Do Ribeirão do Ouro para um negócio de sucesso no Mato Grosso: conheça a história do Grupo Botuverá
Família Bissoni construiu um empreendimento de sucesso a mais de 1,7 mil quilômetros da terra natal
Originária da localidade de Ribeirão do Ouro, em Botuverá, a família Bissoni construiu um negócio de sucesso no Mato Grosso, a mais de 1,7 mil quilômetros da terra natal: o Grupo Botuverá.
Vicente (in memoriam) e Juvita Bissoni, 91 anos, se mudaram para Brusque quando os filhos ainda eram pequenos e estabeleceram residência no bairro Dom Joaquim. O pai trabalhava na Souza Cruz, mas já tinha a vontade de empreender no ramo dos transportes.
Mais tarde, o filho mais velho, Tarciso, completou 18 anos, e começou a trabalhar com caminhão. Outros irmãos foram crescendo e seguindo o mesmo caminho. Com isso, a família fundou uma transportadora. O ano era 1975. Iniciava aí, os primeiros passos para a criação do Grupo Botuverá.
Em 1982, os caminhões da transportadora começaram a fazer algumas viagens para o Mato Grosso. Nesta época, o estado estava começando no plantio de soja.
“Os caminhões iam para o Mato Grosso e voltavam. Foi então que em 1984, quando eu saí da faculdade, decidimos ficar por lá. Meu irmão Vilymar foi antes e eu fui depois. Passamos um ano inteiro lá, neste tempo fiquei em um posto de gasolina”, conta Adelino Bissoni, em entrevista a O Município durante sua passagem em Brusque no início de agosto.
Os dois irmãos decidiram, então, ficar em definitivo no Mato Grosso, na cidade de Rondonópolis. Eles compraram terreno, construíram casa e a primeira sede da empresa.
“Nesta época trabalhávamos só com caminhão. Puxava soja das lavouras e trazia para o Paraná, ali na região do porto de Paranaguá”, lembra Adelino.
Visão empreendedora
Em 1986, os irmãos decidiram entrar para um novo ramo. Foi quando adquiriram a primeira fazenda de gado e começaram a trabalhar com criação. A transportadora, entretanto, continuou.
Três anos depois, a família comprou uma nova fazenda, chegando a ter mais de oito mil cabeças de gado.
Cerca de 10 anos depois, os Bissoni entraram na agricultura. “Compramos a primeira fazenda para plantar soja e um pouco de gado. Com as novas tecnologias, fomos ampliando a fazenda, introduzimos o plantio de milho, a agricultura foi ganhando força e a logística melhorando”.
Os irmãos Tarciso, Glomir, Vilymar, Adelino e Santo Nicolau se tornaram sócios do Grupo Botuverá, que naquela altura já contava com as fazendas e a transportadora.
“Com o tempo fomos ampliando as fazendas e crescendo também no ramo dos transportes”, destaca Adelino.
Hoje, o Grupo Botuverá conta com 55 mil hectares, distribuídos em quatro fazendas. Três ficam na cidade de Gaúcha do Norte. A outra fica no município de Tesouro.
A maior fazenda, que fica em Gaúcha do Norte, tem uma estrutura completa e é praticamente uma cidade. Dentro da fazenda, tem 55 casas para os funcionários, campo de futebol, posto de saúde, ambulância e a escola, que a prefeitura mantém, mas foi construída em parceria com as fazendas vizinhas.
Nesta fazenda, a família planta 15 mil hectares de soja e outros 10 mil hectares de milho. As outras fazendas menores também têm plantação de milho e soja, intercaladas com a criação de gado.
Grupo familiar
Apesar da magnitude do negócio, o Grupo Botuverá continua sendo uma empresa familiar. Hoje, dos cinco irmãos, três não estão mais na operação. Permanecem somente Adelino e Santo Nicolau.
A segunda geração já está à frente dos negócios, junto a uma equipe de profissionais qualificados. O Grupo Botuverá conta com pouco mais de 600 funcionários, distribuídos entre as fazendas e a transportadora.
A sede da transportadora fica em Rondonópolis, mas a empresa conta com 20 filiais espalhadas em todas as regiões do país. A transportadora trabalha tanto com frota própria quanto com caminhões de terceiros.
“Nossos caminhões levam as nossas mercadorias e de terceiros. E também contratamos caminhões de terceiros para levar a nossa produção e de outros produtores”. A frota própria da transportadora é de 205 caminhões.
O Grupo Botuverá também tem uma grande preocupação com o meio ambiente. Adelino conta que todas as embalagens utilizadas nas fazendas são enviadas para o descarte correto. Além disso, a empresa não faz plantação a menos de 200 metros de córregos e rios. “Quando fomos comprando as áreas e tinha plantação a menos que isso, a gente plantou. Já plantamos mais de 60 mil mudas de árvores. As boas práticas pedem isso”.
Crescimento surpreendente
Olhando para trás, Adelino afirma que não imaginava que a decisão de ir morar no Mato Grosso se transformaria, anos mais tarde, em um empreendimento de tanto sucesso.
“Claro que nós achávamos que o negócio ia crescer, porque pelo que a gente via, tinha potencial, mas nunca do tamanho que hoje está”.
O sócio da empresa destaca que a família não tinha muita experiência na lavoura, por exemplo, e tudo foi aprendido na prática.
“Meus pais tinham plantação lá em Botuverá e quando nos mudamos pra Brusque também, mas era para subsistência, plantar para o consumo próprio, nunca foi para venda. E lá, aos poucos, fomos aprendendo, investindo até construir o que temos hoje. O Mato Grosso tem muito potencial e nós conseguimos enxergar isso”.