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Do diagnóstico à quimioterapia: brusquense comenta desafios do tratamento contra o câncer de mama

Na segunda reportagem do especial A Vida Continua, Fernanda aponta que a perda do cabelo durante o período foi um dos principais “monstros” enfrentados

Em abril deste ano, uma lesão na mama esquerda fez com que a costureira Fernanda Pereira Berns, 35 anos, procurasse uma consulta médica. Na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brusque, ela foi atendida pelo médico mastologista Guilherme Gamba.

Ele detalha que a lesão era recente, mas, em dois meses, o caroço cresceu rapidamente. “A gente já viu que já tinham algumas alterações mais suspeitas, que mereciam uma atenção mais breve possível”, conta.

Então, Fernanda fez exames de rotina, com ultrassom, que atestou a lesão. Em seguida, foi feita a biopsia. “Embora raro, o câncer de mama abaixo dos 40 anos é bem incomum, tínhamos essa suspeita. A biopsia foi realizada aqui mesmo na Rede Feminina”, continua.

Segundo o médico, a biopsia é realizada na Rede Feminina e o resultado é rápido. A confirmação do diagnóstico foi recebida na semana seguinte. Fernanda estava com a mãe, Tânia Eger, e lembra que a notícia virou a vida dela de cabeça para baixo.

“Quando eu descobri que tinha câncer, a primeira coisa que eu pensei foi na minha família. Eu me reprimi para não mostrar anda para eles. Quando ganhei o diagnóstico estava com a minha mãe, pensei muito nela. Eu paralisei”, relembra a moradora do bairro Águas Claras.

Guilherme aponta que o momento é difícil e o médico precisa ser o mais empático o possível. Na Rede Feminina, em Brusque, há uma equipe multidisciplinar para dar suporte nestes momentos.

“Sobre o câncer de mama é muito difícil você colocar uma receita de bolo e mudanças de rotina, porque cada paciente tem um tipo específico de doença. E cada paciente tem suas alegrias e suas tristezas”, inicia.

“Na situação da Fernanda, que é muito jovem e a proposta inicial de tratamento foi a quimioterapia, a gente sempre discute e conversa sobre os efeitos adversos e o que pode acontecer, os efeitos colaterais. A gente fala sobre queda de cabelo, perda de gosto de comida, às vezes diarreia, náuseas e vômitos. Só que a grande questão aqui é que isso não é obrigatório para todas as pacientes. Um efeito adverso pode acontecer, como também não pode. De maneira geral, os primeiros passos que ela vai precisar, são consultas em Blumenau, dias que ela terá que ir lá fazer o uso da medicação”, completa.

Perda do cabelo

Após raspar o cabelo, Fernanda se sentiu aceita e apoiada pela família | Arquivo pessoal

Quem normalmente leva Fernanda para a quimioterapia no Hospital Santo Antônio, em Blumenau, é a mãe dela. Para Tânia, o momento mais doloroso foi o dia em que Fernanda pediu para ela raspar o cabelo. A ligação foi recebida por Tânia na Festa de Azambuja. “Aquilo para mim, desabou. Eu pensei ‘comigo de novo não’”, recorda, emocionada.

“Ela perdeu a mãe dela de câncer. Então, a mãe nunca superou isso, ela nunca aceitou que a vó se foi. Aí ela me vê na mesma situação, com câncer de mama”, explica Fernanda.

Fernanda admite que a queda do cabelo a incomodou muito. Antes de iniciar as quimioterapias, a brusquense já pensava nesta possibilidade. Entretanto, após a primeira sessão o cabelo dela não caiu.

“Fiquei super feliz e pensei que seria a única pessoa que não vai perder o cabelo. Na segunda quimio começou a cair, mas não da forma que haviam me dito. Na terceira ficou insustentável, comecei a não pentear o cabelo para não ver cair. Antes de fazer a quarta, decidi cortar. Estava insustentável, estava sendo um sofrimento muito doloroso”, conta.

Apesar do medo e insegurança, Tânia diz que Fernanda lidou tranquilamente com a situação. “Após raspar, ela olhou no espelho e disse ‘até que não fiquei tão feia’. Ela nos convenceu a não raspar também”, continua.

“Tudo o que imaginei na minha cabeça, foi ao contrário. Não fez nenhuma diferença para a minha família eu ficar careca, eu que fiz os monstros na minha cabeça”, reflete Fernanda,

Guilherme ressalta a coragem necessária neste momento, para lidar com o receio da não aceitação. “Mas o mais importante, ao longo do tempo, terminando o tratamento, todo cabelo volta. Ele vai crescer de novo, às vezes brinco com as pacientes que volta até melhor, o único que não volta é o meu”, completa o médico, em uma risada.

Vencendo o câncer

Tânia acompanha a filha nas sessões de quimioterapia | Arquivo pessoal

Fernanda relata que, a cada quimioterapia, percebe o câncer diminuindo. Hoje, ainda sente um pequeno caroço na mama, mas bem menor do que era no início do tratamento.

Agora, a expectativa é pela cirurgia. “Estou bem ansiosa, pois a primeira parte eu fiz. Fiz das quimios um bicho de sete cabeças, e consegui. Estou ansiosa para fazer as que faltam e a cirurgia. Graças Deus, a cada consulta eu recebo uma notícia boa, então saímos bem mais felizes”, celebra.

Após enfrentar o câncer e seguir com o tratamento, ela reflete sobre o quanto foi forte no período. “Eu venci as etapas. Por mais que a gente acha que não vai conseguir, a gente consegue. Porque Deus só te dá a cruz que tu podes carregar. Eu acho que todas nós, que estamos em tratamento contra o câncer, somos vencedoras”, finaliza.

Assista ao vídeo e conheça mais da história de Fernanda::


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