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Diretor-presidente do Samae de Brusque acusa Neto, do Sine, de falsidade ideológica e crime eleitoral

Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) instaurou procedimento para investigar o caso

O diretor-presidente do Samae de Brusque, Luciano Camargo, acusa o diretor do Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Brusque, Waldir da Silva Neto, de assinar um documento da prefeitura enquanto estava em campanha eleitoral em 2020 e já exonerado de seu cargo anterior.

A denúncia foi protocolada por Camargo na quinta-feira, 17, no Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC). O órgão informou que recebeu a acusação e que já foi instaurado Procedimento Investigatório Criminal para apurar o caso.

De acordo com documentos a qual a reportagem de O Município teve acesso, na época em que Neto era candidato a vereador de Brusque, ele teria assinado uma certidão de decadência ainda como coordenador do Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan), cargo que exercia antes de ser exonerado.

Visando as eleições municipais, Neto deixou a prefeitura no dia 1° de julho de 2020, exonerado, a pedido, pelo então prefeito Jonas Paegle. O documento em que ele é acusado de ter assinado, entretanto, é do dia 29 de outubro daquele ano, 17 dias antes da eleição.

Documento que motivou denúncia de Camargo ao MP-SC. Foto: Reprodução

Ibplan não emite certidões

A certidão de decadência com assinatura de Neto é referente a um imóvel no bairro Limeira Baixa, de aproximadamente 666 metros quadrados. Um e-mail enviado no dia 2 de fevereiro deste ano ao Ibplan questionando o assunto mostra que a resposta do instituto foi de que não tinha conhecimento da certidão.

A reportagem entrou em contato com o Ibplan, que informou que os servidores que atuam no instituto não assinam certidões de decadência, e nunca assinaram. De acordo com o órgão, o serviço é feito pelo Departamento de Tributação da prefeitura. No documento, consta apenas a assinatura de Neto.

Luciano Camargo alega que o documento é ilegal, e que, independentemente do período eleitoral, a certidão não poderia ter sido assinada por Neto, pois ele já havia sido exonerado, conforme consta no Diário Oficial dos Municípios (DOM). A denúncia ao MP-SC se refere a falsificação de documentos, falsidade ideológica e crime eleitoral.

“Faltavam alguns dias para eleição e o homem estava querendo construir um galpão. Não sei qual foi o interesse dele (Neto), mas de ‘bom samaritano’ não foi. Mesmo que ele não tivesse interesse algum nisso, não poderia ter feito (assinado o documento)”, afirma Camargo.

Neto alega perseguição

Procurado pela reportagem de O Município, Neto negou todas as acusações de Luciano Camargo. Ele disse que não assinou o documento e que o caso já estava sendo apurado em procedimento interno na Prefeitura de Brusque.

“Eu não estava na prefeitura. Como vou assinar um papel se eu não estava na prefeitura?”, questiona. Ele diz que o morador citado na certidão sequer o conhecia e que o documento foi falsificado e colocado sua assinatura.

Assim que soube da existência do documento, Neto fez um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia. Além disso, ele comunicou à Receita Federal que o “documento não tem validade e fundamento”.

Mensagem enviada por Neto à Receita Federal. Foto: Reprodução

Neto comenta ainda que, na época em que estava prestes a deixar a prefeitura, sofreu perseguição. Portanto, ele afirma que registrou três boletins de ocorrência na delegacia à época.

“Sumiu a chave do carro em que eu dirigia. O carro apareceu com os vidros quebrados. Entraram no meu computador e apagaram tudo. Isso tudo tem boletim de ocorrência registrado. Depois de tudo, aparece este documento”, afirma.

Por fim, ele reforça que não assinou o documento e provoca o diretor-presidente do Samae, se referindo às recentes denúncias envolvendo à autarquia. “O Luciano Camargo tem que cuidar das denúncias e falcatruas que têm no Samae, que são bastante”, finaliza.

Correção (13h46): anteriormente havia sido informado que a mensagem de Neto havia sido enviada para a Prefeitura de Brusque. Entretanto, foi encaminhada para a Receita Federal.


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