Dizer e fazer
O papa Francisco, na homilia da missa na capela da Casa Santa Marta (23/02/2016), onde ele mora e celebra a Eucaristia, quando não tem outra celebração eucarística a realizar, abordou o tema dizer e fazer, em relação à vida cristã. Foi, nessa celebração, que discorreu a respeito do testemunho cristão. Esse testemunho brota de uma […]
O papa Francisco, na homilia da missa na capela da Casa Santa Marta (23/02/2016), onde ele mora e celebra a Eucaristia, quando não tem outra celebração eucarística a realizar, abordou o tema dizer e fazer, em relação à vida cristã. Foi, nessa celebração, que discorreu a respeito do testemunho cristão. Esse testemunho brota de uma visão de “O cristianismo é uma religião do fazer. Do contrário, é fingimento”. Acentua que há um abismo entre o dizer e o fazer. E quando esse abismo é grande em demasia, põe em risco ou compromete a validade da própria vida cristã. Com o tempo vai se formando um hiato entre fé e vida.
Segundo o papa, muitos cristãos não expressam efetivamente a sua fé, em atos, ações, atitudes concretas. Praticam uma “religião do dizer”, feita de hipocrisia e de vaidade. Este modo de viver a fé cristã contradiz a “dialética evangélica entre o dizer e o fazer”. Porque é bom sempre lembrar que Cristo dizia e fazia o que dizia. Basta recordar uma passagem, onde fala explicitamente que “ninguém tem mais amor do que dar a vida por seus amigos…” (Jo 15,13). Disse e também fez. Com efeito, deu sua vida na Cruz por seus amigos. Sem dúvida, foi seu maior gesto de entrega, de doação, de amor ao Pai e a todos os seus irmãos (ãs), sem exceção.
Jesus em suas falas e em seus gestos sempre exortou a todos a não imitar os que sempre estão prontos a dizer o que se que deve fazer para agradar a Deus e amar o próximo, mas nada ou quase nada fazem. Pelo contrário, ele sempre mostrou o caminho do fazer. E continua, hoje, pela sua Igreja a apontar o rumo certo para a concretização de nossa fé, em obras que podem transformar a realidade sociocultural com as sementes do Evangelho da Boa Nova do Reino de Deus. Sementes que poderão fecundar a realidade de maneira que possa dar frutos de justiça, de solidariedade, de fraternidade, de diálogo, de amor e de paz.
Não basta afirmar que sou cristão. “Ah, eu sou tão católico!”. Mas, depois o que, de fato, fazem? Quantos desses que estão na lista dos escândalos da Lava Jato e das listas do Janot/Fachin são cristãos! São católicos! Talvez até vão aos cultos litúrgicos (provavelmente, mais em tempos de eleições). Escutam a Palavra de Deus. Batem no peito, compungidos! Claro que também nas listas há muitos que não têm fé alguma no Deus bíblico.
Por isso o papa nos diz mais uma vez que não podemos vivenciar, apenas, “a religião do dizer”. Porque, segundo ele, é uma religião que, basicamente, “é uma fraude”, porque é a religião do “dizer e não do fazer”. Fazer o quê? Fazer o que diz o Senhor Deus, por meio de sua Palavra contida na Bíblia.
Ser cristão “significa fazer”: “fazer a vontade de Deus. No último dia, porque todos nós vamos ter um, o que o Senhor nos perguntará? Ele vai nos perguntar: ‘O que disseste sobre mim?’ Não! Ele vai nos perguntar o que fizemos!”, lembra o papa. Também o papa chama atenção que, no Evangelho de Mateus ao falar do juízo final, Deus nos pedirá contas do que tivermos feito pelos que têm fome, sede, pelos encarcerados, pelos estrangeiros. “Esta é a vida cristã”, insiste o papa. “Por outro lado, só dizer nos leva à vaidade, a fingir que somos cristãos. Mas não: não se é cristão desse jeito”.