Diversos bairros de Brusque sofrem com falta de água recorrente

Moradores contam que estão há cinco dias sem abastecimento; Samae aponta duas explicações para o problema

Diversos bairros de Brusque sofrem com falta de água recorrente

Moradores contam que estão há cinco dias sem abastecimento; Samae aponta duas explicações para o problema

As torneiras de diversas casas de Brusque estão secas desde o último sábado, 4. O problema está relacionado a dificuldades de tratamento na ETA Central, que atende mais de 70% do município.

Entretanto, em outras localidades, moradores relatam falta de água constante há mais de um mês. É o caso do morador do Águas Claras, Maicon Augusto Panca, de 31 anos.

Segundo ele, que reside na rua Adelina Debatin, a família enfrenta o desabastecimento todos os dias desde janeiro. Maicon detalha que o problema começou após uma forte chuva, que causou alagamentos na cidade.

Geralmente, a falta de água é registrada durante as tardes, com retorno apenas na madrugada. No sábado, por exemplo, a rua inteira ficou desabastecida do meio dia às 3h.

Para lidar com o problema, a família enche galões de água para poder fazer comida. “Só que depende, se é um período muito longo [de falta de água], os galões não são suficientes”, aponta.

A situação se repete em diversas ruas da cidade, como na Martin Debatin e Irineu Schmitz, no Águas Claras; na rua Luiz Pedrini, no Souza Cruz; na rua Anna Augusta Klann, no Primeiro de Maio; entre outras localidades.

Um morador da rua dos Pinheiros, no Águas Claras, que não quis se identificar, também conta que a comunidade está sem abastecimento desde o meio-dia de sábado. Apenas na manhã desta terça-feira, 7, foi registrado um leve retorno, que durou poucos minutos.

Nos últimos dias, a família tem ido à casa de um familiar para fazer a higiene pessoal e pegar água para fazer a comida. O local fica há 10 minutos de carro da residência.

Apesar da situação atual, a comunidade registra desabastecimentos frequentes, que começam nas tardes e seguem até à noite. O morador ressalta que em outros casos, o Serviço Autônomo Municipal de água e Esgoto de Brusque (Samae) enviou um caminhão pipa para abastecer as caixas.

“Esse é o maior tempo que ficamos sem água. Entramos em contato após esperar um tempo para o retorno da água, disseram que iriam resolver, mas não resolveram. Pedi a vinda do caminhão pipa, mas não chegou aqui. Fui ao Samae, mas não me atenderam. Ontem disseram que o problema seria resolvido no final da tarde, mas a água não voltou”, completa.

Causas do desabastecimento

O diretor-presidente do Samae de Brusque, William Molina, aponta que a cidade tem uma série de fatores que contribuem para essa situação. Ele começa pela captação da água no rio Itajaí-Mirim.

“As pessoas imaginam que quando chove muito, melhora a capacidade de captação, o que não é verdade. Quando ocorre uma chuva de maior intensidade o rio tem a água com turbidez muito elevada, isso prejudica o tratamento e causa a diminuição da capacidade do tratamento dessa água”, explica.

Além das chuvas, Molina ressalta que o desmatamento e alteração nas margens do rio intensificam essa situação e prejudicam o tratamento. “Diminuem a capacidade do volume de tratamento e isso já impacta na reservação da água”, continua.

O diretor também aponta outra problemática: o aumento do consumo de água. “Depois das chuvas, na última semana tivemos um consumo bastante acima da média em todos os bairros. Onde as pessoas, em época de férias, estão em casa e o consumo é o dia inteiro, o que normalmente ficaria centralizado no período da noite. É um período muito quente e o consumo de água ficou acima da expectativa que havíamos traçado”, continua.

Contudo, Molina não acredita que o desabastecimento seja prolongado. Ele explica que, com a diminuição da turbidez da água do rio, com a diminuição das trovoadas, o Samae terá mais capacidade de tratamento.

Ele aponta também que a amenização das temperaturas e o início das aulas pode também diminuir o problema. “Estamos trabalhando o máximo que podemos, para que consigamos dar conta neste momento”, afirma.

Como resolver

Para o futuro, Molina destaca que é preciso pensar em alternativas na captação e tratamento de água, assim como na distribuição. “A coisa precisa ser melhorada para que a gente não passe, daqui alguns meses, por essa mesma situação que a gente passa hoje. Se continuar crescendo a população e aumentado o consumo de água, precisaremos de alternativas”, salienta.

Uma forma de amenizar a falta de água é a finalização da ampliação da ETA compacta Central, prevista para o final de março. “São processos demorados. Com o aumento da capacidade de tratamento, a gente vai diminuir essa falta de água, mas não vai eliminar o problema totalmente”, pontua.

Hoje, conforme Molina, Brusque não tem capacidade de tratar a quantidade de água que é consumida. Então, avalia a necessidade de se fazer novos investimentos.

“Temos o projeto da ETA Cristalina, que é para começar a construção ainda neste ano. Para que, em um prazo de quatro anos, a gente resolva em definitivo essa questão da falta de água. E outros projetos de menor porte nas estações de tratamento isoladas, como no Ribeirão do Mafra e Limeira, que a gente acaba tendo mais água para entregar à população”, lista.

Consumo consciente

Luiz Antonello/O Município

Para quem passeia pela região central de Brusque, é comum presenciar algum morador lavando a calçada, por exemplo. Para tentar combater o uso inconsequente da água, o Samae deve lançar uma campanha para conscientizar o uso da água até a normalização.

“Como estamos num período de bastante dificuldade, a campanha pedirá para que as pessoas evitem lavar a calçada, molhar a rua ou lavar carro, que são atitudes que gastam bastante água. Os moradores nas partes mais baixas, onde tem água e que fazem isso, acabam prejudicando os moradores das partes mais altas”, comenta.

Molina relembra que já foi criada uma multa no passado, para quem fizesse esse uso da água. Mas, ressalta que a intenção atual é trabalhar mais com a conscientização. “De se olhar pelo próximo. Se eu gastar aqui vai faltar no meu vizinho”, diz.

“De qualquer forma, a gente precisa achar soluções e encontrar mecanismo para que não se desperdice água. Que a maioria da população tenha acesso à água com normalidade”, finaliza.


– Assista agora:
Doação de herança deu início à história da igreja do Águas Claras, em Brusque

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