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Discos brasileiros de 79

No Brasil, 1979 foi um ano marcado mais pelo resgate da memória recente, atrapalhada pelos anos de censura pesada, do que pelos nomes e estilos novos. É compreensível. O país precisava retomar sua história musical, antes de seguir adiante. Teria sido bom se tivesse feito isso em todas as áreas, não?

Mas também foi um ano em que os artistas já estabelecidos mostraram fôlego e relevância. Melhor exemplo? Chico Buarque, é evidente.

Inegavelmente, a versão em vinil de A Ópera do Malandro é um marco na obra do compositor. O musical ganhou uma coleção de participações especiais de tirar o fôlego, misturando vozes conhecidas, novos nomes e companheiros próximos. Uma mistura perfeita que incluiu Marlene, Elba Ramalho, Francis Hime, MPB-4, Nara Leão, As Frenéticas, Sivuca, Marieta Severo, A Cor do Som, Moreira da Silva, Alcione, Gal Costa, Zizi Possi. Ufa.

Difícil é pinçar destaques do disco duplo. Obviamente, Geni e o Zepelim é um clássico… assim como Folhetim, O Meu Amor e Pedaço de Mim. Na dúvida, ouça tudo.

Já são quarenta anos, veja só, desde que Pra Não Dizer que Não Falei das Flores (também conhecida como Caminhando) foi liberada – e fez parte do relançamento do disco 5 anos de Geraldo Vandré, desta vez batizado só com o nome do compositor e cantor.

Talvez ainda não seja necessário reforçar a importância da música, um dos hinos de luta contra a ditadura militar. Mas… talvez seja bom contar, para quem chegou depois ou vivia uma rotina “desfocada”, na época, o quanto foi emocionante poder ter em mãos, com o poder de ouvir de acordo com a própria vontade, as músicas que tinham sido proibidas durante aquele período. Liberdade é sempre fundamental… incluindo aí a liberdade artística.

1979, por outro lado, marcou também o encontro de grandes nomes com o pop, em uma mistura que levou a um imenso sucesso radiofônico – numa época em que rádio e venda de discos formavam uma dupla vencedora.

Nessa categoria a gente encaixa Realce, disco de Gilberto Gil que deu uma renovada em suas influências, acrescentando disco e reggae à sua mistura brasileira – e conseguindo hits como a faixa-título, a versão Não Chores Mais, Superhomem – a canção. Um acerto.

Também mergulhada até o pescoço em sua fase pop, Rita Lee, em seu álbum homônimo, emplaca Mania de Você, Doce Vampiro, Chega Mais e a deliciosa Papai Me Empresta o Carro.