Documento final do Sínodo
Durante o mês de outubro em curso, estiveram reunidos, em Roma, num Sínodo, por três semanas, bispos e jovens representando a Igreja Católica. Vieram das respectivas Conferências Episcopais dos diferentes países. A maior parte foi eleita, em suas Conferências Episcopais. Outra parte foi escolha pessoal do papa, além dos que pelo Direito Comum da Igreja tem assento próprio em Assembleias sinodais.
Esse Sínodo teve uma longa e profunda preparação em toda a Igreja, presente em todos os países. Todos se debruçaram numa reflexão e meditação, além de orações a respeito do tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. O texto final foi aprovado na tarde de 27 de outubro na Sala do Sínodo. O documento foi entregue nas mãos do Papa, que então autorizou a sua publicação.
O documento é divido em três partes, 12 capítulos, 167 parágrafos e 60 páginas. O documento tem como fio condutor a passagem do Evangelho de Lucas sobre os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). O texto de Lucas se refere a duas pessoas que, no dia da Ressurreição do Senhor Jesus, saem decepcionados, por causa do que ocorreu em Jerusalém, em direção a Emaús, uma cidadezinha, distante cerca de 12 km. Por isso, as três partes do documento “Caminhava as com eles”, “Eles abriram os olhos” e “Partiram sem demora” são os títulos de cada uma das três partes do texto.
Para o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, que foi o relator geral do Sínodo, o texto é “o resultado de um verdadeiro trabalho de equipe” dos padres sinodais, juntamente com os outros participantes no Sínodo e “em modo particular os jovens”.
Em primeiro lugar, o Documento Final do Sínodo olha para o contexto em que vivem os jovens, destacando os pontos de força e desafios. Na primeira parte, “Caminhava com eles”, tudo parte de uma escuta empática que, com humildade, paciência e disponibilidade, permite de dialogar realmente com os jovens, evitando “respostas pré-concebidas e receitas prontas”. Os jovens, de fato, querem ser “ouvidos, reconhecidos, acompanhados” e querem que sua voz seja “considerada interessante e útil no campo social e eclesial.
A segunda parte, “Eles abriram os olhos”, reforça o papel renovador da juventude na Igreja, “portadora de uma santa inquietude”. Acolhimento, respeito e acompanhamento ao dinamismo dos jovens são indicações deste trecho, que aborda o dom da juventude, o mistério da vocação, a missão do acompanhamento e a arte de discernir.
Por fim, em seu último título, “Partiram sem demora”, são pontuados a sinodalidade missionária da Igreja, o caminhar juntos no cotidiano, o renovado ímpeto missionário e a formação integral. É, desta parte do texto, que sai o convite às Conferências Episcopais e às Igrejas Particulares para prosseguir no processo de discernimento com o objetivo de elaborar soluções pastorais específicas à realidade juvenil.
Foi bastante influente a presença dos nossos representantes brasileiros. Dom Vilson Basso scj, dehoniano, bispo de Imperatriz, no Maranhão, responsável pela Pastoral Juvenil da CNBB, conseguiu, por moção própria, assinada por cardeais e bispos, incluir no último momento, no Documento final, a inserção da prioridade: a opção preferencial pelos jovens, como já propunha o Documento de Medellin.