenção e se mostraram curiosos sobre a temática.
Professora da escola, Valquiria Assis também foi uma das palestrantes da manhã. Há dois anos e meio, ela deu à luz a uma menina por meio de cesárea. A escolha pelo procedimento ocorreu porque ela estava com medo da dor do parto normal. Após a intervenção cirúrgica, Valquiria demorou cerca de 30 dias para se recuperar totalmente.
“Meu médico disse que o bebê poderia ter nascido de parto normal, porque estava tudo bem comigo e com ele, mas eu realmente fiquei com muito medo de sentir todas as dores e também tive receio de não resistir a essas dores, então optei pela cesárea”, conta.
Diferente de Valquiria e de Ligia, a coordenadora pedagógica Carina Shulenburg Molverstet deu à luz através do parto humanizado. Das 15 horas em que ficou em trabalho de parto, em 11 ela permaneceu em casa ao lado do marido, do obstetra e da doula – profissional que dá suporte emocional e físico às gestantes antes, durante e depois do parto – e em quatro horas ela permaneceu no hospital, onde – na suíte de parto humanizado da Maternidade e Hospital Evangélico (HEM) – teve o bebê na banheira. Ela conta também que, com a doula, o médico, e o uso da sala do HEM, o parto humanizado custou R$ 3.850.
“A experiência é incrível e sublime. Eu posso dizer que foram as melhores 15 horas da minha vida. Foi tudo muito tranquilo e após o nascimento, eu pude ficar com a minha filha perto de mim”, diz. “Para as mulheres poderem escolher o tipo de parto que elas querem, elas devem analisar o antes, o durante e o depois. Com informações detalhadas a respeito dessas três etapas, ela se sentirão seguras para escolher”, completa.
Com base nas informações, os futuros pai e mães poderão decidir, em conjunto, qual a melhor alternativa para o nascimento do bebê, afirma a coordenadora do projeto, professora Roberta Wegner Hort, ao explicar a importância da palestra aos estudantes do novo ano. Para ela, o que os alunos aprendem na escola, eles levam para o restante da vida.
“Quando aprenderam sobre o corpo humano, no oitavo ano, também ficaram a par um pouco sobre partos também. Então agora, eu vejo que o momento é melhor ainda pra eles saberem mais sobre isso. Esses ensinamentos serão lembrados no futuro quanto tiverem de decidir. Sabemos que quando vamos crescendo as responsabilidades aumentam e às vezes não se tem tempo pra analisar as possibilidades. Com as informações que passamos, eles já terão alguma noção”, diz.
Diferença entre os partos
Normal
– Retirada do bebê via vaginal
– No pré-natal analisa-se a saúde do bebê e da mãe, geralmente o lado emocional é tratado no curso de gestantes
– Geralmente o bebê não pode passar das 40 semanas dentro da barriga da mãe, caso se encaminhe para mais de 40 semanas o parto é induzido pelo médico
– É realizado dentro do hospital
– Caso o bebê enfrente dificuldades para sair, o médico realiza a episiotomia – corte cirúrgico na região da vagina
– Recuperação é mais rápida
– O bebê permanece com a mãe por curto período e é encaminhado para exames, banho e demais procedimentos
Cesárea
– Parto cirúrgico no qual se faz a retirada do bebê por via abdominal
– Analisa-se a saúde do bebê e da mãe, geralmente o lado emocional é tratado em cursos de gestantes
– É realizado dentro do hospital, em sala cirúrgica
– Recuperação é mais demorada
– O bebê, na maioria dos casos, apenas tem contato facial rápido com a mãe
Humanizado
– Retirada do bebê via vaginal
– Analisa a saúde do bebê e da mãe, mas também dá grande ênfase ao preparo emocional da mulher para o momento do parto
– Costuma ser espontâneo; mesmo que passe das 40 semanas a gestante continua aguardando
– Pode ser realizado em casa, com ajuda de doulas, seja em banheiras, chuveiros ou cadeiras
– A episiotomia – corte cirúrgico na vagina – não é realizada, apenas em casos extremos
– Recuperação mais rápida
– O bebê permanece por longo período no colo da mãe assim que nasce e também pode ser amamentado
Opiniões dos especialistas sobre o parto humanizado
David Bortot Raspini, ginecologista e obstetra
“Após a episiotomia, algumas pacientes precisam de até 20 pontos. Após a cesárea, são necessários entre 60 a 80 pontos. E ambos podem causar infecções. No parto humanizado, a dor é apenas antes do nascimento. No parto humanizado a participação da mulher no nascimento é integral, ela decide se quer caminhar, se quer fazer exercícios e aonde quer ter o bebê. O parto humanizado estreita os laços entre mãe e bebê pelo tempo que os dois passam juntos depois do nascimento”
Ana Comin, professora da Univali e especialista em ginecologia e obstetrícia
“Há muitas pessoas fazendo parto humanizado e forçando a barra. Bebês já morreram por forçar a barra, por esperar passar das 40 semanas e por não realizar procedimentos simples que seriam importantes para o nascimento. A episiotomia, a indução e os procedimentos existem para ajudar o bebê e a mãe. Às vezes a mãe está exausta de tanto tentar e o bebê entra em sofrimento fetal, e a ajuda da equipe médica é necessária. Os profissionais sérios só realizam esses procedimentos quando é indispensável pra saúde de ambos”