Do armazenamento à aplicação: conheça a logística da vacinação contra Covid-19 em Brusque
Trabalho vai muito além da aplicação das doses na população
A pandemia mudou completamente a rotina dos trabalhadores da saúde em Brusque. Além de médicos, enfermeiros e outros profissionais que atendem diretamente os pacientes, a Vigilância em Saúde também teve que se reinventar pela quantidade de processos que foram criados por causa da Covid-19.
A Vigilância Epidemiológica, que é um braço da Vigilância em Saúde, entre outras atribuições, recebe, armazena e distribui as doses dos imunizantes contra a Covid-19 para os dois pontos de vacinação de Brusque, na Unifebe e na Uniasselvi.
Dentro da Vigilância Epidemiológica, existe o Departamento de Imunização, que é o responsável pela distribuição das vacinas. As vacinas contra a Covid-19 ficam armazenadas em uma sala especial, que tem a temperatura controlada, juntamente com outros imunizantes. O cômodo tem todos os equipamentos para manuseio das doses, que precisam ser conservadas em temperaturas específicas, determinadas pelos fabricantes.
Pela manhã, a equipe separa as doses e a equipe de motoboys da Prefeitura de Brusque transporta as doses para os dois locais de vacinação por volta das 7h40. No fim do dia, as vacinas que não foram utilizadas retornam para o prédio da Vigilância em Saúde, onde ficam armazenadas na temperatura certa. Além disso, os dados das vacinas são consolidados e os frascos conferidos.
Logística da vacinação
Tanto na Unifebe quanto na Uniasselvi, os vacinadores têm um trabalho que vai além da aplicação das doses. Eles precisam preencher um documento, que depois é encaminhado para a Vigilância em Saúde, informando a faixa etária ou grupo prioritário de cada pessoa vacinada. Depois, essa informação é transferida a uma base de dados que informa o Ministério da Saúde e também a população.
A enfermeira responsável pelo ponto de vacinação na Unifebe é Elisabete Cecília de Souza. Antes da pandemia, ela trabalhava no programa Melhor em Casa e foi realocada para o centro de vacinação.
Elisabete conta que a logística criada para agilizar a vacinação da Unifebe foi sendo construída a partir das experiências que a equipe teve. Hoje, as pessoas que vão receber a primeira dose são atendidas em um local, enquanto as que procuram a segunda são atendidas por uma outra equipe, em uma sala separada.
Na sala de vacinação de primeira dose, duas vacinadoras são responsáveis pelas aplicações. Normalmente, cada uma fica responsável pelo manuseio das vacinas de um fabricante específico, tudo pensado para facilitar a logística.
Além disso, caso o paciente tenha problemas de locomoção, pode receber o imunizante direto no carro.
“As vacinadoras têm que ter um conhecimento muito específico, para saber a quantidade que tem que ser aplicada, onde será aplicada, se a pessoa pode receber vacinas ao mesmo tempo, para não causar efeitos colaterais ou anular o efeito”, destaca a diretora da Vigilância em Saúde, Ariane Fischer.
No local de vacinação, um sistema on-line é utilizado para verificar se a pessoa está cadastrada no Sistema Único de Saúde (SUS), se é residente de Brusque ou se já foi vacinada em algum outro local. Segundo Elisabete, aconteceram poucos casos até agora de tentativa de burlar a imunização com algum tipo de documentação falsa.
“Algumas coisas, eu adaptei na vivência que a gente tem. Reuni os funcionários, perguntei o que eles achavam. Ainda assim, de vez em quando fazemos mudanças. Temos uma equipe bem dinâmica. Nossa meta é que a pessoa fique, no máximo, uma hora aqui”.
Meta a cumprir
Na Uniasselvi, Bruna Kreutz é a enfermeira responsável por coordenar a equipe de 25 pessoas que atende atualmente seis salas de vacinação, com capacidade para aplicação de 1,2 mil doses por dia. Bruna, que tem experiência em UTI de hospitais, foi contratada para trabalhar no centro de vacinação.
Ela conta que atendentes encaminham as pessoas para as respectivas salas de vacinação de acordo com o que foi agendado de forma on-line.
“A gente tem uma meta a cumprir, já que o governador determinou a meta que temos que vacinar toda a população adulta até 31 de agosto com a dose 1. Por isso aumentamos as salas, ainda fazemos drive-thru à noite para dar conta”, explica.
Para conseguir o objetivo definido pelo governador, a cidade precisa vacinar cerca de 8,2 mil pessoas por semana com a primeira dose. Por causa disso, funcionários de vários cantos foram deslocados para trabalhar nas imunizações.
Em ambos os centros, quem busca a segunda dose não precisa agendar. As pessoas estão sendo orientadas a procurarem os locais de vacinação no mesmo horário que receberam o primeiro imunizante para facilitar o processo. Essa foi a forma encontrada para facilitar à população o acesso do reforço do imunizante.
Adaptações
A Vigilância em Saúde é responsável por uma série de atividades no município, que vai de acompanhamento de pacientes com HIV, tuberculose e hanseníase até investigação de mordeduras de cachorro, focos do Aedes Aegypti e caramujos africanos, e se divide em Sanitária e Epidemiológica. Uma dessas funções é fazer a investigação e desfecho de um rol de eventos que podem causar surtos. É aí que se encaixa o coronavírus.
“O Covid-19 é uma das doenças de notificação compulsória que temos, só que tomou uma proporção muito grande porque é a pandemia”, explica Ariane.
Em tempos normais, a Vigilância em Saúde não seria a responsável pela aplicação de vacinas, apenas pela logística e referência técnica. Mas o essencial trabalho de imunização à Covid-19 acabou se tornando uma nova função.
Um dos motivos pelos quais a Vigilância decidiu não enviar as doses da vacina contra a Covid-19 para as salas de vacinação nos bairros foi a similaridade das embalagens da Coronavac e da vacina contra poliomielite.
“Fico muito frustrada quando vejo comentários de pessoas julgando o trabalho de outras. Só quem está aqui, sabe. Nesse momento, devido à necessidade e a urgência, tomamos para nós os centros de vacinação e somos nós que comandamos, tanto o da Unifebe, quanto o da Uniasselvi”.
Nos bastidores
Por trás do trabalho importantíssimo da vacinação, uma equipe trabalha para dar suporte e possibilitar que as doses sejam aplicadas na população de Brusque.
Graziela Marques, todos os dias, responde as mensagens no WhatsApp do canal que tira dúvidas da população. Ela sofre às vezes com impaciência da população e precisa lidar com xingamentos quase todos os dias. Por dia, ela responde cerca de 800 mensagens.
A responsável por controlar todas as entradas e saídas de vacina é Thais de Oliveira Formento. Ela é a referência do setor, sabe quantas doses tem, quais são e qual é o lote que está sendo aplicado. Iracéli Till Otto é responsável por várias questões ligadas à burocracia da Covid-19: listagem das rotinas das vacinas, controle de temperatura, pedido, contagem, conferência.
Vera Lucia Civinski faz o lançamento das ocorrências de evento adverso pós-vacina da Covid-19 e outros imunizantes, assim como Daisy Hassmann, que também ajuda as equipes no centro de vacinação.
A enfermeira Natália Cabral Marchi é um dos braços-direitos de Ariane na Vigilância em Saúde. Elas precisam se preocupar com o sistema de agendamento, informar o Ministério Público como a vacinação está sendo feita, transmissão diária dos dados para o Ministério da Saúde, plataforma de agendamento, entre outras funções.
“A equipe já existia, já tínhamos funções, mas novas foram agregadas, poucas pessoas entraram. Nada seria possível sem o esforço de todas essas pessoas”, resume Ariane.
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