Diretor-presidente do Samae de Brusque responde críticas sobre politização da autarquia
Para Dejair Machado, ter sido vereador por 20 anos não é demérito, e sim honra
Após ter sido vereador durante cerca de 20 anos, Dejair Machado, que é filiado ao Partido Social Democrático (PSD), assumiu ao cargo máximo do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Brusque (Samae) acompanhado de críticas.
Além de tornar-se diretor-presidente da autarquia no ápice de uma das maiores crises hídricas do município nos últimos anos, Machado chega justamente em um momento que a tensão política nacional gera insatisfação e descontentamento da população.
O nome de políticos em cargos estratégicos vem sendo cada vez menos tolerado. Para Machado, contudo, sua chegada ao comando do Samae se deu não somente pela sua filiação partidária, mas principalmente pelo conhecimento das demandas da cidade e a experiência como químico. Ele também trabalhou mais de um ano no Samae antes de assumir como diretor-presidente.
Resposta às críticas
Dejair Machado atuou por duas décadas na Câmara de Vereadores, tendo sido inclusive presidente da casa. Na sua opinião, há um excesso em torno das críticas que recebeu por ter se tornado diretor-presidente do Samae. Ele afirma que compreende a preocupação da população, mas diz que é preciso avaliar cada caso individualmente.
Machado afirma que, além de não ser algo que o desclassifique, contribui para uma melhor gestão. “Hoje em dia parece que ter sido vereador é um demérito. Para mim é uma honra. Se fui 20 anos vereador é porque alguma coisa eu consegui fazer. Com este cargo eu conheci a cidade, as pessoas, as dificuldades, e tenho mais experiência”.
O diretor-presidente acredita, portanto, que ter sido vereador é uma vantagem para administrar. Químico de formação, tendo trabalhado em tinturarias durante sua carreira, Machado diz que suas experiências profissionais e como homem público o credenciaram para assumir o Samae.
“Como vereador e químico eu tinha conhecimento do assunto, mas não entendia o funcionamento da autarquia. Este um ano e três meses trabalhando aqui me serviram como um estágio. Não é só tratar a água, é captar, tratar e distribuir, com quantidade e qualidade”.
Enquanto vereador, Machado foi relator do primeiro plano-diretor de Brusque, em 1990. Participou também da criação da lei orgânica do município. “O fato de conhecer leis, ter sido relator e acompanhar as movimentações populares me dá ainda mais credenciamento. Se me tirasse hoje de um laboratório, como químico, sem ter sido vereador, eu com certeza não teria capacidade para esta gestão”.
Diferenças para a gestão anterior
Antes de Dejair Machado, quem estava à frente da autarquia era Roberto Bolognini, o Betinho. O ex-diretor-presidente pediu exoneração em meio à crise hídrica, no dia 11 de janeiro. Com a saída de Betinho, Machado, que já estava desde outubro de 2017 como diretor-geral, assumiu.
Para ele, existem diferenças nos modelos de gestão. “O Betinho é um grande engenheiro civil, uma das pessoas que mais conhecem sistemas de tratamento na nossa região. A principal diferença é que ele tinha uma administração mais centralizadora, e eu sou mais descentralizador. Procuro delegar competências, e com isso as coisas fluem mais rápido”.
Segundo Machado, é possível delegar funções porque a autarquia conta com profissionais competentes em diversas áreas. “Temos engenheiros de várias vertentes, químicos, biólogos, enfim, profissionais capacitados, que sabem o que é preciso fazer para que a população brusquense tenha água e de qualidade”.
O diretor-presidente já havia comentado que o principal problema da crise hídrica foi a falta de investimento para captação de água por parte das gestões anteriores.
Principais desafios
Após mais de um mês como diretor-presidente do Samae, Machado já consegue vislumbrar seus principais desafios à frente da autarquia. Ele anunciou recentemente que, além da estação de tratamento de água (ETA) da Cristalina, que deverá iniciar seu funcionamento em 2021, deve ser construída uma ETA compacta no bairro Limeira para captação de água.
O maior de todos os desafios é a frequente falta de água, principalmente no período de verão, que nos últimos meses potencializou-se com a estiagem. “Nós tivemos uma estiagem enorme. O desabastecimento foi o pior problema. Foram cerca de oito meses de poucas chuvas, muito período de seca, e nossos reservatórios secaram”.
Outro desafio que Machado assume é o retorno da credibilidade para a autarquia. “Queremos que o Samae seja visto novamente como uma instituição séria, técnica, e que procure fazer o melhor possível dentro de suas condições. Nosso objetivo é levar tranquilidade à população, com água em abundância e de qualidade”.