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Dinheiro não nasce em árvore

Um dos efeitos colaterais da nossa democracia é a necessidade que os governos têm de manter o apoio político de grupos e partidos que garantirão sua governabilidade, além de agradar os que poderão ser seus cabos eleitorais para as próximas eleições. Para tudo isso, haja dinheiro! Afinal, nem sempre apoio político se dá em troca de amizade ou de um “Deus lhe pague!”.
O fato é que a estrutura administrativa do Estado tem se tornado pesada demais, consumindo grande parte das riquezas produzidas e destinadas, através dos impostos, ao retorno que deveria garantir o bem comum. Nós pagamos impostos demais para o Estado manter a si mesmo.
Os 39 ministérios do governo Dilma são emblemáticos. Dez ou doze ministérios seriam mais que suficientes para abrigar todos os âmbitos da administração pública. Basta um bom planejamento administrativo para colocar tudo num fluxo mais enxuto e eficaz. Cada ministério ou secretaria se ramifica em outros setores, gerando uma miríade de vagas de serviço público, normalmente onerosas demais e pouco eficientes. Nas áreas em que mais o serviço deveria aparecer, somos uma vergonha mundial. Apesar de todo o dinheiro gasto, saúde, educação e infraestrutura, para citar três áreas essenciais, agonizam na incompetência, na burocracia e na ineficiência.
A corrupção e a incompetência administrativa se encarregam de mandar pelo ralo o que ainda resta dos nossos suados tributos. Agora, o governo federal fala em cortar gastos, mesmo que sua fala seja tão ineficaz e mal planejada como todo o resto. Mas quem se lembra das gastanças sem fim que sempre fizeram? É difícil deixar a economia do país nas mãos de gente que parece não entender o que é trabalho.
A crise atual está obrigando a todos a reverem seus conceitos, mas não acredito que péssimos hábitos sejam mudados a toque de caixa. O fato é que não podemos mais trabalhar e produzir, pagando impostos escorchantes, apenas para sustentar os governos. Por isso eles precisam ser eficientes e enxutos. Os tribunais de contas deveriam ter poder para “tesourar” esses gastos, afinal, quem mais poderia conter a sanha de um poder executivo irresponsável?
A lição vale também para o Estado de Santa Catarina e para os nossos municípios. A estrutura dos governos precisa deixar de ser um sumidouro de dinheiro, ao mesmo tempo em que a corrupção precisa ser estancada e punida. A situação falimentar do Rio Grande do Sul deve nos servir de alerta. Nós, que sabemos quanto esforço nos custa produzir e gerar riquezas, não podemos nos deixar ser assaltados por administradores públicos irresponsáveis, que só pensam em poder, dinheiro e status.